“Não aceito patrulhamento ideológico”, diz secretária de Educação de Ponta Grossa, Esméria Savelli (foto: Mareli Martins)

Em entrevista à Rádio T e ao Blog da Mareli Martins nesta quarta-feira (11), a secretária de Educação de Ponta Grossa, Esméria de Lurdes Savelli, falou sobre a polêmica criada na cidade no último sábado (7), durante o desfile em comemoração ao Dia da Independência do Brasil. (Ouça a entrevista completa ao final do texto)

Na ocasião, a secretária desfilou com roupas de cores pretas e com a frase do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na camiseta: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Para alguns vereadores e “bolsonaristas”a atitude foi vista como um protesto, pelo fato do presidente criticar Paulo Freire.

A secretária defendeu o legado de Paulo Freire e disse que jamais vai aceitar patrulhamento ideológico. “Eu uso terninho preto, e uso preto e vermelho. Mas achei que só o preto ficaria melhor. Eu acho o preto muito elegante. Na realidade a intenção inicial não era essa que se criou. Nós estamos vivendo o congresso de educação e que trata de leitura. E leitura não é só leitura da palavra e sim dos símbolos e significados. As pessoas que entenderam isso criaram um conceito sobre isso e um significado do que eu manisfestei”, afirmou.

“Estou completando cinquenta anos como professora, sou doutora em Educação e vou fazer setenta anos de idade, então eu não vou aceitar patrulhamento ideológico. Eu uso a roupa que eu quero e coloco no peito a frase que eu quero”, disse.

Secretária defende legado de Paulo Freire

Esméria Savelli destacou que Paulo Freire é o homenageado no Congresso da Educação deste ano. ” Eu comprei a camiseta em um congresso que eu estive sobre Paulo Freire e o que está escrito é o que eu acredito, aquilo está na minha alma. Eu acredito que a escola não muda o mundo, ela muda as pessoas e as pessoas mudam o mudo, isso está na minha alma. Tem que acabar com essa polêmica e com esse julgamento sobre o Paulo Freire. Ele nunca foi agressivo, o que pauta a educação ‘freiriana’ é afetividade, o amor ao próximo, que temos que dar oportunidade para todos para construir um país mais justo”, destacou a secretária.

“Esse menino precisa estudar”, diz a secretária sobre o vereador Ricardo Zampieri

Esméria Savelli foi questionada sobre a a moção de repúdio protocolada na Câmara dos Vereadores pelo vereador Ricardo Zampieri (PSL). O vereador está pedindo também um posicionamento do prefeito Marcelo Rangel (PSDB) em relação ao comportamento da secretária durante o desfile.

Esméria disse que o vereador em questão precisa buscar conhecimento por meio dos estudos. “Esse menino precisa estudar e a população precisa escolher melhor os seus representantes. A população precisa colocar pessoas com mais condição de leitura do mundo”.

Esméria não esconde o descontentamento com a gestão de Bolsonaro

A secretária Esméria Savelli disse que sua intenção não foi protestar contra Bolsonaro, mas deixou claro que não concorda com muitas atitudes do presidente. “Eu não fiz nenhuma agressão ao presidente ainda que eu não concorde com tudo que está aí, acho que foi um grande retrocesso. Não estou aqui para seguir o que o presidente fala, pois ele está de passagem e se Deus quiser essa passagem vai ser curta. Estou aqui para formar gerações dentro da cidade, que vão lembrar da educação que estamos fazendo”.

Segundo a secretária se ela fosse fazer protestos faria de outra forma. “Se eu quisesse fazer protesto, eu faria outro protesto, eu queria saber quem matou a moça do Rio de Janeiro (se referindo ao caso do assassinato da vereadora Marielle Franco) e colocaria uma camiseta com a escrita Lula Livre, mas eu não fiz isso. O que eu coloquei foi a frase do meu educador, Paulo Freire, educador que eu sigo como professora”, finalizou.

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