“Unidades poderão ficar sem atendimento médico, mas não vão fechar”, diz o secretário adjunto de Saúde de Ponta Grossa
Em entrevista à Rádio T e ao Blog da Mareli Martins nesta sexta-feira (16), o secretário adjunto de Saúde da Prefeitura de Ponta Grossa, Robson Xavier, falou sobre o impacto no atendimento à população, por conta do encerramento do programa Mais Médicos.
Ponta Grossa foi uma das cidades que mais recebeu médicos cubanos. Dos 80 profissionais que atendem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), 60 são cubanos. (Ouça a entrevista completa ao final do texto)
Robson Xavier disse que a prefeitura não esperava por essa saída dos médicos cubanos e reconheceu a dificuldade na contratação de profissionais para suprir a demanda. “Em 2014 foi realizado um concurso público e somente 11 efetivamente assumiram e nós já tínhamos um número grande de vagas ociosas. Essas vagas foram preenchidas pelos médicos cubanos. Em 2018 outro concurso ocorreu, mas dos 37 que passaram, apenas 25 estão aptos para assumir a vaga por que já concluíram o curso de medicina. Mas nós temos que avaliar o nosso orçamento, pois teremos que fazer adequações. Estamos trabalhando para minimizar o impactos da saída dos médicos cubanos”, declarou.
O secretário adjunto explicou como funciona a remuneração dos médicos cubanos. “A prefeitura repassa por mês aos médicos o valor de dois mil e quinhentos reais. O pagamento da bolsa ao médicos por meio da Organização Pan Americana da Saúde, que teve o valor reajustado recentemente, passa de onze mil reais. Desse valor, de quatro a cinco mil reais fica para os médicos, chegando a sete mil reais”, afirmou.
“Unidades de saúde poderão ficar sem atendimento médico, mas não vão fechar”, diz o secretário adjunto
De acordo com Robson Xavier, os médicos cubanos vão começar a deixar a cidade a partir do dia 25 de novembro, conforme determinação do governo de Cuba. E todos os profissionais vão deixar o município até o dia 25 de dezembro de 2018.
Por conta dessa situação a prefeitura estuda as possibilidades de contrações de médicos e realocação de outros profissionais. Mas Robson Xavier admitiu que UBS poderão ficar sem o atendimento de médicos, mas vão continuar contando com a presença de enfermeiros e outros profissionais.
“Uma coisa é certa nós não teremos médicos em todas as unidades durante todo o tempo, como nós temos hoje”, afirmou Robson Xavier.
Mas o secretário adjunto garantiu que nenhuma unidade de saúde será fechada. “Nós vamos fechar nenhuma unidade de saúde, pois nós queremos romper com o modelo muitas vezes centrados no médico. Temos enfermeiros, técnicos em enfermagem que vão continuar atendendo, pois existem outros serviços ofertados nas UBS e que vão continuar ocorrendo”.
Ouça a entrevista completa!
https://soundcloud.com/marelimartins/1611-robson-xavier-secretario-adjunto-de-saude-de-ponta-grossa
Prefeito de Ponta Grossa trata como “situação extremamente grave” a saída dos médicos cubanos
No caso de Ponta Grossa, o prefeito Marcelo Rangel demonstrou extrema preocupação com a saída dos médicos. “A situação vai ficar muito complicada. Teremos muitas filas. Faremos um remanejamento na medida do possível, mas não há profissionais suficientes para substituir. É um problema extremamente grave especialmente para a cidade de Ponta Grossa que tem um dos maiores números de médicos intercambistas por habitante no país”, disse Rangel.
Segundo a prefeitura, inicialmente, será feito um remanejamento de médicos de carreira dos hospitais para as unidades de saúde. E existe um trabalho junto ao sistema jurídico do município para que algumas contratações possam ser feitas de maneira emergencial.
