Bolsonaro propõe salário mínimo de R$ 1.067 para 2021, sem ganho real: valor representa apenas R$ 22 no salário atual


O governo Bolsonaro propôs um salário mínimo de R$ 1.067 a partir de janeiro de 2021, com pagamento a partir de fevereiro. O valor consta do projeto da lei orçamentária do ano que vem encaminhado ao Congresso Nacional nesta segunda-feira (31) pelo Ministério da Economia.
O valor proposto pelo governo — que depende de aprovação do Congresso — representa um aumento de R$ 22 em relação ao salário mínimo atual, de R$ 1.045. Também equivale a uma redução de R$ 12 na comparação com os R$ 1.079 proposto em abril de 2020 para o salário de 2021.
A proposta não agradou a população brasileira que depende do salário mínimo para manter despesas básicas, principalmente, neste momento, em que dispararam os preços dos produtos básicos, como alimentos considerados essenciais à população (feijão, arroz, leite).
Também segue aumentando o preço do gás de cozinha, dos medicamentos e outros produtos. Parte dessa disparada nos preços é reflexo da alta nos valores cobrados pela gasolina, que segue com preços elevados. Fora outras despesas como água e luz. Realmente fica difícil pagar as despesas com um salário que não acompanha as necessidades reais da população.
Vale destacar que em virtude da pandemia do coronavírus, muito trabalhadores perderam o emprego ou tiveram redução no salário.
O QUE DIZ O GOVERNO
A explicação do Governo para essa queda tem a ver com o fato de o governo prever um aumento somente com base na inflação de 2020.
Como a previsão para a inflação deste ano recuou, o salário mínimo também terá um reajuste menor. Em abril, o governo previa que o INPC teria uma alta de 3,27% em 2020, valor que caiu para 2,09% em julho.
A Constituição determina que o salário mínimo tem de ser corrigido, ao menos, pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior. O valor para o salário mínimo de 2021 pode sofrer nova alteração, com base no comportamento da inflação.
SEM GANHO REAL
Na proposta de orçamento enviada ao Congresso nesta segunda-feira, está prevista a correção do salário mínimo apenas pela inflação, com base na estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Isso quer dizer que não haverá “ganho real”, ou seja, acima da inflação. Mas o poder de compra de quem recebe salário mínimo permanecerá preservado.
Esse formato já foi adotado neste ano, quando a área econômica concedeu reajuste somente com base na inflação de 2019.
Com isso, o governo mudou a política de aumentos reais (acima da inflação) que vinha sendo implementada nos anos anteriores, proposta pela presidente Dilma Rousseff e aprovada pelo Congresso.
Essa política, de reajustes pela inflação e variação do Produto Interno Bruto (PIB), vigorou de 2011 a 2019, mas nem sempre o salário mínimo subiu acima da inflação.
Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste somente com base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016) teve retração. Por isso, para cumprir a fórmula proposta, somente a inflação serviu de base para o aumento.