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Mesmo com corrupção confirmada, preço do pedágio sobe 40% no Paraná: população cobra atitude do governo

Mesmo com corrupção confirmada, preço do pedágio sobe 40% no Paraná: população cobra atitude do governo
  • Publishedoutubro 14, 2020
No próximo ano, encerram os contratos de pedágio no Paraná. E Ratinho Jr (PSD) e o secretário de Infraestrutura, Sandro Alex (PSD), terão a missão de fazer uma licitação digna para os paranaenses(Foto: AEN)

A população do Paraná começou a pagar nesta quarta-feira (14) as tarifas de pedágio da RodoNorte com 40% de aumento. Além de aplicar os 30% referente ao fim do período de redução das tarifas mediante acordo de leniência firmado com Ministério Público Federal (MPF), a concessionária RodoNorte também aplicou o reajuste anual referente ao ano de 2019.

O Governo do Paraná nem mesmo foi capaz de questionar este reajuste anual aplicado pela RodoNorte, que no ano de 2019 foi de 2,92%. A empresa embutiu o valor junto com os 30% da suposta redução tarifária.

Com isso, os valores das tarifas de pedágio tiveram um aumento de 40%. Valores que começaram a valer nesta quarta-feira (14), nas sete praças de pedágio da concessionária RodoNorte  BR-277, BR-376 e PR-151). E vale lembrar que em dezembro de 2020 acontecerá o novo reajuste anual. Na última semana de setembro as empresas que pertencem ao Grupo CR Almeida também reajustaram os preços.

No próximo ano, encerram os contratos de pedágio no Paraná. E Ratinho Jr (PSD) e o secretário de Infraestrutura, Sandro Alex (PSD), terão a missão de fazer uma licitação digna para os paranaenses. Não é apenas a redução das tarifas que deve ser levada em conta, mas também as obras no Paraná. Mas Ratinho Jr poderia começar a fazer um trabalho honesto impedindo a participação das concessionárias corruptas no processo licitatório. Mas nos bastidores tudo indica que elas vão participar da licitação e terão grandes chances de continuar roubando o Paraná.

As novas concessões de pedágio nas rodovias paranaenses que serão licitadas no ano de 2021 devem ter um modelo híbrido, que leva em conta tanto a menor tarifa quanto o valor da outorga a ser paga pelas empresas. Ou seja, mesmo modelo da concessão anterior. Essa informação foi repassada pelo Secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, em reunião por videoconferência com a bancada federal do Estado e o governador Ratinho Júnior (PSD), no dia 20 de julho de 2020.

Apesar do secretário falar em “transparência” e “mudanças”, nos bastidores a preocupação é exatamente de que as atuais empresas corruptas sejam beneficiadas e continuem com concessões no Paraná.

No começo de 2020, em entrevista ao Blog da Mareli Martins o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD),foi questionado sobre a possibilidades das pedageiras corruptas continuarem com concessões no Paraná. E a resposta foi preocupante para os paranaenses.

“Quem determina isso é a Justiça Federal. Mas eu acho que se eles estiverem dentro da lei e tiveram pago aquilo que eles deviam, eu não vejo problema”, afirmou o governador. 

O acordo de leniência

O acordo de leniência foi feito no âmbito da operação da Operação Lava Jato, que descobriu um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com a participação de empresas, políticos, agentes públicos e órgãos como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR).

As seis concessionárias de pedágio do Paraná estão envolvidas no esquema de corrupção que começou em 1.997. Todas as empresas confessaram que roubaram os paranaenses.

Das seis concessionárias que atuam no Paraná, três pertencem ao Grupo CR Almeida: Ecocataratas, Caminhos do Mar e Ecovia, as outras são Viapar, Rodonorte, Econorte.

O acordo de leniência foi firmado apenas para que as concessionárias que roubaram os paranaenses possam participar da nova licitação em 2021, pois receberam o perdão judicial.

Com início em 27 de abril de 2019, o acordo estabeleceu que a redução tarifária duraria até que fosse alcançado o valor de R$ 350 milhões. E algo impressionante é que até a fiscalização deste valor ficou por conta das próprias concessionárias que roubaram o povo.

Ou seja, as pedageiras roubaram, confessaram o crime, devolveram uma merreca perto da roubalheira e ainda tiveram o direito de dizer quando foi supostamente atingindo o tal R$ 350 milhões de desconto no valor do pedágio. E vão participar da nova licitação! E podem continuar atuando no Paraná! Isso é uma afronta aos paranaenses!

Mas os impactos da corrupção dos pedágios no Paraná vão muito além das tarifas. Quantas obras não foram feitas pelas concessionárias? Obras que estavam previstas em contratos. Quantas pessoas morreram em rodovias do Paraná por conta da má condição das estradas? Quantos acidentes poderiam ter sido evitados se as rodovias fossem duplicadas?

Diante de tudo isso, é justo que estas concessionárias que roubaram o Paraná participem novamente da licitação? E o pior, é justo que elas continuem com concessões no Estado?

Nota da RodoNorte sobre o aumento de 30% nos valores das tarifas:

A RodoNorte informa que poderá concluir no dia 13/10/2020 a obrigação acordada com o Ministério Público Federal do Paraná relativa ao pagamento parcial de 30% (trinta por cento) da tarifa de pedágio em favor dos usuários nas praças de pedágio em todo o trecho sob sua administração. Iniciado em 27 de abril de 2019, o acordo estabelece que a redução tarifária perdurará até que seja alcançado o valor de R$ 350 milhões. Com o cumprimento dessa obrigação, a tarifa deverá retornar ao valor original à zero hora do dia 14/10/2020. A concessionária segue cumprindo todas as demais obrigações previstas no acordo assinado com o MPF.

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marelimartins

Mareli Martins é jornalista por formação e possui nove anos de atuação na área. Registro profissional: 9216/PR Objetivo do blog: Transmitir credibilidade aos leitores. O blog não possui parceria com nenhum grupo político. A intenção é disponibilizar um canal diferenciado, independente, sem amarrações políticas, com o compromisso de relatar a notícia com responsabilidade e profissionalismo.

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