Close
eleições 2020

Professor Edson lamenta discurso de Mabel, mas pede que eleitores do PT votem com racionalidade

Professor Edson lamenta discurso de Mabel, mas pede que eleitores do PT votem com racionalidade
  • Publishednovembro 20, 2020
Não estou aqui a reafirmar a indicação de voto já rechaçada, mas a pedir aos companheiros que, apesar da complexidade da situação não abandonem o uso da razão e um minucioso balanço de prós e contras na tomada da sua decisão.”, disse Edson Armando (PT). (Foto: Divulgação)

O professor Edson Armando Silva (PT), que concorreu à prefeitura de Ponta Grossa, lamentou o discurso da candidata Mabel Canto (PSC), que rejeitou o apoio dos eleitores do Partido dos Trabalhadores (PT), por meio de um vídeo publicado em suas redes sociais. Em seu texto, Edson destacou que o PT indicou o voto para Mabel Canto de forma espontânea, sem esperar nada em troca. E deixou claro que não houve nenhum acordo entre o partido e a candidata.

Apesar do posicionamento de Mabel Canto, Edson pediu racionalidade aos eleitores do PT. “Não estou aqui a reafirmar a indicação de voto já rechaçada, mas a pedir aos companheiros que, apesar da complexidade da situação não abandonem o uso da razão e um minucioso balanço de prós e contras na tomada da sua decisão. A negação da racionalidade política em favor de uma decisão emocional só pode nos deixar mais próximos da barbárie”, afirmou o professor.

Leia na íntegra o texto escrito por Edson Armando Silva

Uma reflexão sobre as reações à posição política do Partido dos Trabalhadores

Professor Edson Armando Silva

Em primeiro lugar é necessário destacar que a nota de posição política do Partido dos Trabalhadores (PT) se dirigiu aos filiados e simpatizantes do partido, fez uma análise da conjuntura e indicou o voto na Mabel, entretanto não apontou para a existência de qualquer compromisso ou esperança de reciprocidade política, pelo contrário, se coloca na posição de quem, mesmo tendo depositado a esperança em um caminho que parecia ser de maior diálogo, se coloca a uma distância que permite a crítica e a oposição.

Neste momento político os eleitores em disputa são principalmente os eleitores de direita que votaram no Pauliki no primeiro turno. Vem daí o posicionamento da candidata. Mas o medo e a emoção do discurso, tratando o Partido dos Trabalhadores como uma doença contagiosa, ofende o uso público da razão e revela que este episódio é só a ponta de um iceberg muito mais profundo e complicado.

Em primeiro lugar, os dados da realidade, vistos friamente, mostram que o PT está longe de ser o partido com mais casos de corrupção. Além disso, jogar no colo do partido as crises econômicas e sociais que castigam o país cinco anos depois que ele saiu da presidência não passa de um discurso eleitoreiro. É necessário insistir na distinção entre a Instituição “Partido dos Trabalhadores” (que representa uma visão de sociedade baseada da solidariedade) e atitudes de alguns de seus líderes. A corrupção é uma ação de pessoas, não de instituições.

O Partido dos Trabalhadores está sendo linchado não por sua visão de sociedade e por sua história, mas por uma orquestração contínua de setores da mídia, do judiciário e da política, interessados em um bode expiatório que os mantenha a salvo das críticas e do acerto de contas sobre seus próprios erros e ilegalidades. Essa é uma estratégia muito comum e, infelizmente, muito antiga. Já foi usada pelos poderosos da Roma Antiga contra os cristãos (acusados de antropofagia porque “comiam o corpo e o sangue de Cristo), pelos nazistas contra os judeus, pelos donos do poder político contra os comunistas no Brasil da ditadura.

O antipetismo é uma mistura de ignorância e intolerância, ou de má fé e oportunismo político. Apostar nessa estratégia é apostar contra a democracia, pois ela funciona impedindo a escuta, o argumento, o respeito aos dados da realidade, o diálogo, enfim, a razão. E a enchente da ignorância carrega pra longe boas ideias e alternativas, e quem perde é a coletividade.

Finalmente é necessário ter claro: quando a ignorância e a intolerância por um lado se encontram com a omissão por falta de coragem ou interesses de outro, nos colocam à beira da barbárie.

Não se enganem os que prezam a democracia: o fogo que hoje arde contra o Partido dos Trabalhadores rapidamente se estenderá contra todos os que defendem os direitos humanos, a distribuição de renda e a preservação ambiental. Já há quem delire dizendo que até o papa é comunista. Num ambiente de completa irracionalidade não há mais possibilidade de argumentar, só vale a força, e pela violência justamente os mais oportunistas e corruptos voltam ao poder, porque eles já não têm necessidade de apresentar nenhum projeto de sociedade, apenas alimentar as chamas da desconfiança.

Numa atitude emocional e apolítica seria fácil decidir. Se a candidata não quer o nosso apoio, simplesmente votamos na outra. O triste é perceber que essa irracionalidade está presente nos dois lados hoje em disputa.

Na nota que provocou toda essa discussão, o Partido dos Trabalhadores tentou trazer alguma racionalidade política na decisão de seus filiados e trouxe argumentos que continuam válidos. Entretanto é difícil fazer ver o caminho no meio a uma tempestade e preservar a racionalidade em meio a arroubos emocionais semelhantes a birras infantis.

Estamos entre a omissão através do voto nulo ou branco e duas alternativas também contaminadas pela irracionalidade da extrema direita, mas com diferentes graus de possibilidade de construção futura. Serenidade e o uso público da razão continuam sendo a única saída. Movimentos políticos orientados pela mágoa ou pelo medo costumam dar resultados ainda piores, como vimos no caso das últimas eleições presidenciais. Não estou aqui a reafirmar a indicação de voto já rechaçada, mas a pedir aos companheiros que, apesar da complexidade da situação não abandonem o uso da razão e um minucioso balanço de prós e contras na tomada da sua decisão. A negação da racionalidade política em favor de uma decisão emocional só pode nos deixar mais próximos da barbárie.

Written By
marelimartins

Mareli Martins é jornalista por formação e possui nove anos de atuação na área. Registro profissional: 9216/PR Objetivo do blog: Transmitir credibilidade aos leitores. O blog não possui parceria com nenhum grupo político. A intenção é disponibilizar um canal diferenciado, independente, sem amarrações políticas, com o compromisso de relatar a notícia com responsabilidade e profissionalismo.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *