Mourão diz que não vai passar faixa para Lula: ‘Não sou presidente’


O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) disse que não vai entregar a faixa presidencial ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) se recuse a fazê-lo. A declaração ocorreu nesta quarta-feira (16).
Nos bastidores da política, havia o rumor de que o presidente Bolsonaro não aceitaria passar a faixa presidencial para Lula, e por isso, pediria renúncia, fazendo então, Mourão presidente.
“Eu não sou o presidente. Eu não posso botar aquela faixa, retirar e entregar. Então, se é para dobrar, bonitinho, e entregar para o Lula, pô, qualquer um pode ir ali e entregar”, disse em entrevista ao Valor Econômico.
Para Mourão, caso Bolsonaro aceite entregar a faixa para Lula isso seria um “grande gesto”.
Em seguida, o vice do presidente citou Churchill. “Tem um aforismo dele que diz que, na guerra, você tem de ter determinação, na vitória tem que ser magnânimo e na derrota, tem que ser altivo e desafiador. Acho que seria um gesto de altivez e de desafio: ‘Toma aí, te vira agora aí, meu irmão. Te vejo em 2026’”, concluiu.
Por onde anda Bolsonaro?
Aliados dizem que Bolsonaro está abatido e assimilando a derrota
Recluso desde que perdeu as eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda está em tratamento de uma ferida na perna, mas deve retomar a agenda pública em breve, de acordo com assessores e ministros ouvidos pela coluna. Já são 14 dias sem aparições públicas, sem lives ou conversas com apoiadores. Postura bem diferente daquela que Bolsonaro adotou na Presidência e, principalmente, na campanha à reeleição.
Desde o início do mês, Bolsonaro evitou visitas e recusou diversos telefonemas de aliados. Nos últimos dias, no entanto, recebeu alguns ministros e assessores próximos. Segundo relatos de quem esteve com o presidente, Bolsonaro está “abatido” e “ainda assimilando a derrota”.
Um ministro afirmou que o presidente tem repetido de forma já resiliente que se sente “injustiçado” e que considera que jogou contra um sistema que queria derrotá-lo. Apesar disso, de acordo com o relato desse auxiliar, Bolsonaro não parece ter a intenção de embarcar em nenhum tipo de contestação do resultado da eleição.
Outro ministro que também esteve algumas vezes no Palácio da Alvorada com Bolsonaro disse à reportagem que ele estava sempre “muito forte, apesar da tristeza natural”.
Aos poucos, segundo os auxiliares, Bolsonaro tem retomado alguns despachos mais burocráticos e voltado a falar do fim do seu mandato. Apesar disso, nas palavras de um ministro, “agora não há muito o que ser feito”.
Problemas de saúde
O presidente ainda trata uma ferida na canela resultado da erisipela, uma doença infecciosa que dá febre e produz placas vermelhas e doloridas no corpo. Bolsonaro começou a sentir os primeiros sintomas logo após o resultado das urnas, no dia 30 de outubro.
Primeiro teve febres e depois começou a sentir dores nas pernas, até que se suspeitou da erisipela.
O diagnóstico de erisipela foi confirmado por assessores próximos do presidente que, no entanto, não revelam os médicos responsáveis por acompanhar o tratamento.
(Com informações do Jornal Correio Braziliense e Jornal Valor Econômico)