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População de PG aponta saúde e transporte como principais demandas da próxima gestão

População de PG aponta saúde e transporte  como principais demandas da próxima gestão
  • Publishedoutubro 23, 2024
População de Ponta Grossa espera melhorias nas áreas da saúde e do transporte na próxima gestão. (Foto: João Vitor Pizani)

Faltando cinco dias para o segundo turno das eleições municipais de 2024, o Blog da Mareli Martins foi às ruas de Ponta Grossa para ouvir a opinião da população sobre as expectativas para a próxima gestão.  

Os entrevistados revelaram as prioridades na hora de decidir o voto, o que esperam da próxima gestão, suas percepções sobre as candidaturas e apontaram os principais problemas da cidade. 

A saúde e o transporte público aparecem como áreas prioritárias, e a expectativa é de que a próxima gestão, independente de quem vencer, se comprometa a atender essas demandas e cumprir as promessas feitas durante a campanha.

O segundo turno das eleições será disputado no dia 27 de outubro entre a prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil), candidata à reeleição, e a deputada estadual Mabel Canto (PSDB). 

Saúde

A saúde pública foi unanimemente apontada pelos entrevistados como um dos maiores desafios que a próxima gestão terá que enfrentar. Moradores relataram insatisfação com os serviços de saúde, citando longas esperas e a falta de médicos nas unidades básicas.

Vale destacar que os problemas da saúde em Ponta Grossa não são de responsabilidade apenas da atual gestão porque ocorrem há muitos anos, diversas gestões passaram pela Prefeitura e não houve solução. Além disso, a situação foi agravada pelo baixo investimento dos governos estaduais e federais.

O Blog da Mareli Martins apurou que apenas para conseguir uma consulta em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), alguns pacientes aguardam entre três e seis meses. Além disso, a Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do Santa Paula e a UPA Santana não conseguem atender toda a demanda e “suspendem atendimento” por diversas vezes.

Para conseguir vaga em Hospital (alta complexidade) as filas na Central de Regulação do Estado são demoradas, o que pode custar a vida do paciente. Isso sem falar na longa espera por consultas com especialistas e cirurgias eletivas.

Jair Borba Carneiro, aposentado de 81 anos, destacou a importância de uma gestão que priorize a saúde. “Espero que possa resolver duas coisas: saúde e essa bandidagem que está aí. Vê se dá uma melhorada, porque tem muitas mortes muitas brigas, muita droga. E saúde para o povo, é o que interessa. O resto a gente ganha trabalhando”, disse.

Daiane Silva, panfletista de 36 anos e moradora do bairro Buenos Aires, compartilha sua preocupação com a falta de acesso à saúde e a dificuldade em obter medicação necessária. Ela conta que sofre de depressão e ansiedade e, ao procurar o posto de saúde durante uma crise, não conseguiu atendimento médico adequado. “Ontem mesmo tive uma crise e fui no posto de saúde, mas eles só mediram a pressão e não me passaram para o médico. Falaram que só tinha um médico”, relatou. 

Daiane conta que tentou marcar consulta com psiquiatra, mas a data mais próxima que conseguiu agendar foi para o mês de fevereiro de 2025. “Se eu não conseguir o remédio, posso acabar tendo que ir ao hospital, mas não sei se serei atendida, já que não tem médicos disponíveis”, desabafa. 

Josiane Dias, outra panfletista de 33 anos, também relatou sua experiência recente. “Fiquei no hospital das 11 da manhã até as 9 da noite. Resolveram o problema, mas foi muito demorado”, desabafou. Para ela, os problemas na saúde pública ocorrem há vários anos e permanecem sem solução. “A saúde está muito ruim, precisa melhorar”, afirmou.

Transporte público

O transporte público foi um tema citado pela maioria dos entrevistados. A baixa frequência dos ônibus e a ausência de linhas em dias de feriado e domingo foram apontadas como os principais problemas enfrentados pelos usuários.

A insatisfação da população com o serviço prestado pela VCG (Viação Campos Gerais), concessionária do do transporte público em Ponta Grossa, não é recente. O contrato da Prefeitura com a VCG venceu no dia 13 de junho de 2023, mas até o momento não foi realizada nova licitação e o contrato acabou sendo prorrogado por dois anos. 

A prefeita Elizabeth Schmidt, em entrevista ao Blog da Mareli Martins, afirmou que espera que o processo de licitação para o transporte coletivo, atualmente paralisado na Justiça, possa ser retomado após as eleições. A prefeita destacou que a nova concorrência incluirá dois lotes, o que permitirá a entrada de mais empresas além da VCG. 

Sirlei de Andrade, servidora pública da limpeza urbana e moradora da Vila Vilela, descreveu sua frustração com o transporte público em Ponta Grossa. “Feriado e domingo não tem ônibus onde eu moro. Dia de semana, se você perde o ônibus, tem que esperar uma hora no terminal”, disse. Para ela, a situação do transporte público precisa de uma intervenção urgente.

Josiane Dias, panfletista, moradora do bairro Guaragi, também criticou a qualidade do transporte público. “Leva muito tempo para o ônibus chegar. Pra vir pro centro, demoro uma hora ou mais.” Josiane afirmou que, apesar de aumentarem a frota, ela não percebe melhorias concretas no serviço.

Zilma Ribeiro, diarista de 60 anos e moradora do bairro Boa Vista, também comentou sobre a precariedade do sistema de transporte. “Toda vida é assim. Não muda nada”, afirmou, revelando sua descrença na melhoria do serviço. Ela acrescentou que, em sua rua, a pavimentação ainda não foi concluída. “Desde que eu ganhei o terreno da ProLar, eu pago o IPTU e a minha rua nunca foi asfaltada”, comentou.

Disputa entre duas mulheres é destaque para a população

A maioria dos entrevistados considera positivo o fato de duas mulheres estarem disputando o segundo turno das eleições em Ponta Grossa pela segunda vez consecutiva.

Marcelo Machado, comerciante de 29 anos, elogiou essa representatividade feminina. “Eu acho isso muito bacana. Tenho uma filha menina e eu crio ela com essa ideia de que ela pode fazer o que ela quiser”, afirmou.

Ele comentou que a participação de mulheres em diferentes áreas da sociedade é essencial para combater o machismo ainda presente. “Infelizmente, a gente vive numa sociedade machista. E não tem como escapar disso. A mulher ainda é muito segregada. A gente tenta maquiar essa situação, mas no fundo a gente sabe que é assim”, refletiu.

Marcelo também mencionou que muitas pessoas veem o papel da mulher como central na administração do lar, o que, em sua visão, pode ser aplicado à política. “Se for seguir o tradicionalismo aqui do nosso país, uma mulher sabe comandar uma casa, então sabe administrar. E nada melhor que uma mulher para administrar nossa cidade”, afirmou.

Zilma Ribeiro também compartilha uma visão positiva sobre a presença de mulheres na política. “Eu acho muito importante, porque a mulher é mais atenciosa com o povo do que os homens”, destacou.

Josiane Dias também vê a participação feminina com bons olhos. “Mulher governando pode ser legal. Vamos ver se são melhores que os homens”, afirmou.

População desconfia das promessas de campanha

Jair Borba Carneiro foi direto ao comentar sobre as promessas eleitorais. “Na hora da campanha, eles dizem que vão fazer mil coisas. Depois muda tudo. Tomara que façam metade do que estão prometendo, já basta”, disse.

Sirlei de Andrade compartilha do mesmo sentimento. “Elas prometem, prometem e não fazem nada”, desabafou. Para ela, a próxima gestão precisa focar em resolver os problemas da saúde e do transporte público. “Melhorando a saúde já tá bom”, afirmou.

Arlei Junior, entregador de 35 anos, resumiu a frustração com a promessa eleitoral e a realidade do transporte público: “Agora, perto da eleição, todo mundo aparece para fazer asfalto e prometer ônibus, mas depois somem de novo”, reclama.

População se informa principalmente pela internet

A maioria dos entrevistados revelou que acompanha as eleições pelas redes sociais, com pouca atenção às propagandas tradicionais.

Marcelo Machado, comerciante, afirmou que acompanha “pela internet e pela rua, pelo boca a boca”, enquanto Sirlei de Andrade, servidora pública, disse que assiste “só pela televisão” e raramente sintoniza no rádio. Josiane Dias, panfletista, relatou que usa mais o celular, mas também acompanha pelo rádio.

Já Zilma Ribeiro, diarista, criticou a falta de debates na TV. “Não tem debate na televisão, não tem nem como acompanhar”, reclamou.

Esta matéria foi realizada com a colaboração do estagiário (estudante de jornalismo) João Vitor Pizani. A supervisão é da jornalista Mareli Martins (Registro Profissional: 9216/PR), conforme convênio de estágio firmado com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

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