IPCA: alimentos subiram 7,69% e puxaram alta da inflação em 2024


A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou para 0,52% dezembro, após alta de 0,39% em novembro. Com isso, fechou 2024 com alta de 4,83%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), resultado acima do teto da meta da inflação para o ano. A meta era de 3%, com tolerância até 4,5%. A alta de 4,83% do IPCA em 2024 também ficou acima da taxa de 2023 (4,62%).
O grupo de alimentação e bebidas, que é o de maior peso no cálculo do IPCA, foi o que teve a maior alta entre os componentes do índice em 2024. No acumulado do ano, a inflação desses itens foi de 7,69%, contra apenas 1,03% em 2023. Em dezembro, teve seu quarto aumento consecutivo (1,18%).

No último mês de 2024, a alimentação no domicílio subiu 1,17%, influenciada pelas altas das carnes (5,26%), com destaque para costela (6,15%), alcatra (5,74%) e contrafilé (5,49%), além do óleo de soja (5,12%) e do café moído (4,99%). Já as quedas em destaque foram limão (-29,82%), batata-inglesa (-18,69%) e leite longa vida (-2,53%).
A alimentação fora do domicílio (1,19%) acelerou ante o mês anterior (0,88%), com a refeição (1,42%) sendo o subitem com a maior contribuição individual (0,05 p.p.), seguido do lanche com 0,96% de variação e 0,02 p.p. de contribuição.
O grupo de alimentação e bebidas respondeu por um terço (33,7%) da alta do IPCA em 2024, segundo o IBGE, com um impacto de 1,63 ponto percentual da taxa de 4,83% do IPCA no ano.
O cenário dos preços de alimentação e bebidas em 2024 marcou forte diferença ao observado em 2023. Naquele ano, os preços subiram 1,03%, para um IPCA de 4,62%. A alta de 7,69% é a mais alta para alimentação e bebidas desde 2022, quando foi de 11,64%.
“Alimentação foi o grupo de maior impacto na inflação no ano”, reforça o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves.
Ao comentar o resultado do IPCA, o analista do IBGE André Almeida destacou a influência de fatores climáticos diversos para a aceleração dos preços de alimentos. “Foi um ano em que fatores climáticos diversos influenciaram nos preços de alimentos. Teve o El Niño no início do ano, a tragédia climática no Rio Grande do Sul, estiagem e seca em vários locais”, afirmou.
Carnes
Após queda de 9,37% em 2023, os preços de carnes subiram 20,84% em 2024, segundo o IPCA. O item carnes respondeu por 0,52 ponto percentual da taxa de 4,83% de alta do IPCA em 2024, ou 10,76% do índice geral. Foi o item com maior influência no resultado do IPCA. O aumento de 20,84% das carnes foi o mais intenso desde 2019, quando foi de 32,40%.
Analista do IBGE, André Almeida aponta a influência do menor volume de animais para abate, que reduz a oferta de carne no mercado e pressiona o preço para cima. A estiagem também contribui para a menor oferta de carne no mercado, por afetar o gado.
“As carnes foram o principal item que contribuiu para a alta do IPCA como um todo. Foi também, claro, a maior influência para a alimentação”, diz.
Apenas nos quatro últimos meses de 2024 – de setembro a dezembro – o preço da carne subiu 23,88%.
Descumprimento da meta
O descumprimento da meta de inflação em 2024 repete o que ocorreu nos anos de 2021 e 2022. Em 2021, o IPCA subiu 10,06% e o teto da meta era de 5,25%. Em 2022, por sua vez, o índice foi de 5,79%, também acima do teto de 5% para aquele ano.
Em 2023, o IPCA foi de 4,62%, dentro da meta de inflação perseguida pelo Banco Central e definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,25% e tolerância até 4,75%.
O ano de 2024 foi o último em que a meta se refere à inflação do ano-calendário. A partir de janeiro de 2025, a meta passa a ser contínua, ou seja, refere-se à inflação acumulada em doze meses e apurada mês a mês.
O IBGE calcula a inflação oficial brasileira com base na cesta de consumo das famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além das cidades de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
(Fontes: IBGE, Valor Data, Agência Brasil)