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Lei Orçamentária Anual do Governo do Paraná prevê apenas R$ 102 milhões para Ponta Grossa

Lei Orçamentária Anual do Governo do Paraná prevê apenas R$ 102 milhões para Ponta Grossa
  • Publishedoutubro 13, 2025
Lei Orçamentária Anual do Governo do Paraná prevê apenas R$ 102 milhões para Ponta Grossa.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, protocolada pelo governo do Paraná na Assembleia Legislativa (Alep), escancarou uma realidade incômoda: Ponta Grossa, a quarta maior cidade do estado, com cerca de 375 mil habitantes e mais de 1 milhão na região, aparece na rabeira dos investimentos estaduais.

Segundo os dados oficiais, a região receberá apenas R$ 170 milhões, sendo R$ 102 milhões para obras do orçamento e R$ 68 milhões para investimentos. O valor é inferior ao destinado a cidades com metade da população, como Guarapuava, que terá R$ 376 milhões — quase o triplo — mesmo com uma região que soma pouco mais de 450 mil habitantes.

As informações sobre o orçamento foram divulgadas pelo próprio Governo do Paraná, conforme matéria da comunicação do Estado (Agência Estadual de Notícias): Secretaria da Fazenda detalha orçamento de R$ 7,1 bilhões de investimentos para 2026 | Governo do Estado do Paraná

A discrepância se torna ainda mais gritante quando comparada às demais cidades-polo do estado. Curitiba lidera com R$ 1,5 bilhão, seguida por Cascavel (R$ 606 milhões), Maringá (R$ 548 milhões) e Londrina (R$ 531 milhões). Cascavel, inclusive, tem população semelhante à de Ponta Grossa, mas receberá mais de três vezes o valor destinado aos Campos Gerais.

Diante dos números, a prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt (União Brasil), reagiu com firmeza. Em entrevista ao portal Mareli Martins, ela afirmou que a cidade está sendo negligenciada pelo governo estadual e que é urgente a renovação da bancada de deputados estaduais que representam Ponta Grossa.

“Estamos na rabeira dos investimentos. Isso é inadmissível para uma cidade que contribui tanto para o desenvolvimento do Paraná”, declarou, cobrando respeito e maior representatividade política.

A crítica da prefeita expôs uma fragilidade institucional da cidade frente ao governo estadual. A bancada de parlamentares ponta-grossenses é formada por integrantes da oposição, o que, segundo ela, gera uma espécie de boicote para com a cidade.

Ponta Grossa é, oficialmente, representada por deputados de outras cidades, que não contam com força política suficiente para influenciar decisões orçamentárias, o que tem deixado o município à margem dos grandes projetos e investimentos.

A fala de Elizabeth também revelou um descompasso entre o discurso oficial do governo e a realidade enfrentada pelos municípios fora do eixo central de poder.

Em resposta às críticas, o governador Ratinho Jr. (PSD) tentou desmentir os dados da própria LOA, alegando que os investimentos não são necessariamente regionalizados e que muitos projetos têm impacto estadual, mesmo quando não aparecem diretamente vinculados a uma cidade específica.

A assessoria do governo publicou uma matéria afirmando que Ponta Grossa teria recebido R$ 1,92 bilhão desde 2019, misturando recursos públicos com investimentos da iniciativa privada — uma manobra que gerou ainda mais desconfiança.

Mesmo que os números sejam reais, a média é de R$ 320 milhões, valor ainda inferior ao das demais cidades de igual ou menor porte do Estado.

A tentativa de maquiar os números oficiais da LOA com dados genéricos levanta dúvidas sobre a transparência e a coerência da gestão estadual. Se os dados não refletem a realidade, por que constam no documento que orienta toda a execução orçamentária do estado para o próximo ano?

A justificativa do governador reforça a percepção de que Ponta Grossa está sendo deixada de lado e que o governo tenta apagar com discurso o que está registrado em números.

Diante desse cenário, a cobrança por maior representatividade política verdadeiramente vinculada à cidade e por uma revisão dos critérios de distribuição orçamentária se torna urgente. Ponta Grossa não pode continuar sendo tratada como coadjuvante em um estado que depende de sua força produtiva e estratégica.

A crítica da prefeita Elizabeth Schmidt é um alerta — e a resposta do governador, uma tentativa de desviar o foco da realidade orçamentária projetada para 2026.

Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Orçamento divulgado pelo Governo do Paraná

Veja a entrevista com o governador Ratinho Jr

 

Veja a entrevista com a prefeita

Elizabeth Schmidt

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