Ratinho Jr defende modelo com pedageiras corruptas: povo vai pagar pelas mesmas obras não realizadas


O governador Ratinho Jr (PSD) tenta de todas as formas implantar no Paraná um modelo de pedágio prejudicial à população e muito lucrativo para as concessionárias, principalmente as seis que roubaram o Paraná: Viapar, Rodonorte, Econorte e as empresas do Grupo CR Almeida, Ecocataras, Caminhos do Mar e Ecovia.
O modelo que é defendido por Ratinho Junior, Sandro Alex (PSD) e pelo ex-presidente Bolsonaro (PL), consegue ser ainda pior que o que vigorou no Paraná desde 1997, com início na gestão do ex-governador Jaime Lerner.
No entanto, o governo de Lula (PT) defende o chamado “pedágio de manutenção”, com tarifas de até R$ 5. Isso estraga os planos de Ratinho Jr e das pedageiras. Ratinho Jr chama o modelo de “pedágio caipira”.
Desesperado para defender as concessionárias, Ratinho Jr disparou uma nota oficial sobre sua reunião em Brasília com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Na nota, o governador mente que “já está tudo alinhado com o governo federal para a licitação dos primeiros lotes”. Ratinho esteve em Brasília ao lado do deputado Sandro Alex (PSD), que pode assumir novamente a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná, além do atual secretário da pasta, Fernando Furitatti.
A informação da nota de Ratinho Jr não foi confirmada pelo governo e foi rebatida pelo deputado estadual e presidente do PT no Paraná, Arilson Chiorato.
“A deputada Gleisi negou qualquer acerto unilateral com o Governo do Paraná. Será uma decisão política do Governo Federal, ou seja, essa informação divulgada pelo governador Ratinho pode representar sua vontade, mas não a realidade”.
Nesta sexta-feira (20), a deputada federal Gleisi Gleisi Hoffmann (PT) se reuniu com o ministro dos Tranportes, Renal Filho. Ela afirmou que haverá mudança no modelo de pedágio do Paraná, desmentindo a declaração de Ratinho Jr.
“Muito boa a reunião hoje com o ministro dos Transportes, Renan Filho, sobre o pedágio no Paraná. Vamos ter mudanças no modelo de concessão para assegurar tarifa menor, nosso compromisso com o povo. Se isso é ser caipira, somos Pirapora”, disse a deputada.
O modelo que Ratinho Jr defende
Ratinho propõe a criação de mais 15 praças de pedágio, totalizando 42. Insiste que as empresa terão que dar um aporte, o que não garante que a licitação será de fato pela menor tarifa. O modelo é praticamente o mesmo que exigia a outorga, Ratinho Jr só mudou o termo para “aporte”.
Além disso, as pedageiras poderão subir o preço da tarifa a cada trecho de obra duplicada, permitindo os chamados “aditivos, que foram usados pelas empresas pra roubar o Paraná por mais de 20 anos.
O modelo também fará com que a população pague novamente por obras que já foram pagas no contrato anterior e muitas nem foram concluídas.
Mesmo sem a licitação, alguns trechos já tem aumento de tarifa de 23% a 30%, conforme a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). E o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou uma série de irregularidade no modelo que o governador insiste em implantar no Paraná.
“Ratinho Jr dá as costas para o povo e fica ao lado das pedageiras“, diz Requião Filho

O governador Ratinho Junior esteve reunido esta semana com o Ministro dos Transportes Renan Filho e defendeu a permanência do modelo de pedágio, apresentado no ano passado, ao lado do ex-presidente Jair Boslonaro, que prevê inclusive 15 novas praças de pedágio no Estado. No entanto, a proposta beneficia as mesmas concessionárias que atuaram nas últimas décadas e não cumpriram todo o contrato.
Como teremos a garantia de que isso será realizado agora? E quem vai cobrar o que elas não fizeram? O Paraná terá esse dinheiro de volta? Quanto a mais o povo terá que pagar novamente para ter as obras prometidas?”, questionou o deputado estadual Requião Filho.
Em fevereiro de 2021, uma servidora do Ministério da Infraestrutura que esteve na Assembleia Legislativa para defender o novo modelo de pedágio, mas teve um embate com o parlamentar oposicionista.
“Natália, aqui você não está falando pra empresários, mas para o povo e os deputados paranaenses”, criticou Requião Filho. O vídeo na época viralizou nas redes sociais e, em poucas semanas, foi compartilhado milhares de vezes por diversas pessoas em todo país. No entanto, a suspeita que o parlamentar levantava na ocasião, em dezembro de 2022 se comprovou que havia mesmo fundamento na crítica feita em plenário.
Natália Marcassa, especialista em Regulação de Serviços de Transportes Terrestres da ANTT, deixou o cargo recentemente e, em menos de três meses, inaugurou a MoveInfra, empresa que reúne entidades gigantes do segmento como a CCR, Ecorodovias, Rumo, Santos Brasil e Ultracargo, todas operadoras de contratos públicos.
“Tempo curto demais, para quem até então vinha defendendo o interesse público e querendo convencer o povo do Paraná de que o projeto deles seria o melhor para desenvolver nas rodovias do Estado”, avaliou Requião Filho.