A “quadrilha dos cargos comissionados”

Se o grande poeta Carlos Drummond de Andrade em seu poema “Quadrilha” , descreveu algumas relações amorosas. Na política, também podemos empregar a palavra “quadrilha”, mas ao contrário de Drummond, utilizaremos para nos referir a situações vergonhosas, que norteiam os bastidores da política! Na esfera política, é possível dizer que existem muitas “quadrilhas”, principalmente quando nos referimos a “máfia dos cargos comissionados”.
É um tal de “João” que nomeia “Tereza”, que indica “Raimundo”, que por sua vez, nomeia “Lili”, que intercede por “J.Pinto Fernandes”, que depois encaixa Fulano, que indica Sicrano. O prefeito mesmo, tem poder sobre poucos de seus nomeados!
Em relação ao aspecto financeiro, Ponta Grossa, não é diferente dos demais municípios, que precisam “enxugar a máquina”. Mas em um aspecto a cidade sai na frente. O atual prefeito Marcelo Rangel (PPS), ao assumir o governo, em 2013, mesmo sabendo das dificuldades financeiras da prefeitura, solicitou o aumento do número dos cargos em comissão.
Tal situação foi aprovada pela vereadores, que por sinal, são responsáveis pela maior parte das indicações de cargos comissionados. As dívidas políticas de campanhas! Não queremos questionar a função dos cargos em comissão, tão pouco, fazer juízo de valor ou desmerecer ninguém. Estamos falando sobre os “bastidores” que envolvem a nomeação destes cargos.
No governo anterior de Pedro Wosgrau Filho (PSDB), a prefeitura contava com 215 cargos comissionados. Na gestão de Marcelo Rangel são 323 cargos em comissão disponíveis, sendo que 291 estão ocupados. Isso representa um gasto de R$ 14,4 milhões por ano, com uma remuneração média de R$ 4,4 mil por mês, para diferentes cargos, com gastos de R$ 1,2 milhões mensais, conforme dados da Prefeitura de Ponta Grossa.
Com um limite prudencial que chega a 52,63%, de acordo com a Secretaria Municipal de Gestão Financeira, o governo municipal terá que fazer alguns cortes para reequilibrar o orçamento. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, acredita que 50% dos cargos em comissão poderiam ser reduzidos, para tentar uma economia de, pelo menos, R$ 10 milhões.
Mas no “fantástico mundo dos comissionados”, existem também os famosos “cargos comissionados efetivos”, que na prática não deveriam existir. São aqueles em que entra governo e sai governo e os “ditos”, não deixam a prefeitura. A teta é grande, mas a mamata, na maioria das vezes, alimenta “os de sempre!”. Neste caso é um tal de “Eu sei disso”. “Eu posso contar pra esse,” que depois pode “levar para aquele”. “Por que eu sou mulher de não sei quem, que é influente nas mídias”, “se eu saio, a imagem da prefeitura, pode ficar pior”. “Vou contar isso e depois aquilo”. E no fim, os prefeitos, preferem não mexer “com essa gente”. E acabam prejudicando é a gente mesmo!
Mas poderá o nobre prefeito mexer com “essa gente”, que também é de outra gente?