Richa afirma que ficou “perplexo” com abertura de inquérito no STJ sobre delações da Odebrecht

O governador Beto Richa (PSDB) afirmou, em nota, que ficou “perplexo” com a notícia de que será investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a respeito das delações dos ex-executivos da Odebrecht.
Na última quarta-feira (14), o STJ acatou o pedido do vice-procurador-geral da República (PGR) José Bonifácio Andrada para abertura de inquérito para investigar se Richa recebeu ou não propina da Odebrecht. Og Fernandes foi sorteado relator do inquérito, que não tem conexão com Petrobras. O relator da Lava Jato no STF é o ministro Luis Felipe Salomão.
Em nota, o governador informou que “não teve acesso a essa denúncia e ainda não foi notificado da decisão do ministro Og Fernandes”. A nota do governo diz que Richa ficou perplexo com a abertura do inquérito. “Diante disso, o governador recebeu com perplexidade a abertura da investigação”.
Desde quinta-feira (15), Richa está em Londres, onde será palestrante no Global Expansion Summit, conferência internacional que acontece entre 18 e 20 de junho. Ele retorna ao Brasil no dia 21. O tema da palestra do governador é o ajuste fiscal promovido no Paraná.
Também participam do encontro o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa e a esposa do governador e secretária de Desenvolvimento Social, Fernanda Richa.
Leia nota completa do governador Beto Richa
O governador Beto Richa não teve acesso a essa denúncia e ainda não foi notificado da decisão do ministro Og Fernandes. Mas de antemão garante que todos os recursos de suas campanhas de 2008, 2010 e 2014 tiveram origem lícita e em conformidade com a legislação vigente à época, conforme prestação de contas feita à Justiça Eleitoral. Diante disso, o governador recebeu com perplexidade a abertura da investigação. De qualquer forma usará o espaço de sua defesa para esclarecer todos os fatos e espera, com serenidade, que ao final desse processo a verdade e a justiça prevaleçam.
As delações da Odebrecht
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, o ‘BJ’, citou em seu acordo de delação quatro repasses não declarados à Justiça Eleitoral para campanhas eleitorais do governador Beto Richa. Segundo o colaborador, o codinome usado para se referir ao governador do Paraná foi “piloto”, em três dos repasses. Em outros quatro repasses o apelido usado foi “brigão”.
Segundo as delações de Benedicto e de Valter Lana, ex-executivo da Odebrecht na Região Sul, no total Richa recebeu R$ 3.050.000 nas três últimas campanhas.
Benedicto prestou depoimento em dezembro de 2016. Aos procuradores, o delator deu detalhes sobre os valores doados, as negociações com tesoureiros de campanha e também sobre as intenções da empresa com doações para políticos.
Em um dos trechos, ele diz que, em 2014, um executivo da Odebrecht no Paraná foi procurado pelo comitê de reeleição de Richa, pedindo a doação. No vídeo do depoimento, o ex-executivo detalha os pagamentos.
“Esses pagamentos foram encaixados, foram planejados e executados dentro do nosso sistema “Drousys”, estruturado pelo setor de operações estruturais da Odebrecht. A gente adotou um codinome “piloto” para esse pagamento, como uma menção ao doutor Beto Richa. E os pagamentos foram executados nas datas 09/09/14, R$ 500 mil, 18/09/14 R$ 1 milhão e 25/09/14 R$ 1 milhão”.
Ainda de acordo com o delator, foram realizados três pagamentos. “Foram autorizados R$ 4 milhões e foram realizados R$ 2,5 milhões”, explicou. O delator contou, ainda, que há comprovantes desses pagamentos.
Essa não foi a primeira doação da Odebrecht para campanhas de Beto Richa, segundo o delator. Em outro depoimento, o ex-executivo da empresa disse que, em 2008, foram repassados R$ 100 mil para a campanha de Richa à prefeitura de Curitiba.
“Porque era uma pessoa importante no cenário político do Paraná, e tinha chances reais de ganhar e nós fizemos essa doação de R$ 100 mil, em dinheiro de caixa dois, através do setor de operações estruturadas da Odebrecht”, detalhou.
Nesse caso, o apelido usado para se referir a Richa foi “brigão”. Aos procuradores, Benedicto explicou porque a Odebrecht concordou em fazer a doação. “O doutor Beto Richa era um expoente do PSDB, um jovem. Então a gente tinha uma avaliação de que ele poderia crescer no cenário político do Paraná”, contou.
Valter Lana, ex-executivo da Odebrecht na Região Sul, afirmou em seu acordo de colaboração que, em 2010, integrantes do comitê eleitoral de Beto Richa procuraram a Odebrecht para pedir uma nova doação. Dessa vez, o valor acertado foi de R$ 450 mil.
“Esses pagamentos foram efetuados em três parcelas, uma de 200, uma de 100 e uma de 150. É… respectivamente, o de 200 na data de 30 de agosto de 2010; e de 100 dia 13 de setembro, o de 150 no dia 26 de outubro de 2010, portanto posterior da eleição. Eu até.. é, reparei que ele foi depois da eleição”, informou. (Com informações do Paraná Portal, G1, Folha de São de Paulo).
Delatores da Odebrecht explicam como eram feitos os pagamentos a Beto Richa: