Plauto e Traiano confessaram que receberam propina em renovação de contrato na Alep: Justiça derruba censura das reportagens


A Justiça derrubou a liminar da juíza juíza Giani Maria Moreschi, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), que proibiu a publicação de reportagens que retratam o esquema de corrupção da TV Assembleia, envolvendo o ex-deputado de Ponta Grossa, Plauto Miró Guimarães Filho (União Brasil) e o presidente da Alep, Ademar Traiano (PSD).
Os dois confessaram ao Ministério Público que receberam propina do empresário Vicente Malucelli, na licitação da TV Assembleia. A nova decisão é desta quarta-feira (6) e foi assinada pelo desembargador Rosaldo Elias Pacagnan.
A juíza que censurou as matérias, Giani Maria Moreschi, afirmou na decisão “que o caso corre sob segredo de justiça”. A juíza mandou tirar do ar as reportagens da Globo News, da RPC Paraná e do Jornal Plural, matérias do Rogério Galindo. A juíza também proibiu a veiculação de novas matérias sobre a delação em todos os veículos de imprensa.
Com a nova decisão (liminar derrubada) pelo desembargador Rosaldo Elias Pacagnan, detalhes das confissões de Traiano e Plauto e da delação de Vicente Malucelli podem ser divulgados.
Traiano e Plauto fecharam um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) em dezembro de 2022 com o Ministério Público e admitiram terem recebido vantagem indevida do empresário Vicente Malucelli.
Malucelli era um dos responsáveis pela TV Icaraí, que venceu uma licitação para fazer o planejamento e produção de conteúdo para a TV Assembleia — canal de TV da Assembleia Legislativa do Paraná. O contrato foi firmado em 19 dezembro de 2012. O prazo era de 36 meses, com valor total de R$ 11,4 milhões.
As regras do ANPP firmado pelos deputados com o Ministério Público determinam que aqueles que assinarem o acordo devem confessar o crime e devolver o dinheiro recebido. Em troca, não serão processados na Justiça.
Traiano e Plauto terão que pagar o valor de R$ 187 mil a título de reparação. O pagamento deverá ser feito em uma única parcela.
O jornalista Rogério Galindo, do Jornal Plural, escreveu que “os áudios ambientais parecem confirmar o que Vicente disse em sua delação: que Traiano e o então primeiro-secretário da Assembleia, Plauto Miró (União), teriam recebido R$ 100 mil cada. Supostamente, o dinheiro seria para a reeleição dos dois, mas durante as conversas fica aparente que Traiano pretendia dar outro destino para o dinheiro, pagando flores do casamento da filha e destinando parte da verba para uma conta de uma oficina mecânica”.
Conforme a matéria desta quarta-feira (6) de Rogério Galindo, no Jornal Plural, Vicente Malucelli teria sido chamado por Traiano e Plauto, perto do momento em que a TV Icaraí teria de renovar seu contrato com a TV Assembleia, em 2015. Traiano “teria dito que precisava de um dinheiro para campanha e escreveu no papel o valor de R$ 300 mil”. Plauto teria ficado quieto. Mas depois pegou propina também.
Veja trechos gravados pelo delator – empresário Vicente Malucelli – (Fonte: Rogério Galindo/Jornal Plural)

Na delação, Vicente afirmou às autoridades que, numa reunião na Assembleia Legislativa, em agosto de 2015, com Ademar Traiano e Plauto Miró, o presidente da Assembleia pediu R$ 300 mil. Na época, Plauto Miró exercia a função primeiro secretário da Casa.
Segundo Vicente Malucelli, após falar com o acionista do Grupo Malucelli, Joel Malucell,” o valor da propina fechou em R$ 200 mil”
Em 2022, Traiano e Plauto fizeram acordo com o MP e confessaram que receberam propina.
(Esta matéria foi escrita em parceria com o Jornal Plural, jornalista Rogério Galindo)
Veja a matéria do Plural:
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