Justiça solta suspeitos de desvios do fundo eleitoral do Solidariedade, mas presidente segue preso


A Justiça Eleitoral concedeu liberdade a cinco pessoas que foram presas pela Polícia Federal na Operação Fundo no Poço, deflagrada neste mês para investigar um suposto esquema de desvio de verbas partidárias do PROS em 2022. Mas o presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, segue preso. No ano passado, o partido PROS foi incorporado pelo Solidariedade.
Em Ponta Grossa, o Solidariedade possui como pré-candidato à Prefeitura, o advogado Elizeu Kocan. Pré-candidato não é investigado e não possui relação com a operação da PF, mas representa o partido em Ponta Grossa.
Dos sete presos pela PF, apenas o presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, suspeito de desviar R$ 36 milhões dos fundos Partidário e eleitoral, e Felipe Espírito Santo, secretário de assuntos legislativos do partido, permaneciam presos.
Cinco investigados presos na Operação Fundo no Poço receberam autorização judicial para aguardar o inquérito em liberdade. As prisões preventivas foram revogadas pela Justiça Eleitoral.
O primeiro a conseguir a liberdade provisória foi o advogado Bruno Pena. Ele é suspeito de ajudar a operar os desvios por meio da simulação de contratos de serviços advocatícios. Pena foi beneficiado por um habeas corpus do ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral. A Operação Fundo no Poço investiga suspeitas de desvios de verbas públicas repassadas ao Solidariedade.
As investigações nasceram de uma denúncia do então presidente do PROS Marcus Vinícius Chaves de Holanda, que acusa Eurípedes Júnior de desviar aproximadamente 36 milhões de reais da sigla.
Em nota, o Solidariedade afirmou que os fatos investigados pela PF ocorreram antes da união da legenda com o PROS.
“Esses são fatos ocorridos antes da união do PROS com o Solidariedade. Estamos tomando pé da situação e ainda não temos uma posição sobre os fatos”, informou o partido.
Suspeita de desvios milionários
As investigações começaram a partir de uma denúncia feita por Marcus Vinicius Chaves de Holanda, que foi presidente do PROS. Ele acusou Eurípedes Júnior de desviar cerca de R$ 36 milhões do partido.
No dia 12 de junho, os policiais federais foram às ruas para bloquear R$ 36 milhões e 33 imóveis do grupo.
Na ocasião, Eurípides não foi encontrado em casa pelos agentes durante a operação. Ele tinha uma viagem marcada, mas também não compareceu ao aeroporto. O dirigente partidário chegou a ter o nome incluído na lista vermelha da Interpol, antes de se entregar à PF, no dia 15 de junho.
Na última terça-feira (18), ele foi transferido da Superintendência da PF no Distrito Federal para a Papuda.
Helicóptero apreendido

Os mandados foram autorizados pela Justiça Eleitoral do Distrito Federal. Em Goiás, a PF apreendeu R$ 26 mil em espécie.
Também foi apreendido, em Goiânia, um helicóptero registrado em nome do PROS. A aeronave teria sido adquirida com recursos públicos desviados dos fundos do partido. O helicóptero teria custado R$ 2,4 milhões.
A aeronave, modelo R66, estaria sendo usada somente pra fins particulares do presidente do Solidariedade, Eurípedes Junior. Ele também emprestava o helicóptero para amigos e familiares, segundo os investigadores.
O que diz o presidente licenciado do Solidariedade e o partido

No dia em que Eurípedes se entregou à Polícia Federal, a defesa do presidente do solidariedade divulgou a seguinte nota:
1- Após ter se licenciado do exercício das suas funções de dirigente partidário, o Sr. Eurípedes Gomes Macedo Júnior, voluntariamente, apresentou-se à Polícia Federal do Distrito Federal, para permitir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em seu desfavor.
2- Os advogados que integram a sua defesa afirmam que o Sr. Eurípedes Gomes de Macedo Júnior demonstrará perante a Justiça não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva.
Em nota, o Solidariedade informou que Eurípedes solicitou licença da presidência da legenda por prazo indeterminado. O deputado federal Paulinho da Força (SP) assumiu o comando nacional da sigla.
Paulinho da Força assume presidência do SD, ex-deputado foi condenado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e desvio de recursos do BNDES

Na última segunda-feira (17), o Solidariedade elegeu como seu novo presidente Paulinho da Força (SP).
Em 2010, Paulinho da Força foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por 10 anos e 2 meses de prisão, por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e desvio de recursos do BNDES.
Segundo o Ministério Público Federal, em troca de favorecimentos políticos, o ex-deputado receberia parte das comissões pagas à quadrilha por beneficiários dos financiamentos concedidos pelo banco.
STF suspende julgamento de recurso de Paulinho da Força contra condenação à prisão
Em junho de 2023, um pedido de vista do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta quarta-feira (28) o julgamento virtual do recurso da defesa do ex-deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) contra sua condenação à prisão, em 2020, por supostas irregularidades com recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)