Presidente da Fundação Municipal de Saúde defende ‘gestão plena’ em Ponta Grossa

Em entrevista ao Portal Mareli Martins a presidente da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa, Lilian Cristina Brandalise, falou sobre a mudança da Fundação para Secretaria, da falta de ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a fila de espera por cirurgias eletivas, exames, a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Oficinas.
A entrevista também abordou assuntos relacionados à Atenção Primária, construção de superpostos, questões orçamentárias e as fake news sobre as vacinas.
A Câmara Municipal de Ponta Grossa aprovou, nesta quarta-feira (5), em segunda votação, o Projeto de Lei 377/2025, que extingue a Fundação Municipal de Saúde (FMS) e recria a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), encerrando um ciclo iniciado em 2018, quando a estrutura da secretaria foi substituída pela fundação. A mudança marca uma reestruturação administrativa significativa na gestão da saúde pública do município.
Em entrevista ao Portal Mareli Martins, a presidente da FMS, Lilian Cristina Brandalise, comentou a transição e destacou os benefícios da mudança. Para ela, a transformação representa um avanço administrativo.
“Passar de fundação para secretaria, nesse momento, é benéfico sim. Por exemplo, como secretaria, podemos compartilhar licitações com outras secretarias da prefeitura. Como fundação, isso não era possível, o que gerava entraves administrativos”, explicou Lilian.
Ela também ressaltou que a alteração não impacta diretamente o orçamento da saúde, já que os recursos continuam sendo geridos pelo Fundo Municipal de Saúde, como já ocorria anteriormente.
A mudança também está alinhada ao plano de governo da prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil), que prevê maior controle e gestão dos prestadores de serviços de saúde, a gestão plena. Lilian destacou que, como fundação, essa gestão era dificultada, enquanto a secretaria permite maior integração e viabilidade para esse tipo de projeto.
“A prefeita colocou no plano de governo que gostaria que o município tivesse a gestão dos seus prestadores, a gestão plena. Sendo secretaria, isso se torna possível. Já estamos construindo esse projeto, que envolve auditoria e organização para que Ponta Grossa possa, no futuro, alcançar a gestão plena”, afirmou.
A gestão plena permitiria ao município receber diretamente os recursos federais para média e alta complexidade, contratando hospitais, clínicas e serviços especializados de forma mais autônoma.
Desafios na regulação e filas de espera por tratamento das especialidades
Durante a entrevista, Lilian também abordou um dos principais gargalos da saúde pública em Ponta Grossa, e alvo de ação do Ministério Público: as filas de espera por cirurgias e exames especializados. Ela explicou que, embora a regulação municipal funcione com base em protocolos clínicos, o maior problema está nas filas internas dos hospitais:
“A maioria das vezes, o problema não está na regulação municipal, mas nas filas internas dos hospitais, que dependem de médicos, centros cirúrgicos e outras questões operacionais. Isso gera angústia na população e também em nós, gestores”, disse.
Para enfrentar esse desafio, a equipe da saúde tem trabalhado na priorização dos atendimentos e na higienização das filas, especialmente na área de ortopedia. Lilian destacou a parceria com o hospital de Arapoti, que tem oferecido retaguarda para procedimentos de média complexidade, permitindo que o Hospital Universitário (HU) concentre os casos de alta complexidade.
PG precisa de um número maior de ambulâncias
Lilian Cristina Brandalise foi questionada sobre os problemas com o Samu, que tem falhado nos atendimentos, resultando em óbitos. Conforme a Lilian precisa de mais ambulâncias.
“Nós já incluímos num plano de ação com a Regional de Saúde uma proposta de aumento no número de ambulâncias. Nós pedimos mais duas ambulâncias com mais complexidade e mais duas básicas. Pois hoje nós temos cinco ambulâncias”, explicou a secretária.
Estrutura da UPA Santana será transferida para nova UPA de Oficinas
A presidente da Fundação de Saúde confirmou que a UPA Santana será fechada após a abertura da UPA de Oficinas. Segundo a secretária, o local será usado para outro tipo de atendimento de saúde, que pode ser a área de saúde mental, por exemplo.
“Não é que vai fechar, não vai mais existir como UPA e vai tudo para a UPA Oficinas e ali nós vamos usar para outra estrutura de saúde”, explicou.
Ela destacou que o local não é adequado para abrigar uma UPA: “aquele espaço não é ideal para uma UPA, foi inaugurado num momento que eu não estava aqui, mas não é o ideal para UPA”.
Caminhos para o futuro
A presidente da FMS reforçou que a mudança estrutural é apenas o início de um processo mais amplo de reorganização da saúde pública em Ponta Grossa. A expectativa é que, com a recriação da secretaria, o município possa avançar em projetos estratégicos, melhorar a eficiência administrativa e ampliar o acesso da população aos serviços de saúde.
“A saúde precisa de conversa, de esclarecimento. Estamos trabalhando com protocolos, com regulação técnica, com prioridades. E essa mudança vai nos ajudar a construir um sistema mais eficiente e justo para todos”, disse Lilian.
Com a aprovação do PL 377/2025, a partir de janeiro de 2026 a Fundação Municipal de Saúde será oficialmente extinta e a Secretaria Municipal de Saúde retomará suas atividades com uma nova configuração, mais integrada à estrutura administrativa da Prefeitura de Ponta Grossa. A expectativa é que a transição ocorra de forma gradual, com foco na continuidade dos serviços e na melhoria da gestão pública da saúde.
Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
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