Secretária da Família e Desenvolvimento Social de PG pede R$ 30 mil em processo contra vereador Dr. Erick


A secretária municipal da Família e Desenvolvimento Social de Ponta Grossa, Camila Sanches, ingressou com ação indenizatória por assédio e danos morais contra o vereador Dr. Erick (PV). O processo trata do crime de violência política de gênero.
Camila é filha do reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UPEG), Miguel Sanches Neto.
Erick foi um dos vereadores que votou contra o aumento do IPTU de Ponta Grossa e alega que tem sido vítima de “perseguição e retaliação por parte da prefeita Elizabeth Schmidt, por ter votado contrário ao aumento”.
O vereador nega ter cometido “crime de violência política de gênero”.
O Portal Mareli Martins teve acesso ao processo registrado no último dia 11, no 3º Juizado Especial Cível. Nele é detalhada uma sequência de agressões, que começaram com mensagens privadas no aplicativo WhatsApp e seguiram para o ambiente público, inclusive em falas nas sessões da Câmara Municipal.
Segundo a petição inicial, inconformado com a falta de retorno da secretária a seus contatos, o vereador enviou mensagens ameaçadoras e depreciativas, referindo-se à gestora com termos como “secretariazinha, Camilinha e coitadinha” e sugerindo que seu cargo teria sido conquistado não por mérito, mas por influência de um grupo de vereadores.
Ele ainda teria insinuado o uso de força, dizendo que “eu abro a porta no bicudo” e feito comentários com conotação misógina, como a acusação de que Camila estaria “brincando de casinha de boneca” ao gerir a pasta.
Pelo aplicativo, Dr. Erick enviou mensagens diretamente à secretária Camila Sanches e também a um grupo formado por ela e alguns vereadores que, segundo ele, foram os responsáveis pela sua ascensão ao cargo.
Nas mensagens, o vereador, reclama que não foi atendido de imediato, o que, segundo suas mensagens, representaria uma ruptura e ato de traição por parte de Sanches.
As ofensas extrapolaram o âmbito privado e foram levadas publicamente ao plenário da Câmara nas sessões dos dias 4 e 6 de agosto.
O processo diz que “o réu tenta escamotear a violência política de gênero em um discurso de aparente crítica política. Mas é traído pela própria ira”.
E ainda que na visão do vereador, Camila só é secretária “porque ele quis assim” e que, por isso acredita que ela “deve estar à sua disposição”.
Veja as mensagens
Para a autora, as manifestações “não qualificam como crítica política legítima, mas violência de gênero destinada a intimidar sua atuação e reforçar estereótipos discriminatórios” e que, por isso, “é inegável que a reparação por dano moral se impõe”.
A ação, baseada na Lei nº14.192/2021, que combate a violência política de gênero, pede indenização de R$ 30 mil e ressalta que a imunidade parlamentar não cobre atitudes que extrapolem o debate público e visem atacar pessoalmente mulheres em cargos de liderança.
Após a distribuição inicial, a juíza titular, Maria Cecília Puppi, se declarou suspeita, e o processo segue com nova relatoria, ainda não indicada.
Trechos do processo
Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).