Em entrevista exclusiva ao Blog da Mareli Martins nesta sexta-feira (14) a prefeita e pré-candidata à reeleição, Elizabeth Schmidt (União Brasil), falou sobre as principais áreas da cidade, sobre o cenário eleitoral e o racha com o grupo do pré-candidato Marcelo Rangel (PSD) e seu irmão Sandro Alex (PSD). (ASSISTA A ENTREVISTA COMPLETA NO FINAL DO TEXTO)

“Quiseram me usar e depois jogar fora e me traíram. Mas eu estou pronta como pré-candidata e vamos mostrar todo nosso trabalho”, disse Elizabeth.

Ao ser questionada sobre recursos para pavimentação, a prefeita revelou que Sandro Alex e Marcelo Rangel, como deputados, não mandaram nenhum recurso para a cidade. “Nenhum real! O Sandro e o Marcelo não mandaram nada para pavimentação da cidade. Para prefeitura não chegou nada”, disse.

Sobre o compromisso do famoso “100% de asfalto”, Elizabeth disse que até o final do ano a cidade estará com 98% de pavimentação e com 100% encaminhado.

“Nós estamos em um processo intenso de pavimentação e recape na cidade, nos bairros. Até o final do ano estaremos com noventa e seis ou noventa e oito por cento do asfalto nos bairros o cem por cento estará chegando. Estamos num patamar de R$ 660 milhões em asfalto. Nunca se viu um plano tão robusto de asfalto na cidade”, destacou.

Segundo a prefeita, dos R$ 660 milhões, R$ 60 milhões vieram do Governo do Estado, em torno de 10%. Outros R$ 200 milhões são do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), que é um empréstimo feito com a Caixa Econômica Federal.  Em torno de R$ 95 milhões do  Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). E ainda serão liberados em torno de R$ 21 milhões do Governo do Estado para a pavimentação do Borato.

“Eu agradeço o governador por ele ter prometido o asfalto cem por cento, pois  eu corri atrás para que isso fosse cumprido e estamos fazendo”, afirmou a prefeita. (ASSISTA A ENTREVISTA COMPLETA NO FINAL DO TEXTO)

SAÚDE

Hospital Amadeu Puppi (Pronto Socorro)

A prefeita respondeu perguntas sobre o fechamento do Pronto Socorro (Hospital Amadeu Puppi) e sobre a mudança de atendimento em relação ao Pronto Atendimento Infantil (PAI). Conforme Elizabeth, a responsabilidade do município é pela Atenção Básica e ela apenas entregou para o Estado o que é de responsabilidade do estado, atendimento de média e alta complexidade (hospitais).

“Nós pegamos as 54 unidades básicas de saúde caindo aos pedaços e reformamos e fizemos outras novas e vamos entregar outras, porque Atenção Básica é nossa responsabilidade. Em 2022 nós verificamos que investimos R$ 7,7 milhões na Atenção Básica e R$ 77 milhões nos hospitais Amadeu Puppi (Pronto Socorro) e no Hospital da Criança e isso é responsabilidade do Estado, até porque esses hospitais atendem a região e Ponta Grossa pagava a conta. Então não se trata de fechamento, nós apenas colocamos os pingos nos is, ou seja, devolvemos ao Estado o que é de responsabilidade do Governo do Estado”, explicou a prefeita.

De acordo com a prefeita, a situação estrutural do Pronto Socorro estava colocando em risco os pacientes. “Tinham pacientes sendo operados no centro cirúrgico e com chuva caindo no local. A reforma do Pronto Socorro era necessária e vem de outras gestões e outros prefeitos não fizeram. E nós começamos a fazer a reforma e investimos R$ 2 milhões. Mas nesse período enviamos para a Câmara e os vereadores aprovaram o repasse do Pronto Socorro para a UEPG (estado) e eles transformaram em ambulatório. Com isso a cidade ganhou mais leitos no Hospital Regional, que tinha 45 leitos e hoje tem 300”.

A prefeita também afirmou que o ex-prefeito Marcelo Rangel transferiu o Pronto Socorro para UPA Santana. “O Rangel já havia acoplado o Pronto socorro na UPA Santana, que aliás nos credenciamos como UPA, pois ela foi aberta sem esse credenciamento. Hoje o Pronto Socorro, atendimento de pronto socorro, está na UPA Santana e na UPA Santa Paula. E vamos abrir em breve a UPA em Uvaranas, ou seja, teremos três pronto socorros”. (ASSISTA A ENTREVISTA COMPLETA NO FINAL DO TEXTO)

Pronto Atendimento Infantil (PAI)

Elizabeth disse que o Pronto Atendimento Infantil (PAI) que Marcelo Rangel se refere não tinha estrutura nenhuma. “Era apenas uma sala dentro do Hospital da Criança, não tinha essa estrutura que ele diz. Nós colocamos na UPA Santa Paula e de fato não deu certo com a mistura de atendimento de adultos e crianças. Mas nos transformamos a Unidade Sady Silveira no Centro de Atendimento à Criança e que funciona muito bem. E já construímos outra Unidade de Saúde para a população da UBS Sady Silveira”.

Contratação de médicos

“O ex-prefeito Rangel havia assinado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público e tínhamos que cumprir. Pelo TAC nós somente poderíamos contratar médicos PJ de realizar processos seletivos, PSS e concurso. E fizemos três PSSs e mais um concurso e conseguimos contratar apenas um médico. Eles não querem por causa do salário, pelo teto do salário da prefeita. Depois de vencer tudo isso do TAC, nós conseguimos contratar por PJ 40 médicos  e depois vieram mais 30 do programa Mais Médicos. E estamos contratando mais, porque por PJ o salário não é atrelado ao meu salário, é diferente ao contratação”, explicou.

Transporte Público: Por que não fez a tempo a licitação?

Somente neste ano de 2024 a prefeitura publicou o edital de licitação da nova concessão do transporte coletivo. O contrato com a Viação Campos Gerais (VCG) encerrou em junho de 2023, como a licitação não ocorreu, a prefeitura, com aprovação dos vereadores, prorrogou por dois anos o contrato com a VCG.

A prefeita disse que mandou o projeto da nova licitação para a Câmara dos Vereadores em outubro de 2022, mas os vereadores não colocaram em votação e por isso a licitação não saiu.

“Contratamos a Fipe para fazer todo o processo de estudo da nova licitação. Em 2022 tinha eleição e eu estava passando por um processo de vereador pedindo minha saída porque eu ainda não tinha contratado os médicos. Passou a eleição, eu mandei em outubro o projeto para os vereadores e achei que iriam e votar e fazer as emendas, mas não fizeram. E depois em 2023 também não fizeram, tiveram tempo pra votar e não votaram. Diante de tudo isso, o contrato encerrava em junho de 2023, a única saída foi prorrogar o contrato para a cidade não ficar sem transporte”.

Sobre o subsídio para VCG em troca da redução de custo para o usuário, a prefeita disse que isso já ocorre em outras cidades e que não vê problema algum.

“Hoje a tarifa está quatro pila e nós damos o subsídio do restante do valor.  E com isso o dinheiro gira nossa cidade, se o usuário economiza na tarifa, ele pode gastar com outros serviços na cidade. É um direito a mobilidade, como saúde, educação. Espero que um dia possamos chegar à tarifa zero, a população tem direito”.

A prefeita disse que não existe essa história de beneficiar a VCG em licitação. “Toda e qualquer licitação é aberta para qualquer empresa do Brasil, fizemos dois lotes justamente para ter a possibilidade de ter duas empresas trabalhando”.

Educação: “Jamais faria privatização das escolas”

Sobre o projeto do Governo do Estado que decidiu privatizar a gestão das escolas, Elizabeth afirmou que não adotaria essa estratégia no munícipio.

“O que eu penso é que todo e qualquer gestor tem que solucionar e melhorar os problemas e acredito que a intenção do governador foi essa. Mas a forma como foi feito alvoroçou os professores e o ápice foi afastamento da professora Carmen, diretora do Instituto de Educação, que foi afastada por pensar diferente, por ter se posicionado contra o projeto. Apoio a professora Carmen, apoio você Mareli, como jornalista, que tem o direito de se posicionar. E eu puxo isso aqui pra nós mulheres, porque nós não podemos nos calar. E não podemos ser atacadas por nosso posicionamento”.

Nesta declaração a prefeita foi solidária ao nosso trabalho, se referindo aos ataques sofridos pelo Blog da Mareli Martins por parte do secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, dos assessores jagunços de Rangel e ainda do vereador Daniel Milla, que apoia Rangel.

A prefeita reforçou que as escolas devem ser administradas por funcionários públicos. “Nas nossas escolas eu jamais faria privatização. Eu faria como fiz nas unidades de saúde, quando percebemos que  uma enfermeira chefe de alto padrão tinha que fazer tudo, incluindo trabalhos de administração. Então, nós fizemos concurso e contratamos funcionários para administrar as unidades  para que a enfermeira não tivesse que fazer isso”.

Dois deputados da região dos Campos Gerais votaram a favor da privatização da gestão das escolas, Marcelo Rangel e Moacyr Fadel, ambos do PSD. A deputada Mabel Canto (PSDB) votou contra.

Traição de Rangel

Elizabeth disse que não existe outra palavra para definir a atitude de Rangel, que não seja “traição”.

“Quando você sabe que a pessoa é tua inimiga e te dá chute na canela é uma coisa, mas quando vem algo assim de quem a gente não espera, trata-se de traição”.

A prefeita disse que Rangel e Sandro Alex fizeram articulações para impedir sua candidatura. “Primeiro na questão do PL, eu estive com o deputado Felipe Barros e estava tudo certo com o PL, partido do Bolsonaro. Mas o Sandro e o Marcelo pediram pra o Ratinho me tirar o PL e tiraram.  Depois eu entrei no União Brasil e desse partido eles não me tiram, pois nesse partido eles não mandam”.

Durante a gestão, Elizabeth disse que Sandro e Marcelo ficavam brabos por ela aceitar emendas de outros deputados. “Mandaram recado pra mim porque não gostaram que aceitei milhões de recursos do deputado Aliel e depois da deputada Mabel. Mas eu tenho que aceitar porque é pra nossa cidade, não interessa de quem vem. Eu acho que depois que termina uma eleição nós temos que virar a página e trabalhar pela cidade”.

Cenário eleitoral: como desvincular a imagem de Elizabeth do grupo de Rangel?

“Eu sou eu e eles são eles, cada um é cada um, temos que colocar a nossa personalidade e o jeito de ser. Eu levanto cedo e trabalho sem parar a cada minuto. As pessoas vão dizer quem eles querem pra governar a nossa cidade nos próximos quatro anos. Ponta Grossa não tem donos. Eu me coloco como pré-candidata à reeleição porque temos muitos projetos. Eu tenho muita coisa pra fazer ainda, muita sementes plantadas pra colher e outras já estamos colhendo”.

Assista a entrevista na íntegra