Câmara dos Vereadores de PG aprova emenda que exclui discussão de gênero nas escolas

A Câmara dos Vereadores de Ponta Grossa esteve lotada nesta segunda-feira (22), por conta do polêmico item de discussão de gênero, no Plano Municipal de Educação. Pastores, padres e demais representantes das igrejas católicas e evangélicas protestaram contra a inserção da discussão de gênero no Plano Municipal de Educação.
A sessão foi interrompida por quase duas horas, para que os vereadores pudessem discutir as emendas com a comunidade presente. Por fim, os parlamentares aprovaram por unanimidade a proposta do vereador pastor Luiz Bertoldo (PRB), que propõe a retirada de itens referentes à discussão de gênero e de outras questões voltadas à sexualidade do Plano Municipal de Educação. Dessa forma as escolas não discutirão ideologia de gênero.
Também foi aprovada de forma unânime a emenda modificativa do vereador e pastor Ezequiel Bueno (PRB), que também retira a discussão de gênero das discussões. E foi rejeitada por 13 votos a 9 a emenda elaborada pela Comissão de Justiça e Redação, composta pelos vereadores Daniel Milla (PSDB), George Luiz de Oliveira (PMN), Pietro Arnaud (PTB), Maurício Silva (PSB) e o presidente da comissão, Antonio Laroca Neto (PDT). Nesta proposta a intenção foi garantir os temas voltados à sexualidade e a diversidade, eliminando qualquer tipo de discriminação.
Católicos e evangélicos protestaram com orações e cânticos que falavam sobre a família, no conceito tradicional de homem e mulher. Para os religiosos não é papel das escolas a discussão de gênero. “A nossa religião defende a família formada por homem e mulher, não acreditamos em outro tipo de relação. Se as escolas começarem a discutir isso, poderemos incentivar o aumento de relações homossexuais”, afirmou o pastor da Igreja Cristã Presbiteriana, Nelson Braille.
Para o padre da Igreja São José, Ademir da Guia, incluir a discussão de gênero no Plano Municipal da Educação, fere o conceito de família. “Essa presença, ainda que sutil, de gênero é contrária ao que nós defendemos, no que diz respeito à formação das famílias. Vivemos em um país cristão e na nossa concepção, isso pode interferir na educação das crianças. Não estamos promovendo diferenças, apenas defendendo as nossas famílias”, destacou o padre.
Por outro lado, o estudante Brendo Francis Carbalho, relatou que sempre sofreu discriminação pela sua opção sexual e que não houve um entendimento sobre gênero. “Foi um grande equívoco. As pessoas não entenderam o que foi proposto. Quando são temas mais polêmicos não acontece esta mobilização. Todos tem o direito de defender as suas crenças religiosas. Mas é preciso que as pessoas criem espaços para abordar questões de gênero, para que aos poucos esses pensamentos preconceituosos sejam eliminados”, afirmou.
A diretora do Colégio Sagrada Família, Irmã Edites Bet, disse que qualquer tipo de preconceito não faz parte de um pensamento cristão. “Temos que discutir questões práticas. Não podemos esquecer que todas as pessoas, independente de opção sexual, surgem de uma família. Não podemos promover diferenças”, ressaltou.
O posicionamento da Bancada Evangélica da Câmara de PG
O pastor e vereador Luiz Bertoldo (PRB), disse que não é função das escolas discussões sobre opções sexuais. “É de responsabilidade do pai e da mãe a educação da sexualidade e não das escolas. Na minha religião e dentro da minha casa, aprendi que casamento é de homem e mulher. Já é difícil para os pais esse assunto, imaginem para os professores. Não podemos deixar os educadores nesta situação.
Já o pastor e vereador Ezequiel Bueno (PRB), argumentou que não existe para ele outro tipo de relação, que não seja o tradicional. “Vou usar a bíblia como exemplo, Deus criou o homem e a mulher, não existe nas escrituras sagradas outro tipo de relacionamento. Eu tenho uma opinião formada sobre isso e mereço respeito. Discutir esse tipo de assunto nas escolas, pode confundir a cabeça dos alunos”.