“A saúde está um caos e o prefeito tem que ser responsabilizado por isso”, diz o vereador Laroca

A Comissão Especial de Investigação (CEI) da Saúde, na Câmara dos Vereadores de Ponta Grossa, concluiu o relatório e apontou diversas irregularidades. Em entrevista à Rádio T FM e ao Blog da Mareli Martins nesta quinta-feira (28), o presidente da CEI da Saúde, vereador Antonio Laroca Neto (PDT), disse que o prefeito Marcelo Rangel (PPS), candidato à reeleição, deverá ser responsabilizado por uma série de falhas levantadas pela CEI.
Segundo Laroca, foram apontados erros nos processos de terceirização da saúde, falta de pagamentos dos médicos do Hospital Municipal Amadeu Puppi, atrasos nos pagamentos da UPA do Santa Paula, descaso com a real função do Hospital da Criança, falecimentos de pacientes em hospitais públicos, por atendimento inapropriado, utilização indevida do Hospital São Camilo e atrasos de verbas das reformas das Unidades Básicas de Saúde.
“A saúde vive um verdadeiro caos em Ponta Grossa. Temos terceirizações mal feitas, em que a prefeitura não consegue pagar as dívidas, são contratos mal feitos, que não aconteceram de forma complementar, de acordo com o que diz a constituição, foram feitos em sua totalidade”, destacou o vereador Laroca.
Segundo o vereador outro local que chama a atenção é o Hospital São Camilo, que conta com uma participação efetiva e dominante do vice-prefeito, José Carlos Raad, o ‘Dr. Zeca’. “O São Camilo é um hospital dito de campanha e entendam como quiserem esse termo hospital de campanha. O hospital não tem credenciamento, não tem licença sanitária para operar, não possui alvará, mas recebe dinheiro público. A locação do espaço é paga pela prefeitura. Esse hospital não tem identidade, não podemos dizer se é público ou privado. Além disso, é comandado pelo vice-prefeito”, explicou Laroca.
Outro ponto levantado em relação ao São Camilo é a cobrança das consultas e o encaminhamento de pacientes para o Hospital Municipal Amadeu Puppi (Pronto Socorro). “Eles cobram noventa reias por consulta, na porta de entrada. Nós também colhemos depoimentos falando sobre um esquema de fura fila para cirurgias. E quando a situação aperta eles mandam os pacientes para o hospital municipal. Ou seja, a cobrança é particular, mas as cirurgias e os exames são feitos com dinheiro público. É triste ver uma autoridade, como o vice-prefeito, envolvido nisso”, apontou.
De acordo com a CEI da Saúde não existem recibos e notas fiscais do que é cobrado no São Camilo. “A sonegação fiscal já foi comprovada e se tem fraude, existe caixa dois. Por isso nós estamos encaminhando tudo para o Ministério Público, pois já virou caso de polícia”, declarou Laroca.
Hospital da Criança virou um “postão” de saúde
Outro problema apontado pela CEI da Saúde é o descaso com a verdadeira função do Hospital da Criança. Em vez de atender os pacientes no hospital, o município optou por encaminhar as crianças para o Hospital do Rocil, em Campo Largo.
“O Hospital da Criança virou um postão de saúde, está sendo subutilizado. Fecharam a cozinha do local, a comida é feita no Hospital Municipal e depois levada em compartimentos, o laboratório não funciona, as cirurgias não funcionam. Fizeram um contratinho duvidoso que faz com que as crianças sejam levadas para o Hospital do Rocil, em Campo Largo. Muitas vezes isso ocorre em casos de cirurgias simples, isso custa e penaliza as famílias”, disse Laroca.
Gestão desorganizada
Segundo o presidente da CEI, Antonio Laroca Netto, a secretária de Saúde, Ângela Pompeu, não tem o controle de sua administração. “A secretária deu o depoimento e devido a desorganização, chegamos a conclusão de que ela não possui o comando pleno da pasta que administra”.
Terceirização sem licitação
Outra irregularidade apontada pela CEI foi a forma como foi estabelecido o contrato de terceirização com a empresa Atual Médica. Nem mesmo os médicos foram devidamente registrados nas normas trabalhistas. “A empresa foi contratada, em 2014, sem licitação. Fizeram uma dispensa de licitação e depois foram renovando. O contrato tinha valor alto e depois esse valor foi diminuindo. Os médicos não foram legalmente registrados. Infelizmente não tivemos acesso a tudo, por que a prefeitura negou informações e não nos mandou a documentação”, afirmou Laroca.
Prefeito poderá ser responsabilizado
Diante de tantas irregularidades, a CEI da Saúde vai encaminhar a proposta de instauração de uma Comissão Parlamentar Processante (CPP), contra o prefeito Marcelo Rangel.
“Documentamos omissões graves por parte do prefeito e de outros responsáveis pela Saúde e essa é uma questão que tem que ser levada a sério porque tratamos da vida das pessoas”, concluiu Laroca.
Por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura de Ponta Grossa, o prefeito disse que a saúde sempre foi a prioridade de seu governo. “Desde o início de nossa gestão, colocamos a saúde como uma das prioridades absolutas. Para isso, fizemos melhorias no atendimento básico, contratamos mais médicos, equipamos e iniciamos os atendimentos na UPA da Santa Paula, que era muito aguardada pela população”, afirmou Rangel.
Ouça a entrevista completa do vereador Antonio Laroca Netto: