“Não importa a cor da vaca, o que importa é o leite”, diz Pauliki – sobre fazer parte da base de Richa


Que o deputado estadual Marcio Pauliki (PDT) anda grudadinho ao governo de Beto Richa (PSDB) não é nenhuma novidade. Mas o fato é que Pauliki conquistou a fama de “em cima do muro”, por que relutou em assumir que fazia parte da bancada de apoio ao governo de Richa, ou melhor, a chamada “bancada do camburão”. (Ouça a entrevista completa no final do texto).
Por muito tempo, Pauliki usou o argumento de que era “independente”. Mas quem acompanha a política sabe muito bem que isso não existe. Em entrevista à Rádio T e ao Blog da Mareli Martins nesta quarta-feira (07), Pauliki explicou por que decidiu apoiar Beto Richa e entrar de vez na ‘bancada do camburão’.
“Faço parte sim da bancada do governo desde o começo do ano. E eu faço uma analogia que pra mim não interessa se a vaquinha é branca, preta ou malhada, o que importa é o leite. É pra nós leite é recurso e não interessa quem seja o governador”, disse Pauliki.
Nas eleições de 2014, Pauliki teve o apoio do PT, principalmente da senadora Gleisi Hoffmann, que naquele ano concorreu ao governo do Estado. Mas logo que o barco do PT começou a afundar, Marcio Pauliki pulou fora e até participou de protestos nas ruas, pedindo a saída de Dilma Rousseff. O deputado disse que “pulou fora” por conta da corrupção do PT.
E durante a entrevista desta quarta-feira (7), o deputado foi questionado se também vai abandonar o barco de Beto Richa. Pois o governador responde a quatro processos na Justiça. Enfrenta problemas nas investigações da Operação Quadro Negro (desvios de recursos na educação), na Operação Publicano (desvios na Receita). É também investigado por irregularidades no Porto de Paranaguá e também aparece na Operação Lava Jato. Richa foi citado nas delações da Odebrecht e foi delatado recentemente pela JBS por que teria recebido em torno de R$ 1 milhão, que segundo o delator, esse dinheiro foi propina. Mas o governador nega evidentemente.
Pauliki mostrou estar bem adestrado a bancada do governo e saiu em defesa de Richa. “Isso é administrado pelo STF, pelo Gaeco, pelas delações, mas principalmente é preciso que tenham provas disso. Politicamente todos tem direito a sua defesa. É preciso dizer que existe a situação da justiça e da política. Politicamente é interessante estar com o governo para trazer recursos”, afirmou o deputado.
Nessa lógica, Pauliki quis dizer que as denúncias contra Richa precisam ser devidamente comprovadas. Mas e se a corrupção for confirmada? Pauliki respondeu a essa pergunta usando como exemplo o PT. Porém, vale dizer, que está devidamente comprovado que PT não é o único partido corrupto do Brasil. Sendo assim, Pauliki deveria medir suas palavras, para não ter que adotar a mesma postura em abandonar o barco do PSDB, partido do governador Beto Richa.
“Na verdade o PDT foi com a Gleisi em 2014. E nós somos obedientes a Executiva Nacional. Nós realmente apoiamos a Gleisi na disputa como governadora, hoje ela é senadora. Mas lá por março de 2015 acho que todos recordam o quanto sofremos com a crise. E em seguida vieram todas as comprovações de desvios, tanto que ele são réus. No momento em que se comprova que eles agiam de má fé, nós temos sim que abandonar o barco”, disse.
Para o deputado Pauliki, continuar com quem rouba da população é um ato de cumplicidade. “Se você continuar com pessoas que comprovadamente fazem desvios no nosso país ou você é mal intencionado ou você participa do esquema. Então caia fora. Pois se você continuar ao lado, você faz parte da quadrilha”, declarou Pauliki.
Ouça a entrevista completa!
https://soundcloud.com/marelimartins/0706-entrevista-marcio-pauliki-radio-t