Plauto diz que não tem “nada a ver” com desvios de recursos da educação e critica delações da Quadro Negro

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“Eu não tenho nada a ver com isso, mas infelizmente somente o tempo é que vai mostrar isso”, disse  o deputado Plauto Miró (DEM)- sobre delações da Operação Quadro Negro (foto: divulgação)

Em entrevista exclusiva à Rádio T e ao Blog da Mareli Martins nesta segunda-feira (11), o deputado e primeiro secretário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Plauto Miró (DEM), falou sobre a Operação Quadro Negro. Esta operação investiga um esquema de corrupção referente ao desvio de mais de R$20 milhões de obras de escolas do Paraná.  Plauto Miró foi citado na delação do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza. Lopes afirmou que Plauto teria recebido aproximadamente R$ 600 mil em propina paga pela empresa Valor. (em dois pagamentos de R$ 300 mil). (ouça a explicação do deputado ao final do texto)

Sobre o seu nome ter sido citado em delações da Operação Quadro Negro, Plauto afirmou que o tempo vai mostrar a verdade e que ele não tem envolvimento com estas irregularidades. “Eu não tenho nada a ver com isso. Mas infelizmente somente o tempo é que vai mostrar isso. Não faço parte de malandragem, de quadrilha, de negócio. Acho que a minha história conta isso, mas só o tempo vai poder deixar claro isso que está sendo apontado e o fato de que estão tentando me envolver em uma situação”, disse.

O deputado Plauto Miró negou qualquer tipo de envolvimento com estas irregularidades e criticou as delações e a exposição de sua imagem na Operação Quadro Negro. “Nós estamos acompanhando essas famosas delações, que viraram moda no Brasil. O ladrão que desvia recurso, depois que é apontado e pego fazendo algo errado, sempre tenta trazer um político que está no exercício do mandato para incriminá-lo e como uma forma de se safar. São malandros velhos, empresas, construtoras, que enriqueceram e fizeram patrimônios bilionários. E eles começam a apontar pessoas para que possam utilizar aquelas tornozeleiras. E os que são apontados por eles, estão aí tendo que responder e sua imagem sendo denegrida perante a opinião pública”, declarou Plauto Miró.

‘Acusações fazem parte da política’

O deputado Plauto Miró também declarou que as acusações que envolvem o seu nome fazem parte da “política” ou do jogo político. “Quero deixar claro a todos que na política quem está na cadeira quer continuar e os que perderam a eleição querem tirar os que estão na cadeira, querem derrubar os que estão na administração. E isso é política”, disse.

Plauto destacou a sua experiência na vida pública e novamente criticou as delações premiadas. “Estou participando a muitos anos da vida pública e sempre desviei de irregularidades que possam acontecer dentro do poder executivo, estadual ou municipal. Mas como essas delações os malandros sempre saem bem e os políticos sempre saem mal”, destacou.

Ouça a explicação do deputado Plauto Miró:

A Operação Quadro Negro

O dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, afirmou aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que aliados do governador Beto Richa (PSDB) também receberam recursos desviados das obras das escolas do estado. A delação do dono Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, divulgada nesta sexta-feira (1º) pela RPC Curitiba.

Souza citou o primeiro secretário da Alep, Plauto Miró (DEM), o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSDB) e Tiago Amaral (PSB), que é filho do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), Durval Amaral. Durval também aparece na delação.

 

Plauto Miró teria recebido duas parcelas de R$ 300 mil, segundo o delator

Segundo Eduardo Lopes disse que em 2014, o então diretor da Secretaria de Educação (Seed) Maurício Fanini, pediu para ele conversar com o deputado Plauto Miró (DEM), primeiro secretário da Assembleia.

O delator declarou que durante esse encontro disse ao deputado Plauto que estava com aditivos no valor de R$ 10 milhões. E disse que perguntou quanto Plauto iria cobrar para conseguir o recurso para a Alep. Segundo Eduardo, Plauto respondeu que seria 10%.
No fim de 2014, Beto Richa assinou decretos que autorizaram o pagamento dos aditivos à Construtora Valor de quase R$ 6 milhões.

Depois que os valores foram liberados, em 23 de dezembro de 2014, ele sacou R$ 550 mil e entregou R$ 500 mil para Maurício Fanini dentro de caixas de vinho.

No dia seguinte, Eduardo afirmou que pagou a primeira parcela exigida por Plauto Miró, no valor de R$ 300 mil. O pagamento, segundo Eduardo, foi feito dentro da Alep. A outra parcela, também de R$ 300 mil, só foi paga em janeiro de 2015. Conforme o depoimento de Eduardo, o ponto de encontro foi em uma panificadora do bairro Batel, em Curitiba.

Traiano recebeu R$ 100 mil, de acordo com o delator

Eduardo Lopes de Souza, afirmou que o então diretor da Secretaria de Educação (Seed) Maurício Fanini participou de uma reunião na casa do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), 45 dias antes da eleição de 2014, para discutir caixa dois.

O delator afirmou que Fanini contou que na reunião ficou acertado que ele também deveria ajudar na campanha do deputado Ademar Traiano à reeleição. Eduardo delatou que não estava no encontro, mas, ainda assim, se comprometeu a dar R$ 100 mil para o caixa dois. Ele levou o dinheiro em uma mala no gabinete da liderança do governo na Alep.

Ainda conforme as informações de Eduardo, ao abrir a mala e ver que tinha mais dinheiro, Traiano perguntou: “Não pode me dar mais?”

Eduardo, por sua vez, respondeu que aquele dinheiro já estava comprometido para a campanha do governador. Ele disse ainda que fez outras entregas no valor de R$ 100 mil para Traiano, entre dezembro de 2014 e abril de 2015. Duas delas foram dentro da Alep e uma na casa do deputado.

Palavra do deputado  Traiano

Ademar Traiano negou as acusações e as classificou como infundadas e sem provas. Ele disse ainda que não tem conhecimento da delação.

Deputado Tiago Amaral recebeu R$ 50 mil, segundo o delator

O dono da Construtora Valor Eduardo Lopes de Souza disse que Fanini sugeriu que seria bom ter alguém do Tribunal de Contas do Paraná “com eles”.

Eduardo afirmou que deu a ideia de procurar o conselheiro Durval Amaral e sugeriu oferecer ajuda financeira para a campanha do filho de Durval Tiago Amaral (PSB), então candidato ao cargo de deputado estadual.

Eduardo afirmou que combinou com uma pessoa ligada a Durval um pagamento de R$ 50 mil para o caixa dois da campanha do filho dele. O pagamento, declarou o delator, foi feito a uma assessora no comitê de Tiago Amaral.

Conforme o delator, a assessora levou o dinheiro para uma outra sala e, em seguida, retornou com Durval Amaral, que agradeceu e disse que estava à disposição para o que precisasse. Tiago também agradeceu pelo dinheiro, segundo Eduardo.
Durval Amaral, pai de Tiago, atualmente é o presidente do Tribunal de Contas do Estado.

Palavra do deputado Tiago Amaral

A assessoria de Tiago Amaral afirmou que ele não teve acesso ao processo e que está à disposição da Justiça.

Durval Amaral

Durval Amaral disse que não conhece o delator e que a citação do nome dele pode ter sido uma represália por ter determinado a suspensão de pagamentos e contratos da Construtora Valor, bem como ter encaminhado o caso às autoridades.

Valdir Rossoni (PSDB)-chefe da Casa Civil

Eduardo Lopes de Souza disse em sua delação que Rossoni recebeu R$ 460 mil em propina na quando estava no mandato como deputado estadual. O dinheiro teria sido repassado como uma espécie de “compensação” em contratos fraudulentos.

Lopes afirmou que foi Rossoni quem o apresentou ao diretor da Superintendência de Desenvolvimento da Educação (Sude) , Maurício Fanini, responsável por fiscalizar o andamento das construções contratadas junto à Valor. O delator também destacou que as primeiras licitações vencidas pela Valor foram em 2011, em Bituruna, no Sul do Paraná. A cidade é o reduto eleitoral de Rossoni.

Rossoni nega envolvimento

Em nota, Rossoni negou mais uma vez que tenha havido qualquer irregularidade nas obras de Bituruna, que, segundo ele, “foram concluídas e estão lá para quem quiser fiscalizar”. Defendendo que não deve prevalecer a “palavra de um bandido”, o tucano voltou a dizer que renuncia ao cargo público que ocupa se houver alguma prova contra ele.

Em entrevista á Rádio T e ao Blog da Mareli Martins no dia 18 de março de 2017, Valdir Rossoni, negou todas as denúncias que envolvem seu nome na operação Quadro Negro, que investiga desvios de verbas da educação. “Tragam uma prova do meu envolvimento com a empresa Valor e eu renuncio meu mandato”, diz Rossoni

 

Operação Quadro Negro: “Ele inventou essa historinha pra conseguir a liberdade. É mentira”, diz Richa – sobre delação do dono da Valor

Em pronunciamento no dia 4 de setembro de 2017, o governador do Paraná Beto Richa (PSDB) rebateu às declarações feitas pelo dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza. O empresário declarou que parte dos desvios de dinheiro (R$ 12 milhões) descobertos pela Operação Quadro Negro foram repassados às campanhas do governador. A Operação Quadro Negro investiga o desvio que passa de R$ 20 milhões – dinheiro que deveria ter sido usado na construção e reforma de escolas em todo estado.

Richa disse “que as acusações são mentirosas”. E também afirmou que o delator “contou uma historinha para conseguir a liberdade”. E destacou que vai exigir que Eduardo Lopes de Souza responda na Justiça pelas declarações que fez envolvendo o seu nome.

“Vou dizer com todas as letras que isso é mentira. Todas as acusações são absolutamente falsas. Nós tomamos todas as providências para que fosse elucidado esse crime que foi feito no estado do Paraná”, afirmou o governador.

Segundo Richa, as declarações do Eduardo Lopes de Souza fazem parte de uma narrativa construída com o objetivo de se livrar da prisão. “Esse criminoso que me acusa de forma falsa e mentirosa inventou uma historinha,  uma narrativa envolvendo políticos do Paraná e o governador, que sou eu, apenas para conseguir a liberdade e conseguiu.  Neste primeiro momento ele se deu bem. Mas não tenho dúvidas que não terá provas, pois o que ele diz não existiu e ele vai voltar pra cadeia”, disse Beto Richa.

O governador afirmou que não conhece dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza e que vai processá-lo pelas acusações. ” Não conheço esse sujeito e nunca estive com ele. Estou entrando com uma ação criminal contra ele pelas acusações levianas que ele faz a minha pessoa”, declarou Richa.

“O segredo de justiça foi violado”, lamentou o governador

O governador fez críticas ao vazamento de informações. Segundo Richa, o processo estava em segredo de justiça, mas este sigilo não foi respeitado por que as declarações de Eduardo Lopes de Souza se tornaram públicas.”O segredo de justiça foi violado. Se existe segredo de justiça é para proteger as pessoas de bem. Enquanto não acontece a investigação, enquanto não se apuram os fatos, se incrimina ou inocenta quem não teve participação ilícita, existe o segredo de justiça. Mas o segredo de justiça foi violado. É um crime o que fizeram com essa Operação Quadro Negro”, disse.

As informações sobre a delação de Eduardo Lopes de Souza foram divulgadas nesta sexta-feira (1º) pela RPC  TV Curitiba, que teve acesso ao material da delação premiada firmada pelo empresário com o Ministério Público Federal (MPF). Mas o conteúdo ainda não foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Outras defesas:

SEED

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) informou que foi a primeira a investigar os indícios de disparidades em medições de obras de escolas. Foi aberta auditoria interna em 2015 para apuração da situação e os dados foram encaminhados à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas, para que cada órgão tomasse as providências cabíveis. A SEED também reforçou seus departamentos de controle interno e de auditoria após o episódio.

Fanini

A defesa de Maurício Fanini não quis se manifestar.

 Eduardo Lopes
A defesa de Eduardo Lopes de Souza afirmou que, por conta do sigilo, não pode se manifestar.

 

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