Lava Jato: Sérgio Moro determina abertura de inquérito contra Beto Richa


O juiz federal Sérgio Moro mandou abrir um inquérito contra o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), na operação Lava Jato. Em abril, o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), enviou à Justiça Eleitoral do Paraná um processo instaurado contra Beto Richa no âmbito da delação da Odebrecht e também decidiu encaminhar a Sérgio Moro as cópias dos autos do inquérito.
A investigação mira propina sobre um suposto favorecimento à Odebrecht, em 2014, para duplicação da rodovia PR 323. No despacho, o juiz deu prazo de 30 dias para que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) dêem continuidade às investigações.
Beto Richa foi citado nas delações premiadas do ex-executivo da Odebrecht na região Sul, Valter Lana, e do ex-presidente do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Benedicto Júnior, divulgadas no ano passado.
Valter Lana e Benedicto Júnior disseram que Richa recebeu pelo menos R$ 2,5 milhões como caixa dois para a campanha eleitoral de 2014 porque consideravam que se tratava de um político promissor, mas que não houve uma contrapartida específica.
Na decisão, Moro afirmou que é dele a competência para julgar os fatos relacionados à campanha a reeleição de Beto Richa em 2014 porque nesse caso haveria suspeita de contrapartida com uma intervenção do governo do estado na licitação para as obras na rodovia.
Por outro lado, a defesa de Beto Richa se esforça para tirar o processo das mãos de Moro.
Em nota, a defesa do ex-governador Beto Richa destacou que aguarda a decisão de um recurso contra a decisão que determinou a remessa da investigação para a Justiça Federal.
“A defesa entende que, com o julgamento deste recurso, deverá ser reformada a decisão proferida, determinando a remessa para a Justiça Eleitoral, nos mesmos moldes de decisões de casos similares”, diz a nota.
Áudios indicam direcionamento do governo Richa para Odebrecht vencer licitação
Áudios entre o ex-chefe de gabinete do ex-governador Beto Richa (PSDB), Deonilson Roldo, e um construtor que teria interesse em participar de uma licitação do projeto de duplicação da PR-323, indicam que o governo Richa atuou na tentativa de direcionar a licitação para a Odebrecht na obra à época da sua reeleição para governador, em 2014.
O custo total da obra, que seria realizada no noroeste do Paraná, ficaria em R$ 7 bilhões.
A Odebrecht venceu a licitação, mas o projeto nunca saiu do papel.O construtor é Pedro Rache, diretor-executivo da Contern, uma construtora do grupo Bertin, que teria interesse em participar da licitação.
No início da noite de sexta-feira (11), a governadora Cida Borghetti (PP) determinou a exoneração de Deonilson Roldo de diretor da Copel e outros cinco cargos que ocupava no Governo do Paraná.
Deonilson Roldo declarou que jamais tratou de doações para qualquer campanha eleitoral nem solicitou colaborações de qualquer empresa ou pessoa.
(As informações são dos jornalistas Fausto Macedo e Julia Affonso (Estadão) de Adriana Justi, Malu Mazza e José Vianna. (G1 PR e RPC Curitiba).