Ex-diretor do DER diz que Beto Richa “sabia tudo sobre o esquema de propina nos pedágios”


O ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), Nelson Leal Junior, afirmou em delação premiada que havia “acordão político” na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Pedágios da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Ou seja, a tal CPI estava, na verdade, agindo para favorecer as concessionárias de pedágio.
Nelson Leal também detalhou a participação do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) no esquema e também de José Richa Filho ‘Pepe Richa’, irmão de Richa e ex-secretário de Infraestrutura e Logística.
O delator foi preso na primeira fase da Operação Integração – 48ª fase da Operação Lava Jato -, em fevereiro deste ano. Três meses depois, ele fechou acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele foi solto em maio.
Na delação, Leal Junior afirmou que ouviu na CPI que não se tinha vontade de descobrir nenhum ilícito, que ninguém do governo ou das concessionárias se preocupou porque todos sabiam que “não ia dar em nada”.
O delator foi preso na primeira fase da Operação Integração – 48ª fase da Operação Lava Jato -, em fevereiro deste ano. Três meses depois, ele fechou acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele foi solto em maio.
Na delação, Leal Junior afirmou que ouviu na CPI que não se tinha vontade de descobrir nenhum ilícito, que ninguém do governo ou das concessionárias se preocupou porque todos sabiam que “não ia dar em nada”.
“Não havia fiscalização”, diz delator
Segundo o delator, os dois órgãos que deveriam fiscalizar os contratos de pedágio, a Alep e a Agência Reguladora do Paraná (Agepar), agiram para beneficiar as concessionárias.
Para ele, a Agepar não exercia a efetiva fiscalização e que a cúpula do governo estadual fazia pressão para que a agência desse parecer favorável aos aditivos que iriam beneficiar as concessionárias.
Propina
Conforme o ex-diretor do DER-PR, o pagamento de propina era feito na Secretaria de Infraestrutura e Logística – e que algumas vezes houve pagamento no palácio. O delator também afirmou que chegou a ser chamado para uma reunião, na sede do governo, para tratar dos pagamentos.
Leal Junior cita a reunião, ocorrida no primeiro semestre de 2014. Na conversa, segundo ele, Richa estava muito irritado com Aldair Petry, servidor do DER-PR apontado como arrecadador de propina.
Beto e Pepe Richa capitaneavam arrecadação de vantagens indevidas no Governo do Paraná, diz delator da Lava Jato
A irritação, conforme o delator, vinha do fato de que Petry não estava repassando os valores da vantagem indevida destinada ao ex-governador. Ele afirmou que, pelo conteúdo da conversa, Richa não só conhecia o esquema, como era efetivamente um dos destinatários do esquema.
As afirmações de Nelson Leal Junior foram um dos fatores que deram origem à segunda fase da Operação Integração. No total, 15 pessoas foram presas, entre elas Pepe Richa. Todas foram soltas por determinação de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Palavra dos citados
O Governo do Paraná informou que está auxiliando o MPF e a Justiça Federal em todas as investigações da Operação Integração.
O governo também afirmou que fez um decreto de intervenção nos seis lotes do Anel de Integração para facilitar o acesso aos dados operacionais das empresas.
A defesa de Beto Richa e Pepe Richa disse que irá se manifestar no processo.
O DER-PR e a Secretaria de Infraestrutura e Logística afirmaram que estão colaborando com as investigações. Conforme o DER-PR, funcionários do órgão que supostamente faziam parte do esquema foram afastados e uma sindicância foi aberta para apurar eventuais desvios de conduta.
O deputado Nelson Luersen, então presidente da CPI, afirmou que nunca fez parte da base do governo e que desconhece qualquer indício de atos ilícitos por deputados integrantes da comissão.
A Agepar informou que está em andamento uma auditoria interna para apurar os fatos e que se colocou à disposição das autoridades.
A defesa de Aldair Petry disse que a delação de Nelson Leal Junior é carente até mesmo de indícios de provas e que seu cliente nunca participou de qualquer atividade ilícita.
(Com informações de José Vianna, RPC Curitiba)