Elizabeth autoriza volta do transporte público, mas trabalhadores farão greve: ‘sem salário, sem transporte’


A Prefeitura de Ponta Grossa anunciou nesta quinta-feira (2) o retorno do transporte coletivo. No entanto, os trabalhadores da Viação Campos Gerais (VCG) prometem greve por conta dos salários atrasados. O transporte estava suspenso por conta do decreto municipal de combate ao coronavírus.
Por meio de nota, A VCG disse que desde o ano de 2020 informou a Prefeitura de Ponta Grossa sobre a situação financeira da empresa. A VCG não apresentou nenhuma previsão de pagamento dos salários dos funcionários.
“Para o Poder Público esta situação não é nenhuma surpresa, até porque possui todas as informações necessária à análise da situação, e dos prejuízos causados, as quais, inclusive, estão totalmente públicas no Portal da Transparência da AMTT”, diz a VCG.
Na quinta-feira (20), motoristas e cobradores fizeram uma manifestação pedindo o pagamento dos salários. Os trabalhadores informaram que enquanto não receberem os salários não vão retomar as atividades: “sem salário, sem transporte”,
Nota VCG
A Viação Campos Gerais é uma empresa que se orgulha de sua tradição na operação do sistema de transporte coletivo de Ponta Grossa.
Junto com seus colaboradores, a VCG vem prestando ao longo dos anos o serviço que lhe é determinado pelo Município com extrema eficiência. Em toda história, sempre excedemos os parâmetros avaliativos do Poder Público, sem nunca deixar de honrar com nossos compromissos, sejam estes com nosso contratante, parceiros, colaboradores ou usuários.
Até pouquíssimo tempo, jamais havíamos atrasado um dia sequer os compromissos com nossos colaboradores em toda nossa história.
Temos alertado o poder público há mais de um ano da necessidade urgente, a exemplo de diversos municípios que o fizeram, de uma avaliação detida sobre o sistema de transporte para manutenção do equilíbrio da concessão.
Com o surgimento da pandemia, o sistema de transporte coletivo que a própria constituição estabelece como um serviço absolutamente essencial à população, rapidamente perdeu sua sustentabilidade econômico-financeira
Não se tem notícia de nenhuma avaliação profunda que tenha sido feita sobre a situação pelo município a fim de encontrar alternativa que garantisse a não interrupção do serviço prestado à população.
Vale ressaltar que nenhum dos inúmeros ofícios protocolados junto à Prefeitura sobre o risco de colapso no sistema, conforme foi ocorrendo o seu agravamento ao longo dos meses, desde março de 2020, foram respondidos até o presente momento.
É compreensível as dificuldades que esta situação vem impondo a todos nós, mas o Poder Concedente é o responsável direto pela sustentabilidade do serviço, cabendo à empresa apenas obedecer às determinações e executá-lo conforme exigido. Era previsível que a manutenção da operação determinada pelo Poder Público, quase que na sua integralidade durante no período pandêmico, com as receitas cobrindo pouco mais que a metade do custo, não gerariam outro resultado que não o colapso total hoje vivido.
Desde o início deste período pandêmico, a VCG já registrou mais de 50 milhões em perdas econômicas e financeiras para chegar prestando o serviço até este momento, e não tem mais condições de arcar com estas perdas que ainda vem sendo acumuladas. Importante lembrar que o caos atual só ocorreu à medida em que as ações efetivas de enfrentamento da crise não foram tomadas pelo poder público, especialmente logo no início do problema quando ainda não tinha a proporção que atingiu atualmente.
Para o Poder Público esta situação não é nenhuma surpresa, até porque possui todas as informações necessária à análise da situação, e dos prejuízos causados, as quais, inclusive, estão totalmente públicas no Portal da Transparência da AMTT (https://amtt.pontagrossa.pr.gov.br/transportes/transparencia/).
Até agora, a população não havia sofrido com a interrupção do transporte, e os nossos colaboradores vinham sendo pagos regularmente, apesar de todas as dificuldades. Isso se deve aos esforços da VCG que fez tudo, absolutamente tudo, que estava em seu alcance para honrar seu contrato com o município e seus compromissos com parceiros e colaboradores. A decretação da paralisação do sistema de transporte, contudo, cortou o já insuficiente fluxo financeiro da operação, que agora só pode ser retomado com a participação efetiva do poder público em seu custeio.
Estamos totalmente sensibilizados com a situação de nossos funcionários que estão sem salário. É uma situação que nos dói profundamente, porque sabemos o quanto estes não mediram esforços para manter a linha de frente deste serviço essencial em meio à pandemia, e agora, assim como a VCG, sofrem diretamente as consequências desta situação que jamais deveria ter ocorrido, e poderia ter sido evitada, especialmente se tratada logo em seu início lá em março/abril de 2020.
Agora, sem o envolvimento do Município que, reforce-se, é sim o responsável pela sustentabilidade econômica do sistema, o colapso é inevitável. Neste cenário, perde a empresa, perdem os funcionários, perde o comércio, perde toda a comunidade. Esperamos que o município possa finalmente tomar as rédeas da situação assumindo a responsabilidade que tem com a empresa contratada, seus colaboradores e toda a comunidade pontagrossense.