
Os moradores da Comunidade Padre Roque Zimmermann, no assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), em Castro, denunciaram o alto valor da contas da Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel). Conforme os moradores, as tarifas variam entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.
Um dos coordenadores do assentamento, Joabe Mendes de Oliveira, explicou que os preços altos começaram após a mudança no formato das ligações de energia do local. “Antes erámos atendidos com a ligação de uma bomba que puxava água para as famílias, depois conquistamos a individualização das ligações, algo que esperamos por muito tempo. Isso trouxe mais conforto para todos, porém as contas de energia vieram com valores tão altos que o sonho virou pesadelo”, afirmou.
Conforme Joabe Mendes, na ligação coletiva as faturas giravam em torno de R$ 2 mil, dividida entre 40 famílias, que eram atendidas.
“Quando as ligações se tornaram individuais, logo no primeiro mês começaram a chegar contas que variavam entre dois mil e quatro mil. Já a ligação coletiva, que agora atende apenas uma família, subiu para cinco mil. Nós estranhamos quando os contadores que foram instalados mostraram gastos pré-existentes, mas fomos informados pelos técnicos instaladores que isso não iria traze prejuízos”, disse.
A comunidade buscou atendimento no escritório da Copel em Castro. As notas foram questionadas e a empresa enviou funcionários para verificar a situação. No entanto, ao final do trabalho, “os técnicos informaram que tudo estava certo e que nada poderia ser feito além do pagamento dos valores cobrados”, destacou o coordenador do assentamento.
Sem sucesso junto à Copel, os moradores da Comunidade Padre Roque Zimmermann buscaram o apoio do Programa de Proteção ao Consumidor (Procon) de Castro, que também questionou a Copel. O questionamento junto ao Procon resultou na abertura de um inquérito civil público, por parte da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Castro.
A promotoria deu um prazo de cinco dias para que haja um posicionamento da empresa de energia sobre o assunto. O prazo acaba na próxima sexta-feira.
Joabe Mendes declarou que “uma nova tentativa de solução foi buscada junto à Copel”, mas que os moradores “não foram atendidos no escritório local” e foram apenas informados de que “devem providenciar o pagamento das faturas de energia”.
Por estar numa localidade distante 18 quilômetros do centro de Castro, não são funcionários da Copel que fazem a leitura dos medidores. Cada família faz sua própria leitura e o conjunto delas é encaminhado à sede da distribuidora de energia elétrica no município. Segundo os moradores, não houve qualquer orientação de como fazer a leitura.
Os assentados do MST, conforme relatou o coordenador, tinham planos de instalar bombas para irrigação de suas hortas, mas com os altos valores das contas, estão com receio: “o medo é até de ter geladeira ou TV, quanto mais uma pequena irrigação”, lamentou Joabe Mendes.

O que diz a Copel
A Copel declarou que ocorreram erros na instalação por parte da empresa Pelehnsa Energia do Brasil Ltda, que é terceirizada.
“A Copel informa que, no processo de instalação de medidores de energia, foram cometidos erros por parte de eletricistas da empresa terceirizada Pelehnsa Energia do Brasil Ltda., que geraram valores incorretos nas faturas emitidas a seis clientes da Comunidade Padre Roque, em Castro”, informou a Copel.
Além disso, A Copel pediu desculpas aos clientes e destacou que nenhum morador da comunidade terá prejuízo. “A Copel se desculpa com os clientes pelo equívoco. Nenhum cliente será onerado indevidamente. A Copel bloqueou a cobrança e determinou a revisão das instalações de cada uma das unidades consumidoras relacionadas. A localidade é uma antiga área de ocupação que passou por processo de regularização fundiária. O erro da empresa terceirizada ocorreu na ligação oficial dessas unidades consumidoras à rede elétrica”, destacou.
Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).