Vereador de Ponta Grossa exalta período da Ditadura Militar e reclama de condenação por fake news contra Gleisi Hoffmann


Ao ocupar nesta segunda-feira (29) a tribuna da Câmara Municipal, o vereador Florenal da Silva (Podemos), relembrou o tempo em que serviu o Exército Brasileiro como sargento e exaltou o período da Ditadura Militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. Na época, pessoas morreram e foram torturadas.
Segundo Florenal, “naquela época os militares eram diferentes de hoje”, “e os generais eram reverenciados”. Ele contou que, por ocasião da visita de algum dos comandantes a Ponta Grossa, os soldados “lavavam a Avenida General Carlos Cavalcanti para o general passar”.
“Antes nós tínhamos que levar a Avenida General Carlos Cavalcanti para o general passar. Era tudo muito diferente. Era um Exército bem diferente, não era como o de hoje”. declarou Florenal.
Florenal também fez críticas ao poder judiciário e apesar de não citar quais poderes especificamente, o vereador costuma criticar o Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente o ministro Alexandre de Moraes.
“Hoje o Brasil vive dias que são difíceis de engolir, em que “vemos um advogado, com poder de juiz, botando generais na cadeia. Tão pouco tempo e o nosso país mudou tanto assim. Isso nos causa revolta”, disse Florenal.
Na sequência, Florenal fez uma choradeira, dizendo que precisava tomar cuidado ao fazer críticas, pois já havia sido processado e condenado. Ele se referia ao processo por calúnia, movido pela então senadora Gleisi Hoffmann (PT), em que o vereador terá que pagar uma indenização. “Estamos recorrendo, mas, com certeza, vamos ter que pagar”, lamentou.
Vereador Ricardo Zampieri deu apoio para Florenal

Florenal foi apoiado, em aparte, pelo vereador Ricardo Zampieri (PL). Ele se solidarizou pela condenação, que considerou injusta.
“Vivemos novos tempos aqui na nossa nação, onde quem acusa o corrupto de corrupção acaba sendo condenado. É uma situação lamentável a que a gente vive na nossa nação. A gente hoje vive cenários em que juiz federal que julgou, agora vai ser julgado pelo advogado do ladrão. O comunista declarado, hoje sentencia general condecorado”.
Ricardo encerrou sua parte dizendo que a situação é desesperançosa, mas que “é preciso levantar a cabeça, naturalmente que pessoas corretas, e seguir à frente. Peço que vossa excelência, como diz, já recorreu do processo, e siga firme.”
Ficou implícito que o vereador Florenal, saudoso da ditadura, considera generais uma classe impoluta, que não pode passar pelos crivos da Justiça. E que políticos, podem falar o que quiserem sem risco de condenação.
A condenação de Florenal por fake news contra ministra Gleisi Hoffmann
A 21ª Vara Cível de Brasília condenou o vereador João Florenal, de Ponta Grossa (Podemos) por divulgar fake news contra a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, durante sessão da Câmara Municipal. O parlamentar afirmou, de maneira inverídica, que Gleisi teria sido condenada a devolver R$ 1 milhão à Petrobras.
Na decisão, a Justiça afastou a alegação de imunidade parlamentar, reconhecendo que o direito não é absoluto e que houve violação à imagem da vítima.
O vereador foi condenado a pagar R$ 5 mil em danos morais e a realizar retratação pública em sessão da Câmara de Ponta Grossa, no mesmo local em que proferiu a declaração falsa. “Ataques e mentiras não têm espaço na democracia”, afirmou Gleisi em suas redes sociais.
Na sentença, o juiz destacou que “não se pode confundir a fala com simples crítica à atuação da autora, na medida em que foi expressa quanto à informação de que esta teria sido condenada a devolver valores à Petrobrás, dado objetivo e falso.
A imagem da vítima foi, por isso, violada pelo pronunciamento de quem teria o dever de verificar a correção das informações que compõem sua manifestação, justificando-se a reparação pretendida.”
Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).