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Preferência de prefeita de PG por evangélicos gera protestos: “Ponta Grossa é do povo”

Preferência de prefeita de PG por evangélicos gera protestos: “Ponta Grossa é do povo”
  • Publishedoutubro 2, 2025
 Preferência de prefeita de PG por evangélicos gera protestos: “Ponta Grossa é do povo”.

Em resposta a episódios recentes que colocaram em xeque o princípio constitucional da laicidade do Estado, religiões de matriz africana de Ponta Grossa organizam o Ato pela Liberdade Religiosa, marcado para o próximo sábado, dia 4.

A concentração será na Praça dos Polacos, ponto central e simbólico da cidade. De lá, os participantes seguirão em caminhada pela Avenida Vicente Machado, com encerramento no Parque Ambiental. O trajeto foi escolhido para representar a ocupação legítima dos espaços públicos por todas as expressões de fé, reforçando que Ponta Grossa é uma cidade plural e democrática.

A manifestação, que contará com caminhada pelas principais vias da cidade, busca reafirmar o direito à diversidade de crenças e denunciar práticas de exclusão religiosa em atos oficiais do poder público.

Os organizadores do ato questionam as declarações da prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt (União Brasil), mostrando preferência pela religião evangélica, além do Show da Fé, organizado pela Prefeitura de Ponta Grossa e que reuniu somente cantores evangélicos, com gastos que passaram de R$ 1 milhão.

Diálogo inter-religioso

Embora o ato seja liderado por terreiros de matriz africana, os organizadores convidaram representantes de outras religiões para se somarem à iniciativa.

“Queremos que todas as tradições estejam presentes. Ponta Grossa abriga uma diversidade religiosa que vai muito além do cristianismo”, afirma Alana Costa, vice-presidente do Terreiro de Umbanda Pai José de Aruanda e uma das coordenadoras do evento.

A cidade abriga uma grande variedade de religiões, parte delas não cristãs, como as de matriz afro, judaica e muçulmana.

Segundo Alana, “o ato surge como resposta direta a declarações da prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil), que em evento público afirmou que Ponta Grossa é de Jesus” e “entregou simbolicamente as chaves da cidade para pastores da religião evangélica”.

Para os organizadores, esse tipo de discurso ignora a laicidade do Estado e reforça a ideia de que apenas uma religião representa a população, excluindo milhares de cidadãos que professam outras crenças.

Exclusão e invisibilização

A crítica não se limita às declarações. Durante a pré-inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Uvaranas, apenas líderes religiosos evangélicos foram convidados para realizar orações, em mais um episódio que, segundo os organizadores, privilegia uma fé em detrimento das demais.

“Não é um caso isolado. São práticas que reforçam a exclusão e invisibilizam religiões historicamente perseguidas, como as de matriz africana”, pontua Alana.

O movimento conta com o apoio da sociedade civil e de membros católicos ligados à URI – Iniciativa das Religiões Unidas, organização global que promove o diálogo inter-religioso e o respeito entre diferentes tradições de fé. Até o momento, nenhuma autoridade política local manifestou apoio formal ao ato.

Racismo religioso

Mais do que uma caminhada, o Ato pela Liberdade Religiosa é uma manifestação contra o racismo religioso e pela defesa do Estado laico. Os organizadores reforçam que não se trata de uma oposição a nenhuma religião específica, mas sim à imposição de uma fé sobre todas as demais.

“Defendemos o óbvio: igualdade, diversidade e liberdade para que cada pessoa viva sua espiritualidade sem medo, sem invisibilização e sem preconceito”, conclui Alana.

A expectativa dos organizadores é que o ato reúna centenas de pessoas e se torne um marco na luta por respeito à diversidade religiosa em Ponta Grossa. Em tempos de intolerância crescente, a iniciativa reafirma que a fé é múltipla — e que o espaço público deve acolher todas as vozes.

 

Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

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