Restrição de acesso ao Sistema de Informações da Prefeitura de PG é alvo de críticas na Câmara de Vereadores

A restrição do acesso da população ao Sistema Eletrônico de Informações (SEI) da Prefeitura de Ponta Grossa foi criticada nesta quarta-feira (12), pelo vereador Guilherme Mazer (PT). O Portal Mareli Martins já havia divulgado essa informação no mês de agosto.
A Prefeitura de Ponta Grossa publicou em Diário Oficial, no dia 15 de agosto de 2025, o Decreto nº 25.590/2025, que institui o Sistema Eletrônico de Informações (SEI) como plataforma oficial para gestão de processos administrativos internos. A medida, que já está em vigor, altera o acesso ao sistema, antes disponível ao público por meio de consulta irrestrita.
Dessa forma, o SEI passou a ser exclusivo para usuários internos da administração municipal, com níveis de acesso reservados e sigilosos, o que gera críticas sobre a falta de transparência na gestão pública.
Durante sua fala na tribuna, o vereador Guilherme Mazer voltou a denunciar a falta de transparência da Prefeitura de Ponta Grossa, destacando que o acesso às informações públicas tem sido sistematicamente dificultado.
Segundo o parlamentar, documentos são negados, relatórios não estão disponíveis e o sigilo se tornou regra na administração municipal. “O Sistema Eletrônico de Informações (SEI) simplesmente não funciona. Processos e licitações não estão acessíveis ao público, o que fere o princípio da transparência e impede o controle social”, afirmou.
Segundo o decreto, o acesso ao conteúdo dos processos administrativos só poderá ser feito mediante requerimento formal, conforme os prazos e trâmites da Lei de Acesso à Informação (Lei Federal nº 12.527/2011).
A justificativa da Prefeitura é “a necessidade de proteger informações estratégicas e evitar exposição indevida de documentos em fase de deliberação. A medida também compromete o princípio da publicidade, essencial à administração pública”.
Mudança é um retrocesso
A mudança representa um retrocesso em relação à política de dados abertos e ao controle social. Antes, era possível acompanhar a tramitação de processos administrativos diretamente no sistema, o que permitia maior fiscalização e engajamento da população.
Com a nova regra, o acesso depende de burocracia adicional, o que pode desestimular a participação popular e dificultar o trabalho de entidades fiscalizadoras.
Além disso, o decreto veda a classificação genérica de processos como sigilosos, mas não especifica critérios objetivos para essa definição, o que abre margem para interpretações subjetivas e eventuais abusos.
O documento da Prefeitura diz que “a medida visa garantir segurança e eficiência”, mas o controle excessivo sobre o fluxo de informações pode ser usado para blindar decisões controversas e limitar a opinião pública.
A transparência é um dos pilares da boa governança, a restrição ao SEI imposta pela Prefeitura de Ponta Grossa acende um sinal de alerta. É preciso que ocorra acesso claro e direto às decisões que impactam a vida coletiva. A digitalização dos processos deveria ampliar o acesso, não restringir.
O Portal Mareli Martins questionou a Prefeitura sobre as restrições impostas ao SEI, mas não recebemos retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para a Prefeitura de Ponta Grossa.
SEI foi implantado na gestão de Rangel, quando Elizabeth era vice-prefeita

O Sistema Eletrônico de Informação (SEI) foi implantado em 2017, na gestão do ex-prefeito Marcel Rangel (PSD), através do acordo de cooperação técnica com o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e com apoio do juiz federal Antônio Cesar Bochenek. Na época, Elizabeth Schmidt era vice-prefeita.
“Sem dúvidas uma revolução administrativa do serviço público municipal graças ao esforço e empenho dos parceiros, principalmente o Dr. Bochenek”, disse Elizabeth, quando era vice-prefeita.
Segundo o ex-prefeito Rangel, em 2017, o SEI foi o primeiro passo para garantir mais agilidade e modernidade no controle e trâmite de processos internos da administração de nosso município. “Teremos ganhos com a redução do consumo de papéis e impressões, reduzindo a emissão poluentes na atmosfera”, destacou.
“Onde vai parar esse governo?”, questiona vereador

O vereador Guilherme Mazer fez um alerta à própria Câmara Municipal: “Ou esta Casa assume de fato seu papel de fiscalização, ou continuará sendo um rebanho de cordeirinhos diante de um governo que governa nas sombras. Transparência é o mínimo que o povo tem direito de esperar. Onde vai parar esse governo?”, questionou Mazer.




