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Conselho suspende atividades de clínica que pretendia realizar cirurgias em animais sem anestesia adequada em Ponta Grossa

Conselho suspende atividades de clínica que pretendia realizar cirurgias em animais sem anestesia adequada em Ponta Grossa
  • Publishednovembro 25, 2025
Conselho Municipal de Defesa dos Animais suspende atividades de empresa que venceu licitação de R$ 32 milhões em Ponta Grossa e pretendia realizar castrações em animais sem anestesia correta. (Foto: PMPG)

O Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais de Ponta Grossa deliberou pela suspensão das atividades da empresa Clinicão Veterinária Popular LDTA, que “venceu” a licitação no valor de R$ 32 milhões para administrar e realizar as cirurgias (castrações) no Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR). A licitação foi repleta de irregularidades, incluindo empresas de “fachada” para dar a vitória à Clínica escolhida.

Mas de todas as irregularidades a que mais chama atenção e gera revolta é o item que trata das anestesias usadas para as cirurgias dos animais. O Portal Mareli Martins teve acesso ao documento elaborado pelo Conselho Municipal de Defesa dos Animais de Ponta Grossa.

Conforme o Conselho, a Clínica pretendia usar um tipo de anestésico que imobiliza o animal durante a cirurgia, mas que não retira a dor. Isso é uma monstruosidade e crueldade com os animais. A empresa pretendia economizar, comprando anestésicos mais baratos, mas que não seriam capazes de retirar a dor dos animais e os animais teriam consciência durante a operação, o que não é permitido.

“Considerando que o protocolo anestésico da empresa ganhadora submeterá os animais errantes e de pessoas em situação de vulnerabilidade social no município a cirurgias em um estado de imobilização, mas sem a devida anestesia (bloqueio da dor e consciência). Considerando que no momento em que o Município (pelo CRAR e clínicas credenciadas) estabeleceu um padrão de anestesia injetável de alta qualidade (o “Padrão A”, seguro e “de fato anestésico”), ele definiu o patamar mínimo de dignidade para o tratamento de animais em Ponta Grossa”, diz o documento do Conselho Municipal de Defesa dos Animais de Ponta Grossa.

Conforme o Conselho, o objetivo da empresa era de economizar, mas causando dor aos animais: “considerando que o uso de um “coquetel” com dose fixa (0,1ml por kg) para todos os animais, conforme indicado pela empresa, sem individualização, é uma prática de baixo custo e alto risco, que não se adapta às necessidades de animais idosos, doentes ou de raças diferentes”, diz o documento.

Segundo o Conselho, as clínicas atualmente credenciadas ao município de Ponta Grossa, realizam procedimento seguro e com anestesia adequada, diferente do protocolo adotado pela ganhadora da licitação.

“Considerando que a anestesiologia utilizada no município no CRAR (atualmente) e clínicas credenciadas utiliza padrões muito mais seguros que envolvem anestesia geral balanceada, utilizando fármacos diferentes para objetivos específicos (indução, manutenção e analgesia), como o Propofol (para indução rápida e segura) ou combinações que garantem inconsciência total e bloqueio completo da dor, além de monitoramento constante”.

Outras irregularidades

O Conselho de Defesa dos Animais apontou diversas irregularidades no processo de licitação:

Superfaturamento, fraude nos preços, inclusão de “empresas fantasmas” com preços falsos para facilitar a vitória da Clínica que “venceu” a licitação”.

Visita dos servidores organizadores do processo licitatório a Joinville/SC antes do processo, para conhecer o serviço da exata empresa que viria a ganhar, é um indício de direcionamento, podendo ter ocorrido a “escolha” da empresa primeiro e a “montagem” da licitação depois, em vez de fazer um processo aberto.

Não houve respeito e aplicação do Princípio da Competitividade (que estabelece que o processo deve buscar a proposta mais vantajosa através da competição e, no caso, a competição pode ter sido frustrada desde a fase de planejamento), fazendo com que o processo já nascesse “viciado” para que a empresa CLINICAO CLINICA VETERINARIA POPULAR LTDA ganhasse, o que, de fato,

Violação do Princípio da Isonomia (Igualdade), pois a

licitação pode ter sido “desenhada” para a empresa CLINICAO CLINICA VETERINARIA POPULAR LTDA, que teve informações privilegiadas (pois ela mesma pode ter definido o preço-teto) e as “concorrentes”

VEJA A MANISFETAÇÃO COMPLETA DO CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DOS ANIMAIS DE PONTA GROSSA

Deliberacao_01_2025_assinado conselho dos animais

Prefeitura de Ponta Grossa ainda não se manifestou

O Portal Mareli Martins questionou a Prefeitura de Ponta Grossa sobre a crueldade que os animais seriam submetidos por meio da clínica contratada e a respeito de todas as irregularidades do processo licitatório. Até o fechamento da reportagem não houve resposta da Prefeitura.

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