“Bolsonaro não consolidou o combate à corrupção”, diz Sérgio Moro à Rádio Clube


Em entrevista exclusiva à Rádio Clube e ao Blog da Mareli Martins, nesta quarta-feira (29), o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro (União Brasil), falou sobre a possibilidade de disputar uma vaga no Senado, nas eleições de 2022. (Ouça a entrevista no final do texto)
Embora não tenha confirmado que vai disputar o Senado, Sérgio Moro afirmou que se for eleito senador, será oposição a “qualquer um dos extremos”, que possa vencer a eleição, se referindo a Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula (PT).
“Eu me proponho a fazer oposição a qualquer um dos extremos. Eu condenei o Lula, como todos sabem. E saí do governo Bolsonaro porque não houve interesse do governo em consolidar o combate à corrupção. Então se eu estiver no Senado e um desses extremos for presidente, claro que serei uma forte oposição”, disse Sérgio Moro.
Questionado sobre sua passagem pelo governo Bolsonaro, como ministro da Justiça, Sérgio Moro foi cauteloso, mas destacou que não houve interesse do governo de Bolsonaro em fortalecer o combate à corrupção.
“Não entrei no governo por um cargo e sim por um projeto. Mas me disseram que eu teria que abandonar o projeto para continuar no governo ou abandonar o governo. E eu preferi deixar o governo. O meu projeto sempre foi combater a corrupção. Como ministro da justiça, embora não consegui avançar no combate a corrupção por falta de apoio do presidente Bolsonaro, fomos firmes contra o crime organizado”, destacou Moro.
A desistência da disputa à Presidência da República
Durante entrevista à Rádio Clube, Sérgio Moro foi questionado sobre sua desistência da disputa à Presidência da República. O ex-juiz disse que faltou estrutura partidária.
“Meu nome foi colocado como opção à polarização, mas faltou estrutura partidária do Podemos para essa candidatura. Eu fui para o União Brasil, que é um partido maior, melhor estruturado, mas não tinha a garantia da legenda e não consegui viabilizar a candidatura. Mas se as pessoas estão insatisfeitas e não querem nem Lula e nem Bolsonaro, tem que entender que os outros cargos fazem a diferença nisso, governadores, deputados e senadores”, disse.
Moro disse que o senador Alvaro Dias do Podemos não é seu padrinho político
“Tenho um grande respeito pelo Alvaro Dias, mas ele não é meu padrinho político. Minha carreira foi construída na magistratura, em especial as pessoas lembrar por causa da Lava Jato. Se tiver que concorrer com o Alvaro ao Senado vamos ver lá na frente, mas não vejo problemas”.
“Serei oposição aos dois extremos”, diz Sérgio Moro
Moro disse que se for senador pretende ser uma forte oposição em caso de eleição de Lula ou Bolsonaro.
“Se o Lula for eleito será uma tragédia, condenei o Lula e afirmo que se for eleito será uma tragédia. E eu fui do ministério da justiça e deixei o governo Bolsonaro porque não houve apoio no combate à corrupção. Então se qualquer um dos extremos for eleito, serei uma forte oposição aos extremos”, afirmou.
“Lula absolvido e candidato é um tapa na cara do povo honesto”
Sérgio Moro reafirmou que não “houve excessos na Lava Jato” e repudiou a candidatura de Lula à Presidência
“Lula absolvido e candidato é um tapa na cara dos brasileiros honestos, para todo trabalhador. Todos os trabalhadores honestos devem entender isso como um tapa na cara. Eu proferi a condenação em primeira instância, mas o Lula foi condenado em primeira segunda instância. E depois vem o STF e anula as sentenças, dizendo que teve perseguição ao Lula e nunca teve isso. E não disseram que ele é inocente, disseram que teve perseguição e não teve. Nunca houve excessos na Lava Jato. A Petrobras recuperou mais de seis bilhões por conta da Lava Jato”, afirmou.
“Querem impedir minha candidatura”
Sérgio Moro enfrenta problemas com pessoas que pedem a impugnação de sua filiação ao União Brasil, mas garantiu que está dentro da legalidade. Moro afirmou que grupos políticos querem impedir sua candidatura.
Tem gente preocupado com meu nome na politica, pensam em seus próprios interesses. Tem muitos trabalhando pra impedir que eu possa disputar. Um dos partidos é o PT, que não me quer na politica por ter condenado o lula. Eles tem medo de me enfrentar nas urnas, mas eu sempre digo que vamos discutir isso nas urnas. Minha filiação está dentro da legalidade”.
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