Jovem preso em PG por apologia ao nazismo planejava ataque
Foi preso em flagrante nesta quinta-feira (8) em Ponta Grossa um homem de 21 anos de idade pelos crimes de apologia ao nazismo e posse irregular de munição. A Polícia Civil realizou mandados de busca e apreensão em dois endereços no bairro de Uvaranas.
Segundo a Polícia Civil do Estado do Paraná, os materiais apreendidos na operação são evidências claras de promoção de ideologia nazista e veneração a figuras como Adolf Hitler e autores de atentados em massa. A legislação brasileira entende como crime a divulgação de nazismo, que é previsto na Lei nº 7.716/89, com pena de até cinco anos.
Durante a execução dos mandados foram confiscados diversos itens associados a ideologias nazistas, como bandeiras e desenhos; duas armas de airsoft; várias facas; dois coletes balísticos; munições; imagens de Adolf Hitler e equipamentos eletrônicos.
Publicações de extrema gravidade em plataformas digitais, identificadas e monitoradas por uma força-tarefado 2º Distrito Policial de Ponta Grossa, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) e da inteligência da Polícia Civil, deram início à investigação. De acordo com as autoridades, o suspeito já estava em fase avançada de planejamento de um ataque em massa.
A investigação revelou que o suspeito comprou equipamentos similares aos usados pelo terrorista responsável pelo ataque em Christchurch, na Nova Zelândia. Uma publicação recente em que mencionava suicídio, comportamento comum em autores de atentados em massa, aumentou o alerta das autoridades sobre a iminência da ação.
Em suas redes sociais, o suspeito fazia postagens com teor extremista e racista. Em uma publicação, o mesmo dá a entender que não estava preocupado em ser encontrado pelas autoridades. “Um bando de obesos que só ficam sentados postando merda vão ‘provavelmente’ ser investigados enquanto o pessoal que é realmente problema vão ficar susse (eu) .MÓ PAZ”, escreveu em uma postagem.
O delegado da Polícia Civil, Derick Moura Jorge, esclareceu ao blog da Mareli Martins quais serão os próximos passos da investigação. “Agora a linha de investigação é analisar os aparelhos eletrônicos apreendidos, o celular e o notebook, até para verificar se realmente o ato é algo individual e autônomo ou se está vinculado a algum outro grupo com mais pessoas envolvidas”, afirma o delegado.
Segundo o oficial de justiça, o suspeito é réu primário e não tem passagem pela polícia. “Não há nenhum registro de que ele tenha participado no passado de grupos envolvidos com ideias extremistas”. O suspeito também alega não ter tido a intenção de realizar o suposto ataque em massa.
Em relação ao procedimento da Polícia Civil em casos de apologia ao nazismo e planejamento de ataque violento, o delegado explica que primeiro é feita uma verificação da procedência da informação, depois são realizadas diligências para identificar o autor e sua localização e na sequência são executadas ordens imediatas ou busca e apreensão.
“Durante a busca foi identificado a identidade do indivíduo e a autoria e por esse motivo ele acabou sendo preso”, conta o oficial.
O detido foi levado à cadeia pública local, e permanece à disposição da Justiça. A Polícia Civil continua investigando para verificar o possível envolvimento de outros e a extensão dos planos do suspeito.
O que diz a defesa do acusado
Os advogados Yuri Kozan e Marcos Fernando Frederico disseram que o acusado foi preso por “publicar postagens de adolescentes nas redes sociais” e destacaram que as publicações eram “de mal gosto”.
Crimes
O crime de apologia ao nazismo é previsto na Lei nº 7.716/89, que determina pena de multa e até cinco anos de prisão para quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
O crime de posse irregular de munição consta na Lei nº 10.826/03, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição. Para ele, a pena prevista é de até três anos de prisão.
Publicações na internet
A investigação teve início após o trabalho conjunto do 2º Distrito Policial de Ponta Grossa, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) e de unidades de inteligência da Polícia Civil, que identificaram e monitoraram publicações consideradas de extrema gravidade em plataformas digitais.
(Com a colaboração de Levi de Brito Cantelmo, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Blog da Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
