
O senador Sergio Moro (União Brasil) criticou nesta sexta-feira (18) as restrições determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de operação da Polícia Federal. Moro já foi ministro da Justiça na gestão de Bolsonaro e antes foi juiz da Operação Lava Jato.
As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Segundo a decisão, Bolsonaro estaria tentando obstruir a Justiça e influenciar depoimentos de outros réus, o que justificaria a adoção de medidas cautelares severas. Além da tornozeleira, o ex-presidente está proibido de se ausentar do Distrito Federal, falar publicamente sobre o caso e interagir em plataformas digitais, direta ou indiretamente, além de ficar em casa entre 19h e 6h e se recolher em casa nos fins de semana.
O senador Sergio Moro disse que ao impor estas restrições o STF “abre um precedente perigoso”. E afirmou que “é um direito da pessoa se manifestar”, se referindo ao fato de que Bolsonaro está proibido de usar as redes sociais e de se comunicar com pessoas investigadas.
“Não podemos concordar com essa restrição de manifestação de Bolsonaro ou de qualquer acusado em um processo”, disse o senador em áudio distribuído por sua assessoria de imprensa.
Moro também fez uma comparação como a situação de Bolsonaro e a prisão de Lula, na Lava Jato. “Vou fazer um comparativo entre o que está acontecendo com o Bolsonaro com o que a gente viu no processo do Lula. O Lula nunca foi proibido de se manifestar publicamente, ou dar entrevista e se posicionar em rede social antes do julgamento, no caso da Lava Jato. Nem por mim, nem pelo Tribunal Regional Federal, nem por qualquer corte. É um direito da pessoa poder se manifestar. E sobre a forma que essa pessoa vai se manifestar o Estado não pode interferir. Ao meu ver é um precedente perigoso’, declarou.
Sobre a taxação de Trump de 50% nos produtos brasileiros, Moro disse que é preciso diálogo para resolução. “No fundo, a gente tem que agora sentar e para dialogar com firmeza, com altivez com o governo norte-americano para evitar que essas tarifas se concretizem. Estou vendo com muita preocupação essa escalada, que pode dificultar o estabelecimento de pontes e negociações com o governo norte-americano. Nossa economia, inclusive, aqui do Paraná, vai ser atingida e tudo tem que ser feito para que isso não ocorra. Nos assuntos internos de justiça, é uma questão nossa, a ser trabalhada”, afirmou.
Ouça a declaração de Moro
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