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Vice-prefeito e nove secretários de PG se unem em ação que busca aumento de salários em 100%

Vice-prefeito e nove secretários de PG se unem em ação que busca aumento de salários em 100%
  • Publishedagosto 12, 2025
Vice-prefeito e nove secretários de PG se unem em ação que busca aumento de salários. Na foto, estão todos os secretários, o vice e a prefeita. (Foto: PMPG)

A Prefeitura de Ponta Grossa se encontra, novamente, em meio a mais uma polêmica: enquanto pede mais dinheiro do bolso do cidadão com aumento de impostos, tenta aumentar os salários de seus maiores cargos, mesmo com a Justiça proibindo por quatro vezes.

O vice-prefeito de Ponta Grossa, Moisés Elias Ribas Faria, e nove secretários municipais protocolaram, nesta segunda-feira (11), uma manifestação na Justiça para defender o aumento de até 100% nos próprios salários e tentar barrar a Ação Popular que pede a anulação da Lei Municipal nº 15.385/2024. Sendo R$ 22 mil para os secretários, R$ 16 mil para o vice-prefeito e R$ 32 mil para a prefeita.

A Justiça já rejeitou o pedido de aumento salarial por quatro vezes. Após a primeira decisão da Justiça, a Prefeitura recorreu por duas vezes e, na sequência, a secretária de Administração, Isabele da Veiga Moro, entrou com um novo pedido para liberar esses aumentos. A Prefeitura perdeu todos os recursos e em todas as esferas judiciais.

No novo recurso para tentar aumentar os salários em 100% assinam ao lado do vice-prefeito Pastor Moisés, os secretários: Claudio Grokoviski (Fazenda), Edgar Hampf (Projetos Estratégicos- pasta que foi criada em 2025), Faynara Cristina Merege Barbosa (Indústria, Comércio e Qualificação Profissional), Gustavo Schemim da Matta (Procurador-Geral do Município), Isabele da Veiga Moro (Administração), Izaltino Cordeiro dos Santos (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Juliano Jaronski (Controlador-Geral), Luiz Henrique de Souza Honesko (Infraestrutura e Planejamento) e Marilei de Fátima Ferreira Gonçalves (Recursos Humanos).

O aumento permanece suspenso há oito meses por decisão judicial, desde que foi concedida liminar em dezembro de 2024, atendendo ao pedido formulado na própria Ação Popular.

Desde então, o Tribunal de Justiça do Paraná já confirmou a medida em decisões posteriores, reforçando a ilegalidade apontada pelos autores da ação e impedindo que os novos valores fossem incorporados à folha de pagamento da cúpula do Executivo municipal.

Na peça apresentada o grupo pede que o processo seja extinto sem julgamento, alegando “via inadequada” para a ação. Segundo a própria manifestação apresentada à Justiça, a Lei Municipal que determina o aumento representa um acréscimo de R$ 450.067,99 por mês aos cofres públicos.

Na defesa, o vice- prefeito e os secretários afirmam que “o aumento questionado na ação popular — que já foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça do Paraná em casos semelhantes — não é uma prática que se restringe a Ponta Grossa”

Os réus mencionam que “os reajustes concedidos pelo Governo do Estado do Paraná, aplicados na esfera estadual, seguiram a mesma lógica”.

 

O que está sendo questionado na ação

A lei questionada foi aprovada apenas 17 dias antes do fim do mandato, garantindo 100% de aumento para secretários e 56% para prefeita e vice, além de criar o pagamento de um décimo terceiro subsídio para toda a cúpula política do Executivo municipal.

Segundo os autores na ação, a aprovação ocorreu dentro do prazo vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe o aumento de despesas com pessoal nos últimos 180 dias de mandato. Conforme a petição inicial, essa restrição existe justamente para evitar que gestores comprometam o orçamento da gestão seguinte ou realizem trocas de favores políticos que beneficiem aliados logo após terem vencido a eleição.

Os autores ressaltam que nenhum estudo de impacto orçamentário financeiro foi apresentado antes da votação — exigência expressa da lei de responsabilidade fiscal. Conforme a ação, sem esse estudo, não é possível aferir a real capacidade financeira do município para absorver o gasto adicional de quase meio milhão de reais por mês.

Além disso, afirmam que não houve a autorização formal do ordenador de despesas, documento obrigatório para validar a criação de encargos dessa natureza. A ausência desse ato administrativo comprometeria, segundo eles, a legalidade de todo o processo legislativo que resultou no aumento.

Ainda conforme a inicial, o aumento foi apresentado à população como uma estratégia para atrair e reter médicos na rede municipal. Contudo, o texto final da lei teria como verdadeiro objetivo beneficiar também o vice-prefeito e secretários de todas as pastas, sem qualquer prova de que a medida teria impacto positivo na contratação ou permanência de médicos.

 

Prefeitura economizou R$ 2 milhões com a suspensão da Justiça

Um dos autores da ação popular que derrubou o aumento dos salários da prefeita, do vice e dos secretários, o professor de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Sérgio Luiz Gadini, disse que a prefeitura economizou com a proibição de aumento dos salários.

“A decisão judicial provocada por ação popular implicou em uma economia, de janeiro a julho de 2025, em mais R$ 2 milhões de reais aos cofres do Município”, disse.

Vale ressaltar que a Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Ponta Grossa, também se manifestou sobre o tema, elaborando parecer técnico que conclui pela nulidade da norma. O documento destacou, entre outros pontos, que os reajustes foram aprovados sem estudo de impacto, sem justificativa técnica, em percentuais considerados desproporcionais e incompatíveis com a realidade econômica do município.

 

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