Servidores protestam contra a terceirização da merenda nas escolas municipais em Ponta Grossa


Merendeiras das escolas municipais de Ponta Grossa lotaram as galerias da Câmara Municipal, durante a sessão, em protesto contra a terceirização do serviço. A iniciativa da Prefeitura é contratar uma empresa, ao custo de R$ 96 milhões, para servir cerca de 90 mil refeições às crianças matriculadas em instituições da rede municipal de ensino. O edital está momentaneamente suspenso para ajustes, segundo a Prefeitura.
O presidente do Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Ponta Grossa (SindServ), Luiz Eduardo Pleis, pediu para falar da tribuna da Câmara, mas foi impedido por não ter se inscrito anteriormente. Ele deverá ocupar o espaço na próxima sessão, na segunda-feira (25)
O protesto também ocorreu em frente à Prefeitura de Ponta Grossa e conforme o SindServ o governo municipal não recebeu os manifestantes.
Todos os vereadores que ocuparam a tribuna falaram sobre o projeto de terceirização, e o vereador Geraldo Stocco (PV), apresentou um aditivo à lei de sua autoria aprovada e sancionada em 2024, que proíbe a terceirização das escolas municipais. Segundo ele, o objetivo do inciso é impedir que sejam terceirizados quaisquer serviços nas escolas.
Além disso, ele também ingressou no Ministério Público contra a possível entrega da merenda escolar à iniciativa privada. Em nota ele lembrou que esta tentativa de privatização foi feita sem qualquer diálogo prévio com a Câmara ou com a população.
“Não vejo sentido em mexer num serviço que funciona tão bem e com um investimento tão alto. Até onde nos consta o valor mínimo do edital [R$ 96 milhões] é o dobro do que a Prefeitura gasta hoje com merenda”, disse Stocco.
Já no pequeno expediente, o vereador Pastor Ezequiel (DC), líder do governo na Câmara, também falou sobre a proposta.
Segundo ele, nenhum dos que discursaram contra a terceirização buscou maiores informações a respeito e “falaram sem saber o que é realmente este projeto.” Segundo ele, não existe a possibilidade de que as crianças recebam marmitas e que as comidas continuarão sendo feitas nas escolas. “Nada de marmitas, nada de restringir as crianças de fazerem sua alimentação”, ressaltou.
Ao final da sessão, Ezequiel foi convidado a conceder entrevista ao Portal Mareli Martins, mas disse que não podia falar pois não dispunha de todas as informações necessárias.
“Eu não vou falar assim. Vou lá buscar mais informações. Então não vou falar sem ter todos os detalhes, pois posso responder uma coisa que não é e fica ruim”, afirmou.
O que diz o SindServ
De acordo com o presidente do SindServ, na próxima semana não deverá ocorrer nova manifestação nas galerias da Câmara, mas ele se pronunciará na tribuna, durante o Grande Expediente.
O sindicato, juntamente com o legislativo municipal, deve realizar uma audiência pública para debater o assunto. A data ainda não está definida.
Depois da sessão da Câmara, as merendeiras se dirigiram à frente da Prefeitura Municipal para mostrar a força dos servidores mobilizados.
Segundo Luiz Pleis, o objetivo era dizer à prefeita Elizabeth Schmidt “que nós sempre seremos contrários a esse tipo de atitude do Governo Municipal que é terceirizar, que é vender, de certa forma, um serviço que é de responsabilidade do próprio Executivo e que hoje é executado com maestria por estes servidores”.
O presidente do Sindicato informou que foi solicitada uma audiência com a prefeita ou algum representante, para pedir o cancelamento definitivo da licitação, mas não houve resposta da Prefeitura.
“Não acabou hoje. Teremos outros movimentos, até que o projeto de terceirização seja totalmente cancelado pelo Poder Executivo” lembrou Luiz.
Para Pleis, a retirada da licitação “de certa forma, significa um recuo (da Prefeitura), pois a proposta inicial continua muitas falhas, irregularidades e problemas”. No entender do sindicalista, a proposta deveria ser cancelada em definitivo, pois, segundo ele, não há como justificar a terceirização.
Prefeitura
O Portal Mareli Martins encaminhou questionamentos à Prefeitura de Ponta Grossa, mas, até o fechamento da matéria ainda não recebemos o retorno da Prefeitura. O espaço continua aberto para manifestações.
Veja mais imagens do protesto (Fotos: Eder Carlos Wehrholdt)
Com a colaboração de Eder Carlos Wehrholdt, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Portal Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).