A Câmara de Ponta Grossa vai votar na próxima segunda-feira (1º), o projeto de emenda à Lei Orgânica Municipal que aumenta o número  de vereadores de 19 para 23. A proposta de aumento de vereadores tem como autores Izaías Salustiano (PL), Jairton da Farmácia (União Brasil), Léo Farmacêutico (PSD), Josi Kieras (PT) (era do Psol quando fez a proposta), Missionária Adriana Jamier (PL) e os que atuaram por um período como vereadores Sargento Guiarone (PRTB) e Professor Careca (PSB).

Como são os próprios vereadores que vão decidir é evidente que a proposta será aprovada, pois a medida facilita a eleição dos parlamentares.

Atualmente são 19 vereadores que recebem o salário de R$ 10.448,82, vale-alimentação de R$ 700,00. E o presidente recebe o salário e mais R$  R$ 5.224,41.

A votação do aumento salarial e a criação do vale-alimentação dos vereadores foi a “toque de caixa” no dia 24 de maio de 2023. O projeto não constava na ordem do dia e a votação ocorreu em apenas vinte minutos. No mesmo dia, os vereadores aumentaram também o número de cargos comissionados.

Evidentemente que o aumento de cadeiras na Câmara vai custar mais caro para o bolso da população de Ponta Grossa.

Os defensores do projeto alegam que o “objetivo é aumentar a representatividade”. Mas o problema é que a população de Ponta Grossa já questiona “se de fato existe representatividade com os atuais 19 vereadores?”

A atual legislatura é uma das mais criticadas de todas as que passaram pela Câmara dos Vereadores, principalmente pela omissão em temas importantes para a cidade ou participação em decisões que prejudicam a cidade.

Um exemplo disso foi a renovação com a empresa Viação Campos Gerais (VCG) no transporte coletivo, o repasse de dinheiro o povo para a VCG, a omissão em relação ao saneamento da cidade, dando carta branca para a prefeita Elizabeth Schmidt (PSD) renovar por 25 anos com a Sanepar, sem ouvir as demandas de Ponta Grossa.

Além disso, a atual legislatura tem vereadores envolvidos em escândalos ainda não esclarecidos ao eleitorado.

Felipe Passos (PSDB) é investigado por crimes eleitorais e já foi condenado em primeira estância pelos crimes de rachadinha e assédio sexual, mas segue normalmente na Câmara e será membro da comissão que vai discutir o aumento do número de vereadores. Isso é representatividade?

Também nesta legislatura, o PRTB teve o segundo vereador afastado por envolvimento em escândalos de corrupção, dizem até que é amaldiçoada a vaga do PRTB em Ponta Grossa.

Primeiro, em 2020, Waltão foi preso pelo Gaeco na Operação Saturno, que investiga o mal estar da cidade, digo EstaR Digital. Depois ele renunciou ai cargo dando lugar a Celso Cieslak, que em 2023 foi afastado pelo Ministério Público na investigação do Gaeco, chamada de Pactum. Mesmo com o retorno de Celso ao cargo, a investigação continua e os crimes ainda não foram esclarecidos! Os crimes investigados envolvem corrupção na saúde e fraude em licitações. Depois disso, Guiarone assumiu a vaga do PRTB e por enquanto não se envolveu em nenhum escândalo!

Falta de transparência

A Câmara de Ponta Grossa também é conhecida por impedir que a população e a imprensa acompanhem as investigações que estão em andamento: Comissão Parlamentar Processante (CPP) do caso de Celso Cieslak (corrupção na saúde e fraude em licitações. E também da CPP sobre a investigação de Felipe Passos.

Câmara alinhada sempre com o governo municipal independente se ocorre prejuízo para população

A atual legislatura também é marcada pela conivência com tudo que vem do governo de Elizabeth Schmidt (PSD), mesmo que as medidas não sejam boas para a população.

Resta como oposição apenas a vereadora Joce Canto ex-PSC, agora no PP da bolsonarista e investigada pelo STF, Keyla Ávila, mas que não poderia ser diferente por questões eleitorais ligadas ao seu pai, o ex-prefeito Jocelito Canto (PSDB) e a irmã, deputada Mabel Canto (PSDB). No entanto, em votações importantes, como a do transporte coletivo, por exemplo, Joce Canto, ficou em cima do muro, com a famosa “abstenção”, que não ajuda em nada! Ou seja, é uma oposição que deixa a desejar e mais parece uma garota de recados do pai.

Os demais que se diziam oposição ou mudaram de lado por ordem do deputado que representam ou porque fizeram “acordos” com o governo municipal.

Falta de fiscalização

A cidade de Ponta Grossa sofre em diversas áreas como saúde e infraestrutura nos bairros e é evidente a falta de fiscalização por parte da Câmara de Ponta Grossa. E até mesmo as CPis viram alvo de investigação. Falta pouco pra sair a CPI das CPIs em Ponta Grossa!

E junto com tudo isso ainda podemos citar os projetos polêmicos, como proibir que as pessoas façam caminhada com seus cães nos parques da cidade (foi retirado depois da polêmica), mudança de nomes de ruas já existentes, aprovação das contas de ex-prefeitos que mereciam o contrário, entre outras questões.

Questionamentos aos leitores

Diante de tudo isso e de outros fatos não mencionados no texto ficam algumas perguntas aos leitores.

No caso da Câmara de Ponta Grossa, vale mais a quantidade ou a qualidade dos vereadores? Adianta aumentar o número e a população continuar sem a tal da representatividade? O aumento de cadeiras na Câmara vai ocorrer simplesmente para facilitar a eleição dos vereadores? Qual é a tua opinião?

Responda no espaço dos comentários do Blog da Mareli Martins, também pelo email marelimartins@gmail.com ou pelas redes sociais do blog.

ACIPG E CDEPG EMITEM NOTA CONTRA O AUMENTO DE VEREADORES EM PG

Nota da Acipg

“A Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg), entidade representativa do setor produtivo da nossa cidade, vem por meio desta manifestar o seu posicionamento contrário ao projeto de aumento de vereadores em Ponta Grossa.

A nossa opinião é baseada na pesquisa que realizamos com os nossos associados, que mostrou que a maioria deles é contra a ampliação do número de cadeiras na Câmara Municipal. Entendemos que essa medida não trará benefícios para a população, mas sim mais custos para o erário público.

Acreditamos que a representatividade se dá pela atuação efetiva e pelo entendimento do trabalho de um parlamentar, e não pelo aumento no número de representantes. Defendemos que os recursos que seriam gastos com mais vereadores sejam investidos em áreas prioritárias para a nossa cidade, como educação, saúde e segurança.

A Acipg espera que os atuais vereadores respeitem a vontade da maioria dos ponta-grossenses e rejeitem esse projeto, que só favorece os interesses políticos de alguns grupos. Queremos uma Câmara Municipal mais enxuta, transparente e comprometida com o desenvolvimento de Ponta Grossa”.

NOTA DE REPÚDIO DO CDEPG

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ponta Grossa, repudia veementemente a proposta do aumento do número de vereadores da Câmara Municipal, tendo em vista que tal procedimento afeta diretamente as medidas que visam o desenvolvimento econômico, social e sustentável da cidade, objetivos e finalidade deste Conselho.

O Conselho acredita que o aumento do número de vereadores implicará no aumento de custos para o erário, valor que poderia ser aplicado no investimento no Desenvolvimento Local. Além disso, o aumento pretendido não garante de forma alguma a maior representatividade dos munícipes junto ao poder legislativo.

A representatividade popular é realizada pela atuação ativa, combativa e comprometida de cada vereador eleito, ações que esperamos de nossos legisladores e, jamais pelo aumento do número de cadeiras de vereadores.

Ademais, salientamos que não se trata apenas do aumento de mais 4 cadeiras representativas do poder legislativo, mas também do aumento do número de assessores, diárias parlamentares, material de expediente, manutenção de novos gabinetes, entre outros gastos.

Assim e por derradeiro, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ponta Grossa externa publicamente total repúdio quanto a proposta de aumento do número de vereadores na Câmara Municipal de Ponta Grossa.