Ministro de Bolsonaro e ruralistas se reúnem a portas fechadas para discutir extinção do Parque Nacional dos Campos Gerais

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que uma nova demarcação pode ser feita na área do Parque Nacional dos Campos Gerais. (foto: Plano News)
Nesta quarta-feira (1º), feriado do Dia do Trabalhador, o ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro (PSL), Ricardo Salles, deu mais uma demonstração de que transparência não é o forte deste governo. E parece que o meio ambiente também não está entre as prioridades do ministro.
Ricardo Salles esteve em Ponta Grossa para discutir o fim do decreto de criação do Parque Nacional dos Campos Gerais. Este assunto é de interesse público, sendo assim, deveria ter sido discutido de forma pública e transparente, porém não foi o que aconteceu. O ministro esteve nas terras de gente interessada na extinção no Parque. Além de ruralistas participaram do encontro algumas lideranças políticas.
O ministro se reuniu com os ruralistas, na propriedade de Douglas Taques Fonseca, que também é o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg). A reunião foi a portas fechadas, sendo proibida a participação da imprensa.
A proposta de extinção do Parque foi feita pela deputada da cidade de Castro e eleita na “onda Bolsonaro”, Aline Sleutjes (PSL). A Deputada disse em sua rede social “que há mais de quinze anos o parque tem trazido problema para os produtores rurais”.
O Parque Nacional dos Campos Gerais possui mais de 21 mil hectares, com áreas que abrangem os municípios de Carambeí, Ponta Grossa e Castro. O decreto de criação do Parque é de 2006 e foi feito para proteger um dos últimos remanescentes de Campos Naturais do Paraná, estado que devastou 99% desse ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica.
Parte dos ruralistas defende que seja feita uma nova demarcação e que o decreto seja anulado. A discussão em Ponta Grossa pode acelerar o processo de regularização fundiária. Porém, a deputada Aline Sleutjes, ao defender a extinção do parque, desconhece o fato de que anular o decreto não é juridicamente possível, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) pacificou a questão no ano passado ao decidir que diminuição ou extinção de unidade de conservação só pode ocorrer através de lei.
As atuações do ministro em relação aos temas importantes para o meio ambiente tem sido preocupantes em todo país do ponto de vista ecológico. Ele defende que sejam flexibilizadas as leis ambientais, por exemplo, facilitando o desmatamento e descaso com a natureza.
O ministro deixa claro que defender o meio ambiente não é com ele não! Salles administra sempre com um olhar para mineradores e ruralistas. É algo do tipo, “se precisar derrubar, que derrubem”.
Antes de vir à Ponta Grossa, o ministro enfrentou protestos em Curitiba e chegou a desmarcar eventos por conta das manifestações de ambientalistas.
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