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Jogador do América-MG é solto após prisão em flagrante por suposto caso de racismo

Jogador do América-MG é solto após prisão em flagrante por suposto caso de racismo
  • Publishedmaio 5, 2025

 

Jogador do América-MG é solto após prisão em flagrante por suposto caso de racismo. Foto: Mourão Panda/América.

O meia do América-MG, Miguelito, que havia sido preso em flagrante pelo crime de racismo contra o atacante do Operário, Allano, foi liberado na tarde desta segunda (5) e vai responder à justiça em liberdade. O caso aconteceu durante a disputa entre o Operário e o América-MG, válida pela série B do Campeonato Brasileiro, realizada no domingo (04), no estádio Germano Kruger, em Ponta Grossa.

Miguelito ficaria preso até a audiência de custódia, entretanto, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ/PR) acatou o pedido da defesa do jogador e concedeu ao mesmo liberdade provisória. Segundo o TJ/PR, o atleta foi liberado por não representar ameaça à ordem pública.

O  suposto caso de racismo aconteceu aos minutos do primeiro tempo após uma disputa de bola que resultou em falta marcada a favor do time da casa. Na ocasião, Miguelito teria usado a expressão ‘preto do caralho’ referindo-se a Allano. Após tomar ciência do ocorrido, o árbitro Alisson Furtado utilizou o protocolo antirracista da Fifa e CBF e parou a partida por 15 minutos.

A ofensa racial foi confirmada não apenas por Allano, mas também pelo volante e capitão da Ofec, Jacy, que presenciou o ato. Após o término da partida, os três jogadores foram conduzidos pelas autoridades até a 13° Subdivisão Policial de Ponta Grossa para prestarem depoimento.

De acordo com o delegado Gabriel Munhoz, responsável pelo caso, a equipe de investigação está à procura de provas que confirmem a injúria racial. “Em que pesa as imagens oficiais da transmissão não captarem o momento em que ele (Miguelito) fala a ofensa, pois estava de costas para a câmera, tanto a Polícia Civil quanto o advogado do Operário já entraram em contato com os canais responsáveis para tentar obter uma imagem de outro ângulo que comprove essa fala sendo dita”.

Depois de ser ouvido, Miguelito foi autuado em flagrante pelo crime de injúria racial, previsto no artigo §2º-A, da Lei nº 7.716/89. A legislação estabelece uma pena de reclusão de até cinco anos, além de multa, para quem “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.

Em nota publicada nas redes sociais, o Operário afirma repudiar com veemência qualquer ato de racismo e que está buscando provas para confirmar o crime e tomar as medidas cabíveis diante da situação. O clube também diz estar prestando todo o apoio necessário a Allano.

 Em um pronunciamento oficial publicado nas redes sociais, Allano disse que “ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável”. O atleta também agradeceu ao apoio que recebeu do clube e do público.

O presidente do conselho de administração do América-MG, Alencar da Silveira Jr manifestou apoio ao jogador Miguelito. O dirigente afirma que foi feita uma uma apuração interna onde foi constatado que as acusações feitas são infundadas e não há qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possam ser interpretadas como discriminatórias.

Na tarde desta segunda-feira (5) o América-MG publicou uma nota oficial dizendo que Miguelito prestou seu depoimento às autoridades, no qual o mesmo nega a prática do delito. O clube também afirma confiar na palavra do atleta e que está oferecendo todo o suporte possível.

Até o momento da produção desta matéria, a Confederação Brasileira de Futebol disse que, por enquanto, não vai se manifestar sobre o caso, mas ressalta que o protocolo antiracismo foi “seguido à risca”.

 

NOTA OPERÁRIO

O Operário Ferroviário Esporte Clube repudia com veemência qualquer ato de racismo. Durante a partida de hoje (04), diante do América-MG, o nosso atleta Allano relatou ter sido vítima de ofensas racistas por parte do jogador Miguelito, da equipe adversária.

O clube está buscando as imagens e demais elementos que possam confirmar os fatos e tomará todas as medidas cabíveis diante da gravidade da situação.

Reforçamos que o Operário está prestando todo o suporte necessário ao atleta Allano e seguirá firme em seu compromisso com a luta contra o racismo, dentro e fora de campo. Não vamos tolerar nenhuma forma de discriminação.

NOTA AMÉRICA-MG

O atleta Miguel Terceros, acusado de injúria racial durante a partida do último domingo (4), contra o Operário, em Ponta Grossa, no Paraná, prestou depoimento e os esclarecimentos necessários junto à autoridade policial, negando a prática do delito, e retorna ainda hoje para Belo Horizonte.

O América confia na palavra de seu atleta e está oferecendo todo o suporte para auxiliá-lo neste caso. O Clube reafirma seu compromisso inabalável no combate ao racismo. Esses valores são inegociáveis, e o América Futebol Clube repudia veementemente qualquer ato de preconceito e discriminação.

 

PRONUNCIAMENTO ALLANO

Venho, por meio desta nota, me manifestar sobre o episódio lamentável de injúria racial que sofri durante a partida entre Operário e América Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade.

Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável. Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez.

O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia.

Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, à minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça.

Com a colaboração de Levi de Brito Cantelmo, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Blog da Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

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