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Pesquisadora da UEPG aponta desafios de Ponta Grossa para implantar plano de arborização urbana

Pesquisadora da UEPG aponta desafios de Ponta Grossa para implantar plano de arborização urbana
  • Publishedjunho 13, 2025
“Arborização é responsabilidade municipal”, diz pesquisadora Sênior da UEPG, Silvia Méri Carvalho. (Foto: Jornalismo/UEPG)

O Portal Mareli Martins é parceiro do serviço de extensão do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), numa iniciativa de produzir conteúdos detemática sobre meio ambiente (pautas, reportagens e entrevistas completas) para os veículos locais, como um serviço de agência de notícias aberto. A produção é feita por estudantes de Jornalismo, com a orientação/supervisão dos professores coordenadores do projeto.

Silvia Méri Carvalho, professora Pesquisadora Sênior do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), desenvolve projetos de pesquisa e extensão sobre arborização urbana e viária. Coordenadora do V Fórum Paranaense de Arborização Urbana, que começou na quinta-feira (12) e segue até sábado (14), no Campus Uvaranas da UEPG.

Silvia aborda nesta entrevista exclusiva as expectativas para o evento, que reúne pesquisadores da UEPG, UTFPR, UFPR, Unicentro, representantes do Ministério do Meio Ambiente, Ministério Público, Prefeitura Municipal, estudantes de graduação e pós-graduação, além de organizações não governamentais e entidades privadas. Criado em 2002, o Fórum é promovido pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU).

A palestra de abertura teve como tema o Plano Nacional de Arborização Urbana, projeto de iniciativa do Governo Federal. A professora falou também sobre a arborização em Ponta Grossa e a expectativa de um  planejamento efetivo por parte do poder público municipal. “O poder público, no caso da Prefeitura, é o responsável. A partir do momento que ela tiver esse plano de arborização pronto, acho que facilita muito mais as ações para o futuro”.

A seguir, a entrevista completa da professora pesquisadora Sênior da UEPG, Silvia Meri Carvalho. 

PAUTA AMBIENTAL: Quais são as expectativas para o V Fórum Paranaense de Arborização Urbana que  acontece aqui em Ponta Grossa, coordenado pela senhora?

SILVIA MÉRI CARVALHO: A expectativa é bem boa, porque a gente vai discutir principalmente sobre o Plano Nacional de Arborização Urbana. Hoje está circulando no Governo Federal um projeto de lei, que é uma política nacional de arborização urbana e até um sistema nacional de arborização urbana. Isso, para nós, é muito bom, porque teria leis gerais, diretrizes gerais para arborização urbana. O que acontece hoje é que muitas vezes cada cidade vai fazendo mais ou menos como acha que poderia ser. E, a partir do momento que tem diretrizes gerais, disciplina um pouco mais e já norteia um pouco mais as ações das prefeituras, porque a arborização urbana é  responsabilidade municipal, isso em termos de legislação.

Os municípios são responsáveis por planejar, implantar, dar todo o manejo da arborização urbana. Existem algumas leis que amparam, como o próprio Estatuto da Cidade, a própria Constituição Federal, algumas legislações estaduais, municipais, mas é aquela coisa muito particular.

Nós vamos estar aqui com uma representante do Ministério do Meio Ambiente. Ela vai falar como está hoje a tramitação, quais são as expectativas deles em relação a isso. Além disso, temos uma gama variada de temas, desde questões mais específicas relacionadas à própria manutenção da arborização urbana, como, por exemplo, podas, como também os conflitos ambientais em relação à arborização urbana e aspectos, por exemplo, de dotações orçamentárias.

Vamos ter a presença de representantes do Ministério Público falando das experiências com taxas, em termos de ajuste de conduta e outras formas de captar recursos para trabalhar com a arborização urbana municipal. Vamos ter uma mesa sobre a percepção da população em relação à arborização.

Temos outra mesa sobre risco de queda, onde nós vamos ter especialistas e também o pessoal do IAT [Instituto Água Terra]. Então, tem um envolvimento tanto do Poder Público, quanto do terceiro setor, das instituições de ensino superior, alunos, profissionais dessa área ligados à arborização, engenheiro florestal, biólogo, geógrafo, engenheiro agrônomo e  grupo da área técnica.

O primeiro Fórum foi realizado em 2002, em Maringá. Desde 2019, o evento começou a ser mais frequente. Como a senhora observa a necessidade de ampliar esses debates sobre a arborização urbana? 

Isso, na verdade, já é o reflexo de uma ação anterior, porque hoje todos os municípios do Paraná são obrigados, pelo Ministério Público, a fazer seus planos municipais de arborização urbana. Isso começou em 2012. Eles lançaram, em 2012, um manual para elaboração, atualizado em 2018.

Na verdade, esse movimento já começou antes. Acredito que essa periodicidade maior, a partir de 2019, foi justamente em função desse movimento. Porque, se você precisa fazer os planos de arborização, você tem que estar falando a mesma língua. E onde você vai conseguir, já que a gente não tinha legislação para isso? É justamente nesses fóruns, nesses locais de debate, que você consegue discutir alguns problemas, que consegue estabelecer algumas diretrizes, algumas linhas de ações mais uniformes, vamos dizer assim.

Acredito que, em função disso, é que o pessoal se mobilizou um pouco mais. Me parece que agora eles já estavam trabalhando numa terceira versão deste manual. Então, era para sair ano passado, não saiu. Não sei se talvez esse ano saia uma atualização, porque eles têm todo um roteirinho para as prefeituras seguirem, justamente para poder fazer um trabalho adequado.

A gente observa a importância da comunidade acadêmica estar envolvida em debates como esses. Como a senhora avalia o envolvimento das/dos estudantes na questão?

Vejo com bons olhos e estou muito otimista porque cerca de 70% do nosso público já inscrito são alunos. A gente vê que os alunos estão interessados, eles querem discutir. Procuramos divulgar também para os alunos do Colégio Agrícola que, embora seja um outro nível de ensino, também estão envolvidos com isso, com a arborização urbana. Creio que vai ser uma oportunidade muito boa dos alunos não só interagirem com profissionais que trabalham nessa área, professores, como também manifestarem em relação ao que eles pensam.

Como a senhora observa o papel da universidade nas ações de arborização na cidade? 

O papel essencial da universidade é justamente responder às demandas da sociedade. É o processo de extensão. É a extensão funcionando na sua melhor forma. Porque a universidade tem essa condição de fornecer à sociedade às informações científicas e, ao mesmo tempo, através da extensão, levar até eles. Porque não adianta produzirmos conhecimento importante, interessante, mas se eles ficam dentro da universidade e discutidos apenas com seus pares.

A partir do momento que você extrapola os muros da universidade e leva para a população a importância da arborização, qual é a árvore certa para você plantar, quais são as ações mais corretas em relação à árvore quando ela está crescendo, se desenvolvendo, a importância ecológica dessas árvores, é importante levar para a população essas informações.

Dados do IBGE de 2025 indicam que 40% da população de Ponta Grossa moram em ruas sem árvores. Qual a opinião da senhora sobre isso? 

É um pouco complicado esses dados do IBGE, porque eles levantam assim: se tiver uma árvore na rua, eles consideram arborizada. Isso é complicado, porque uma árvore só na rua não traz o benefício que deveria, muito pouco. Acho até mais complicado ainda dizer que você só tem uma árvore na sua rua e ela é arborizada.

E esse era o parâmetro que eles usavam. Então, eles chegaram nos últimos censos a dizer que estavam com mais de 50%, 60%. Não, não é isso. 50% ou 60% arborizada com pelo menos uma árvore. Isso que eles deveriam ter complementado para ficar a informação mais completa.

Nós fizemos um levantamento em 2019, numa orientação de mestrado, com imagem de satélite. É uma estimativa, porque com a imagem de satélite, você  vai olhar de cima e vai supor que são tantas árvores que tem ali. Por que eu digo supor? Porque quando olha de cima, pode ter, como nós temos aqui na lateral do campus central, várias árvores, uma do ladinho da outra.

Quando olha de cima, às vezes você enxerga uma copa, mas quando vem a campo, você vê que são duas árvores. Uma muito perto da outra, as copas se confundem. Fizemos um levantamento, uma estimativa de 28.925 árvores só nas ruas públicas, só nas vias públicas de Ponta Grossa. Arredondo para 29 mil para ficar mais fácil, teríamos 29 mil árvores na área urbana de Ponta Grossa.

E aí as pessoas me perguntam, isso é pouco ou isso é bastante? Isso é pouco. Ainda não é o valor ideal. Mas como é que eu sei quanto poderia ter? Existem algumas metodologias que podem ser utilizadas para calcular o número de árvores por quadra, por exemplo. Considerando a extensão da quadra, a largura da calçada e algumas distâncias que devem haver entre a árvore e alguns equipamentos públicos.

Por exemplo, recomenda-se que tenha 12 metros de distância de um semáforo para daí começar a ter a primeira árvore, porque senão essa árvore pode obstruir a visão.  Recomenda-se que deixe cinco metros de distância da esquina para a primeira árvore que você plantar. Se eu tenho uma quadra, tenho cinco metros numa esquina e cinco metros no outro.

Aí, se recomenda que deixe três metros de distância da garagem, porque, às vezes, o que você vê? A pessoa planta ali na saída da garagem e tem dificuldade para entrar, manobrar o carro. Distância de dois metros de poste, de bueiro. Nós fizemos esse cálculo e chegamos a um número, fizemos uma estimativa para uma quadra de 100 metros só para a gente ter uma ideia.

Dentro de 100 metros de distância numa quadra, poderia ter uma área útil de mais ou menos 59 metros de área útil para plantar árvores. Porque os outros 41 metros estariam envolvidos nessas distâncias que você tem que deixar. O semáforo, a esquina, as garagens, os bueiros, postes etc..

Sobrariam 59 metros. Quantas árvores eu posso colocar em 59 metros? Depende do porte da árvore. Se for uma árvore de grande porte, você tem que deixar uma distância entre árvores de grande porte, 12 metros. Entre árvores de médio porte, 10 metros. E distância de árvores com pequeno porte, oito metros. Como nós não tínhamos ideia da largura das calçadas aqui de Ponta Grossa, porque essa informação a gente não tinha disponibilizado pela Prefeitura, nós fizemos a média.

Vamos pegar, então, a de 10. Não é nem o 12 nem o oito, pegamos 10 metros de distância. Então, seriam 59 metros divididos pelos 10 metros de distância. Daria 5,9. Não existem 5,9 árvores. Ou tem cinco ou tem seis, arredondamos para seis. Então, numa distância de 100 metros de uma quadra, você poderia ter seis árvores de médio porte numa distância de 10 metros cada uma delas. Se tivesse pequeno porte, poderia ter um número maior.

Se tivesse grande porte, seria um número menor. E isso também dependeria da largura da calçada, porque não se recomenda que em calçadas estreitas tenham árvores. Então, teria que ter pelo menos dois metros de largura uma calçada para poder comportar uma árvore de pequeno porte. Quanto mais larga a calçada, maior seria o porte da árvore que você pode ter.

Então, esse dado de 40% é muito mais escasso?

Se nós temos 29 mil árvores, nós fizemos essa estimativa que poderia, com esses cálculos, chegar a 64 mil. Nós teríamos um déficit de 35 mil árvores em Ponta Grossa. E isso é uma estimativa. Se você pegar dados de calçadas, tiver essa informação para cada uma das vias, esse número pode diminuir, porque, se a calçada for estreita, já não dá para colocar. Você poderia me perguntar, poxa, então não dá para colocar na calçada, o que a gente vai fazer? Incentivar parques e praças, você adensa a arborização e também nos quintais das casas. As casas que têm quintais grandes o suficiente podem colocar algumas árvores ali.

E quanto à arborização das praças aqui de Ponta Grossa? 

Fizemos um levantamento até 2014. Já faz 11 anos. Poderia fazer uma atualização. Mas, na época, nós tínhamos umas 2.500 árvores em todas as praças de Ponta Grossa, que eram em torno de 120, se não me engano, não lembro exatamente o número das praças. Na verdade, várias dessas praças não são praças, são retalhos urbanos, são rotatórias que o pessoal chamou de praça, é um triangulozinho de circulação que chamaram de praça. Então, ainda tinha potencial para adensar mais, e depois foram criadas outras praças. Teria que atualizar esse valor, mas ainda nós tínhamos potencial para colocar árvores em praças. Parques não temos muitos. Mas a gente tem remanescentes florestais, como Boca da Ronda, Margherita Masini, perto do 13 BIB [Batalhão de Infantaria Blindado] e na região da Chapada.

Sobre a arborização no Lago de Olarias, parece que as plantas e as árvores têm uma função muito mais estética que ambiental, é isso mesmo?   

Quando foi construído o Lago, foi colocada toda a arborização, mas eram plantas pequenas. Precisamos também pensar nisso: tem que dar o tempo da planta se desenvolver. Normalmente, o que tem que ter para conseguir já ter árvores de um grande porte? Um viveiro. E a gente não tem um viveiro, nós temos um horto. Antigamente tinha viveiro.

Um horto não tem a função de cultivar as espécies, só de ser uma área transitória para passar por ali e já ser distribuído. Aí, se tivesse um viveiro, aí sim cultivaria árvores de maior porte. O ideal, a recomendação mínima é pelo menos 1,80 metro que tenha altura para colocar na arborização urbana. Hoje, o pessoal já está indicando até 2,20 metros, justamente para evitar que seja depredado, vandalizado, quebrado. No Lago de Olarias, é só esperar mais um pouquinho que elas já vão crescer, elas já vão dar bastante sombra.

O pessoal falava muito mal do Parque Ambiental. Ah, porque é um parque de cimento, porque não tem árvores. Quando ele foi feito, também eram muitas pequenas. Hoje, você vê ali áreas quase com túneis, naquela pista de caminhada. Claro, porque daí cresceu, já faz tempo.

Então, tanto o Parque Ambiental quanto o Lago de Olarias, a senhora avalia que a arborização está correta mesmo, que é só dar o tempo e esperar?

Cabem mais! Nós temos potencial de adensamento, mas, principalmente no caso do Lago de Olarias, tem que esperar um pouquinho, dar um tempo para elas crescerem. Aí, daqui um tempo, uns dois, três anos, você volta lá e fala: A professora tinha razão, já está todo arborizado, já tem sombra.

E qual região aqui de Ponta Grossa a senhora acredita que tem mais arborização?

A região de Uvaranas tem bastante, a região da Boa Vista, Contorno. Onde tem menos é a área central, o bairro Neves também não tinha muito, Vila Estrela, mais ou menos. Então, são alguns locais que tem mais e outros menos, mas principalmente o Uvaranas, Contorno, Chapada, Boa Vista têm bastante árvores.

A senhora poderia falar sobre a educação ambiental, seja para as comunidades, associações, escolas fundamentais e ensino básico, e o quanto a educação ambiental  deveria ser intensificada?  

Com certeza. Não pode ser deixado de lado isso, porque a criança é um multiplicador para a sua família, para o seu entorno. E ela vai ser o futuro adulto.

Ela vai ser o futuro prefeito, o futuro professor, agrônomo, geógrafo, biólogo. É importante desde cedo essa educação ambiental, para que essa sensibilização se torne depois uma conciliação ambiental por ela mesma.

Um aluno meu, que fez mestrado agora, trabalhando com serviços ecossistêmicos, fez uma investigação no bairro de Uvaranas e uma entrevista com vários moradores, para tentar sentir e ver se as pessoas percebiam esses serviços ecossistêmicos. Então, o que a gente vê? Os serviços ecossistêmicos mais percebidos são esses fornecidos através dos serviços microclimáticos, que é a sombra refrescar no verão, os passarinhos. As pessoas associam muito a questão à presença das abelhas, dos passarinhos, das borboletas ali.

Mas muitas dessas pessoas manifestam essa valorização da árvore. Entendem que a árvore é importante, mas elas não querem a árvore na frente da casa delas. Por quê? Porque tem sujeira, cai a folha,  cai o fruto, cai a flor, ou porque a pessoa tem um grande temor que essa árvore caia, por exemplo, em cima do telhado da casa, ou em cima da garagem, ou em cima do seu carro.

Muitas vezes, esse benefício é ofuscado por esse temor de que a árvore possa cair. E isso acontece por quê? Pela falta de manutenção. Se você planta uma árvore corretamente, da forma correta, tem a manutenção, você acompanha até ela chegar numa fase mais adulta, fazendo as podas etc..

Isso provavelmente não vai acontecer. Mas agora, se você planta uma árvore e deixa que ela se desenvolva por ela mesma e que ela se vire, vamos dizer assim, é óbvio que você vai ter mais possibilidades de ter prejuízos.

Um outro trabalho de mestrado também, que um aluno acabou de defender agora, inclusive ele vai estar numa das mesas, é sobre esses conflitos ambientais gerados a partir das árvores. Ele investigou os canais oficiais da prefeitura e pedidos que essas pessoas faziam, tentando identificar as motivações, por que eles faziam. E percebemos que muitos desses pedidos aconteciam logo em seguida aos grandes vendavais. São pouquíssimos os casos em que a população entra em contato com a Prefeitura para pedir para plantar. Normalmente é para podar ou para cortar. “A árvore na frente da casa do vizinho é ótima, na frente da minha eu não quero”. Eles têm essa consciência de que a árvore é importante, mas o problema é onde ela vai ser colocada.

E o que cabe ao poder público realizar? 

Tudo! O poder público tem que fazer. No caso das prefeituras, o poder público municipal é responsável, por lei, por fazer toda a proposição de onde plantar, o que plantar,  manter, fazer toda a manutenção, poda. Tudo isso é a prefeitura municipal que tem que fazer. Só que aí eles têm grandes dificuldades, porque a Secretaria de Meio Ambiente não cuida só da arborização urbana. Tem um leque enorme de assuntos.

Se não tem uma equipe, um número adequado de pessoas, não consegue dar conta disso. Tanto que a Prefeitura e nós fizemos um projeto, uma parceria. Trabalhamos dois anos fazendo o levantamento das árvores em alguns bairros. Levantamos sete bairros aqui em Ponta Grossa. Com trabalho em campo para poder justamente validar ou não aqueles dados que a gente tinha das imagens de satélite. E é muito complicado, porque eles disponibilizavam uma van para transportar os estagiários. Eu tinha os equipamentos e meus estagiários do laboratório.

Mas era complicado! Às vezes, não pode sair porque o motorista tem uma outra atribuição, uma outra atividade e a van vai ter que estar lá. Ou os estagiários vão estar envolvidos numa outra ação da secretaria. Ou então, porque está chovendo, não tem como sair.

Chegou um momento que ficou um pouco inviável e o próprio laboratório, que eu coordeno, não ia investir o dinheiro para fazer um trabalho que a Prefeitura precisa ter. E acabou que  eles conseguiram uma outra fonte de recurso maior e conseguiram contratar uma empresa especializada para fazer esse trabalho, que a gente estava fazendo voluntariamente, não cobrava nada. Mas no tempo que era possível.

Hoje eles já contrataram uma empresa para fazer esse levantamento para elaborar o plano de arborização. Esse plano tem várias etapas. A primeira delas, vamos dizer assim, o essencial, é o inventário. Você tem que ir para campo para saber o que tem e quais são as condições dessa arborização. Depois você faz um diagnóstico em relação a isso, para  saber se isso é suficiente ou não. Depois, você faz as diretrizes.

A partir desse quadro, dessa realidade, o que vou ter que fazer daqui para frente? A partir dessa realidade, quem tem que cuidar, como é que eu vou gerir, que recursos, de onde eu vou tirar esses recursos para fazer? Tenho uma equipe técnica capaz de fazer isso? Se não tenho, posso contratar? Ou eu deveria contratar? Quais são as ações que têm que ser feitas? De quanto em quanto tempo essas ações têm que ser feitas? Há uma série de questões que têm que ser apontadas dentro do plano de arborização urbana. Não é pouca coisa, né? Mas a Prefeitura está no caminho. Contratou uma empresa, está fazendo. E, se Deus quiser, daqui mais um ano, um ano e pouco, já terá esse plano pronto. E, a partir disso, eu creio que a situação da arborização urbana em Ponta Grossa, quero crer, vá melhorar.

No caso da Prefeitura, a partir do momento que ela tem esse inventário, esse diagnóstico da arborização, fica mais claro de que ações ela deve fazer para o futuro.

Na opinião da senhora, a Prefeitura de Ponta Grossa tem feito o trabalho de arborização na cidade ou não? 

A partir do momento que ela tiver esse plano de arborização pronto, acho que facilita muito mais as ações. O fato de contratar uma empresa para fazer o plano de arborização já é um passo bastante importante. Já demorou um pouco, já devia ter sido feito, mas estamos no caminho. Então, a Prefeitura está fazendo e é importante que isso seja feito, porque as próximas gestões que entrarem têm de seguir. O plano tem que ser seguido pela gestão municipal, independente de quem é o prefeito que está ali. A partir do momento que você diz de onde vai sair o recurso, o que tem que ser feito, onde tem que ser feito, não interessa quem entra depois. Tem que seguir.

Claro que um plano de arborização pode ser previsto para durar uns 20 anos. Mas a cada cinco anos tem que ser revisto. Assim como o plano diretor de uma cidade tem que ser revisto a cada 10 anos, o plano de arborização a cada cinco anos, para ver se aquelas ações de curto, médio prazo propostas, foram efetivadas, se tiveram o resultado esperado. E, se teve? Beleza! Agora vamos ter outras ações que vamos prever para o futuro.

Neste ano o Brasil vai sediar a COP 30, a Conferência das Partes da ONU sobre o Clima, em Belém do Pará, em novembro. Gostaria de saber se existem discussões previstas na UEPG ou entidades em Ponta Grossa relacionadas à COP 30.

Na verdade eu não vi muita coisa falando sobre isso. E, claro, existem situações pontuais de professores ou de profissionais que acabam indo participar. Mas, em termos mais sistematizados, eu não vi muita coisa, não. Eu mesma, por exemplo, não estou envolvida e nem vou, porque a COP é no Pará. Então já é um pouco mais complicado você se deslocar para uma área como essa.

Mas, com certeza, nós vamos ter isso em pauta, seja como um assunto principal ou um assunto secundário. Eu acredito que esse assunto deva ser tocado, de uma maneira ou de outra, deve ser tocado. Muitas vezes mais sobre a perspectiva da supressão de vegetação, do desmatamento, que também envolve a arborização urbana.

Sobre a iniciativa de um empreendimento imobiliário que pretendia cortar 5 mil árvores próximo ao Lago de Olarias para a construção de um condomínio residencial, qual seria o impacto ambiental para Ponta Grossa?

De imediato, é aquela questão de você suprimir a vegetação de uma área e deixá-la exposta às intempéries. Num segundo momento, a ideia de uma construção de um condomínio, você teria uma área mais impermeabilizada.

Então, mais escorrimento superficial e menos infiltração. Tudo isso vai contribuir lá na frente para um problema mais sério naquela região. Existe, naquela área, uma proposta de criação de uma APA da Bacia do Olarias, inclusive o professor Carlos Hugo [Rocha, Agronomia da UEPG], quem capitaneou todo esse estudo, vai estar numa das mesas do nosso evento, e vai estar falando um pouco a respeito desse projeto, da importância da criação dessa APA e da proteção dessa vegetação.

Acredito que seria bem interessante se você conseguisse falar com a professora Lia Antiquera, da UTFPR, porque ela é uma das pessoas que está capitaneando esse grupo que discute a respeito dessa supressão. Ela, inclusive, vai estar também no nosso evento,  na mesa sobre conflitos ambientais, e vai trazer à tona justamente essa experiência das 5 mil árvores lá. Por isso falei que a arborização urbana não é só arborização de vias públicas, não é só arborização de praça e parque, é arborização no contexto do modo geral.

E aí também mostra a dimensão do Fórum Paranaense de Arborização, com o número de pesquisadores que estudam as questões ambientais na cidade e região.

Vamos ter pesquisadores da UTFPR, UFPR, UTFPR de Dois Vizinhos, Unicentro e da UEPG, com os cursos de Agronomia e Geografia. É um público bem variado. Isso acho  importante, porque mostra diferentes pontos de vista de vários profissionais. Vai ter o pessoal que trabalha, por exemplo, com profissionais liberais, que têm empresas que trabalham com arborização urbana. E a Prefeitura, que atua na arborização urbana.

(Por Amanda Grzebielucka, estudante do 3º ano de Jornalismo da UEPG, sob a orientação da professora do Curso de Jornalismo da UEPG, Hebe Gonçalves, coordenadora do Serviço de Extensão Pauta Ambiental e em parceria com o Portal Mareli Martins)

Prefeitura amplia participação popular no Plano Municipal de Arborização e reforça convite à população


Moradores podem responder perguntas e sugerir novas ações ao Governo Municipal.

A Prefeitura de Ponta Grossa, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, está reforçando o convite para que a população participe do Estudo de Percepção do Plano Municipal de Arborização Urbana (PMAU). A pesquisa tem como objetivo reunir informações e opiniões dos moradores sobre o cenário atual da arborização na cidade, auxiliando na construção de ações mais eficientes para o plantio, manutenção e manejo de árvores em Ponta Grossa.

Desde o lançamento do formulário digital, a pesquisa já recebeu mais de 450 respostas de moradores de diversas regiões da cidade. No entanto, alguns bairros ainda registram baixa participação, como Chapada, Nova Rússia, Piriquitos, Ronda e Boa Vista. A expectativa da Secretaria de Meio Ambiente é atingir ao menos mil respostas para garantir maior representatividade no diagnóstico.

“O envolvimento da comunidade é fundamental para que o PMAU reflita a realidade dos nossos bairros e promova melhorias efetivas na arborização urbana. Queremos ouvir mais moradores, especialmente daqueles bairros que ainda participaram pouco até o momento”, explica a secretária municipal de Meio Ambiente, Carla Kritski.

A pesquisa está disponível por meio do link https://forms.office.com/r/MzwqD6ERBP e também pode ser acessada por banner na homepage do site da Prefeitura de Ponta Grossa. São 21 perguntas, incluindo questões sobre o bairro de residência, perfil do respondente, percepções visuais de áreas com e sem arborização, além da possibilidade de deixar sugestões e se cadastrar para futuras audiências públicas do PMAU.

“O PMAU será um instrumento essencial para organizar o crescimento verde da cidade de forma sustentável e segura. E essa participação popular é o que vai dar ainda mais legitimidade e efetividade ao trabalho”, complementa a secretária municipal.

(Com informações da Prefeitura de Ponta Grossa)

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