Investigação aponta desvio de salários dos estagiários da Câmara de Ponta Grossa
A Polícia Civil do Paraná, por meio do 2º Distrito Policial de Ponta Grossa, concluiu as investigações sobre um esquema de desvio dos salários de estagiários da Câmara de Vereadores de Ponta Grossa. A investigação aponta “apropriação indébita envolvendo recursos destinados ao pagamento de bolsas de estágio da Câmara Municipal”.
O delegado Derick Moura Jorge, responsável pelas investigações, explica que o suspeito é o responsável pela empresa contratada para administrar o programa de estágios do órgão público.
“Segundo as investigações, a empresa, representada por um homem de 62 anos, recebeu R$ 60.860,60 em 27 de maio de 2025 para o pagamento de 43 bolsas de estágio referentes ao mês de maio. No entanto, deixou de repassar R$ 20.059,25 correspondentes a 13 bolsas de estágio, prejudicando diretamente os estudantes beneficiários”, detalhou.
Ainda de acordo com o delegado, durante as investigações e mesmo após notificação oficial da Câmara Municipal e interrogatório policial, a empresa realizou apenas repasses parciais.
O inquérito foi encerrado nesta quinta (17) e, até então, seis estagiários ainda não haviam recebido suas bolsas, totalizando R$ 9.258,12 em valores retidos, afirma.
O empresário foi indiciado pelo crime de apropriação indébita, cuja pena varia de um a quatro anos de prisão, mais multa. Ele também teve contas bancárias pessoais e da empresa bloqueadas, além de restrições para alienação de veículos, visando garantir o ressarcimento dos valores apropriados.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que agora avalia se oficializa, ou não, a denúncia criminal à Justiça.
O nome do suspeito não foi divulgado. A Polícia Civil ressalta que não pode repassar a identidade de pessoas presas e/ou investigadas devido à lei de abuso de autoridade.
Delegado Derick Moura Jorge detalha o caso
Câmara de Ponta Grossa se pronuncia sobre caso de desvio de verbas para estagiários
A Câmara Municipal de Ponta Grossa se pronunciou sobre o indiciamento da empresa que geria seu programa de estágios, após desvio de verbas destinadas a bolsas. Em nota, a Câmara afirmou que já vinha fiscalizando o contrato desde o início e que aplicou “mais de três notificações pelo descumprimento de cláusulas contratuais, em especial pelo atraso no repasse dos valores de bolsa estágio.”
A instituição esclareceu que a responsabilidade pelos pagamentos era da empresa e que a Câmara “manteve-se assídua com os pagamentos junto a empresa que era contratada”. O não repasse das bolsas de maio de 2025 aos estagiários foi a quarta notificação, levando à rescisão contratual e penalização da empresa, conforme a Lei Federal nº 14.133/2021.
A Câmara enfatizou que sua prioridade é o “zelo e respeito junto aos estagiários contratados”, que foram “extremamente prejudicados”. A instituição confirmou que “pagou integralmente os valores junto à empresa referentes a folha de maio de 2025”.
Diante do ocorrido, a Câmara registrou um Boletim de Ocorrência, resultando no inquérito policial e no indiciamento do responsável. Para evitar futuros problemas, a Câmara realizou uma nova licitação, e o novo contrato, 011/2025, prevê que “a obrigatoriedade de repasses dos valores da Bolsa Estágio e, também, do auxílio transporte, será da própria Câmara Municipal”.
Por fim, a Câmara informou que “todos os estagiários e estagiárias foram recontratados”, garantindo que receberão seus valores em dia, e manifestou “total solidariedade” aos estagiários prejudicados.
Com a colaboração de Levi de Brito Cantelmo, estagiário de Jornalismo, conforme convênio de estágio firmado entre o Blog da Mareli Martins e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
