Close
Paraná POLÍTICA

Após confessar corrupção, CCR volta administrar rodovias do Paraná

Após confessar corrupção, CCR volta administrar rodovias do Paraná
  • Publishedmaio 15, 2025

 

Placa da CCR admitindo corrupção, Pedido desculpas veio depois da Operação Integração.

Pouco mais de três anos é o tempo que separa a declaração da CCR (CCR Rodonorte) confessando corrupção e a licitação em que empresa ganhou novamente a concessão de rodovias do Paraná, em dezembro de 2024. A CCR administrou os pedágios do Paraná durante 24 anos e teve muita corrupção. Esse esquema foi descoberto no âmbito da operação Integração, derivada da Lava Jato, e que culminou em um acordo de leniência assinado em 2019 pela CCR e pelo Ministério Público Federal (MPF) no Paraná.

A CCR foi uma das empresas que confessou que cometeu corrupção e ainda colocou uma placa ao entorno das rodovias do Paraná pedindo “perdão pela corrupção”.

E na próxima sexta-feira (16) a  CCR PRVias, do grupo CCR, inicia as suas operações nas rodovias do Paraná. A empresa será responsável pela concessão de 569 quilômetros de rodovias.

No chamado Acordo de Leniência, a empresa teve o perdão do Judiciário e devolveu uma “merreca” em obras e “desconto” na tarifa, perto do que roubou. A antiga RodoNorte se comprometeu a pagar R$ 715 milhões em pouco mais de dois anos entre o acordo e o fim da concessão, em novembro de 2021. Parte desse montante foi usado para a execução de obras e o restante para a redução de 30% da tarifa de pedágio. E depois de um ano, subiu a tarifa de pedágio em 42%.

Em 2022, a empresa firmou um acordo judicial com o estado, via Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), para liquidar o contrato entre as partes — o valor foi atualizado para R$ 856 milhões. Como a concessão já havia terminado, o governo do Paraná indicou algumas obras necessárias fora do antigo escopo da RodoNorte, como a duplicação de 5,8 quilômetros da PR-151 entre Ponta Grossa e Palmeira — a obra começou em setembro deste ano.

 As operadoras do pedágio do antigo Anel de Integração arrecadaram quase R$ 10 bilhões de forma indevida, incluindo erros de cálculos nos pedidos anuais de reajuste ou aplicação do chamado degrau de pista dupla para trechos que, efetivamente, não foram duplicados. Só a RodoNorte teria sido beneficiada com R$ 6,4 bilhões.

E pra fechar a injustiça com o povo do Paraná, em 2022, um acordo firmado entre o Ministério Público Federal (MPF), o Governo do Estado do Paraná, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), a Agência Reguladora (Agepar) e a Rodonorte, libera a pedageira de uma dívida de mais R$ 5 bilhões com os usuários do Paraná. No acordo homologado pela Justiça Federal do Paraná, na última quarta-feira (07), o valor declarado como ‘devido’ pela empresa foi de apenas R$ 321.223.158,92 (trezentos e vinte e um milhões, duzentos e vinte e três mil, cento e cinquenta e oito reais e noventa e dois centavos).

Além de obras não realizadas, a Rodonorte participou do esquema de corrupção nos pedágios do Paraná, investigado pela Operação Integração, coordenada pelo Ministério Público Federal do Paraná. A Rodorte confessou a corrupção e chegou a colocar placas nas rodovias do Estado, pedindo perdão por ter roubado os paranaenses. As outras concessionárias também confessaram a corrupção. Além das placas, a corrupção foi confirmada no acordo de leniência firmado entre as concessionárias e o MPF.

A dívida das seis pedageiras com o Estado passa de 10 bilhões de reais em obras não realizadas. Deste montante, só a Rodonorte era devedora de mais de R$ 6,4 bilhões.

Além disso, com o acordo, a Rodonorte não fará a duplicação total da PR-151, em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. E simplesmente acordou em duplicar um pequeno trecho, que envolve o entroncamento com a PR-438, sentido Palmeira, no acesso ao aeroporto Sant’Ana.

Vale dizer que todas as empresas que possuem concessão de pedágio no Paraná estão envolvidas em corrupção: Viapar, Rodonorte, Econorte e as empresas do Grupo CR Almeida, Ecocataras, Caminhos do Mar e Ecovia.

 

Veja quanto cada concessionária recebeu a mais (deve para o Paraná – aproximadamente, segundo o MPF)

Rodonorte: R$ 6,4 bilhões
Ecocataratas: R$ 1,4 bilhão
Caminhos do Paraná: R$ 1,1 bilhão
Econorte: R$ 744,9 milhões
Viapar: R$ 202,7 milhões

 

VEJA DIVULGAÇÃO DO ACORDO FEITA PELA JUSTIÇA DO PARANÁ

https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_noticia=26554

 

A NOVA CONCESSÃO DA CCR

A partir da meia-noite desta sexta-feira (16), a concessionária CCR assume oficialmente a gestão do Lote 3 das rodovias pedagiadas no Paraná. O trecho sob responsabilidade da empresa abrange 569 quilômetros e inclui sete rodovias que cortam o Norte do Estado: BR-369, BR-373, BR-376, PR-170, PR-323, PR-445 e PR-090. Essas vias são estratégicas por conectarem a região norte à BR-277, principal acesso ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense.

O contrato prevê um investimento de R$ 16 bilhões ao longo da concessão, com obras de duplicação em 132 quilômetros, implantação de 25 quilômetros de faixas adicionais, 24 quilômetros de passarelas e dois pontos de parada para motoristas profissionais.

A concessionária CCR S/A venceu a disputa pelo Lote 3 do Sistema Integrado de Rodovias do Paraná. O resultado foi divulgado em dezembro de 2024, pela Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O desconto para a tarifa básica de pedágio ofertado pela empresa foi de 26,6%.

Quatro rodovias estaduais e três federais que passam por 22 cidades do estado ficarão sob administração da empresa por 30 anos. A previsão é de que a vencedora assuma as rodovias a partir de 2025.

 

TARIFAS

Segundo o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, neste primeiro momento não haverá cobrança de pedágio. A tarifação deve começar em cerca de 60 dias, mas os valores ainda não foram definidos. Na PR-445, por exemplo, estão previstas duas novas cobranças em Londrina/Tamarana e Mauá da Serra.

 

Investimento

Como contrapartida, a concessionária terá que fazer investimentos no total de R$ 16 bilhões. Os valores deverão ser aplicados na duplicação de 132 quilômetros, e na construção de 25 quilômetros de faixas adicionais, 22 passarelas, 24 quilômetros de ciclovias e dois pontos de paradas para motoristas profissionais.

O lote inclui 569 quilômetros das rodovias BR-369, BR-373, BR-376, PR-170, PR-323, PR-445 e PR-090, dentro da Malha Norte. Os trechos fazem a ligação da região norte do estado com a BR-277, até o Porto de Paranaguá, no litoral.

Lista de cidades atendidas pelo trecho:

  • Sertaneja
  • Sertanópolis
  • Londrina
  • Cambé
  • Ibiporã
  • Tamarana
  • Mauá da Serra
  • Marilândia do Sul
  • Califórnia
  • Apucarana
  • Arapongas
  • Cambira
  • Jandaia do Sul
  • Mandaguari
  • Ortigueira
  • Imbaú
  • Faxinal
  • Tibagi
  • Ipiranga
  • Ponta Grossa
  • Palmeira
  • Balsa Nova

Empresa fala sobre nova concessão

A CCR PRVias, uma empresa Motiva da CCR, inicia a operação a partir da zero hora desta sexta-feira (16 de maio) administrando 569 quilômetros de rodovias no Paraná, abrangendo trechos da BR-369, BR-373, BR-376, PR-090, PR-170, PR-323 e PR-445. Os clientes terão disponíveis uma frota de 60 viaturas, dentre as quais 13 de inspeção de tráfego, sete guinchos leves, cinco guinchos pesados, quatro caminhões-pipa para combate a incêndios, três viaturas para captura de animais, três veículos para supervisão de pista e 12 ambulâncias de atendimento pré-hospitalar (APH), das quais quatro são Unidades de Suporte Avançado (USA).

Além disso, 13 bases do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) estarão em funcionamento 24 horas por dia, oferecendo apoio direto a motoristas, pedestres e caminhoneiros com estrutura de internet, telefonia, banheiros, água potável e totens de atendimento. Um número 0800 e um aplicativo complementarão o canal de comunicação com os usuários, com informações em tempo real sobre as condições das vias.

O início das atividades também será marcado pela execução dos serviços iniciais, um conjunto de ações estruturantes voltadas à recuperação da malha viária e da sinalização, reforço da segurança e aprimoramento do atendimento aos usuários.

Ao longo dos próximos 30 anos de concessão estão previstos investimentos de R$ 14,7 bilhões em serviços, obras de ampliação, modernização e tecnologia. O pacote contempla a implantação de faixas adicionais, contornos em áreas urbanas, ciclovias, novas passarelas e soluções inovadoras para reforçar a segurança e a fluidez no tráfego das rodovias paranaenses.

A CCR PRVias é responsável pela concessão de 569 quilômetros de rodovias no estado do Paraná e abrange 21 municípios nas rodovias BR-369, BR-376, BR-373, PR-445, PR-170, PR-323 e PR-090. O investimento ao longo de 30 anos será de R$ 14,7 bilhões em obras de melhorias de infraestrutura viária, como contornos, duplicações e faixas adicionais, além da operação.

É a maior empresa de infraestrutura de mobilidade do Brasil, atua nas plataformas de Rodovias, Trilhos e Aeroportos. São 39 ativos, em 13 estados brasileiros e 16 mil colaboradores. A Companhia é responsável pela gestão e manutenção de 4.475 quilômetros de rodovias, realizando cerca de 3,6 mil atendimentos diariamente. Em Trilhos, por meio da gestão de metrôs, trens e VLT, transporta anualmente 750 milhões de passageiros. Em Aeroportos, com 17 unidades no Brasil e três no exterior, atende aproximadamente 45 milhões de clientes anualmente. Foi a primeira empresa a abrir capital no Novo Mercado da B3 e compõe há 14 anos o hall de sustentabilidade da B3.

 

CCR abre em 2025 filial CCR PRVIAS para administrar pedágios do PR

 

O governador Ratinho Junior (PSD), no palco da B3, em dezembro de 2024, enalteceu o trabalho da empresa nos aeroportos paranaenses, evidenciando investimentos feitos na primeira fase da concessão, e devolveu a gentileza ao dizer ser “um motivo de alegria ter novamente vocês [CCR] como prestadores de serviços.”

A fala de Ratinho Jr foi diferente daquela adotado em abril de 2021 e durante a campanha eleitoral de 2022, quando o governo do estado estava montando a modelagem das concessões atuais. “O Paraná foi, desculpe a expressão, estuprado, nos últimos 24 anos, por esse modelo de pedágio. Eu não vou admitir mais isso”, disse o govenador na ocasião.

Em entrevista coletiva após o leilão do lote 3, o governador falou que a CCR retorna ao estado em outro momento: “pagaram na Justiça todo o erro que aconteceu e juridicamente estão aptos a poder voltar”. De acordo com Ratinho Junior, o leilão na B3 dá transparência ao processo e deixa a empresa sob constante fiscalização. “O que queremos é a boa prestação de serviços e que o contrato seja honrado e cumprido”, afirmou.

 

Matérias relacionadas

CCR vence leilão do Lote 3 dos pedágios do PR: empresa confessou corrupção no passado – Mareli Martins

“O acordo de leniência além de suprimir obras, garante a impunidade para a CCR Rodonorte”, diz deputado Romanelli – Mareli Martins

CCR Rodonorte assume pagamento de propina a políticos e terá que reduzir em 30% as tarifas de pedágio – Mareli Martins

Sem “pedágio de cincão”, Lula e Ratinho Jr assinam lotes 3 e 6 dos pedágios do PR – Mareli Martins

Vencedora do lote 3 dos pedágios do PR não entregou obras e população pagará novamente pelas mesmas obras – Mareli Martins

“Modelo de pedágio será tão ruim quanto o do Lerner”, diz Romanelli – Mareli Martins

Ratinho Jr defende modelo com pedageiras corruptas: povo vai pagar pelas mesmas obras não realizadas – Mareli Martins

Justiça faz acordo com Rodonorte e abre mão de R$ 5 bilhões que pedageira deve ao Paraná – Mareli Martins

Deltan rebate Romanelli: “isso é piada, descobrimos a corrupção dos pedágios e ele quer retaliar” – Mareli Martins

“Deltan livrou a cara das pedageiras do Paraná com acordo de leniência”, diz Romanelli – Mareli Martins

“Deltan livrou a cara das pedageiras do Paraná com acordo de leniência”, diz Romanelli – Mareli Martins

Justiça Federal determina que Rodonorte deposite caução de R$ 100 milhões para garantir duplicação da PR-151 – Mareli Martins

PEDÁGIO NO PARANÁ FICARÁ 30% MAIS CARO EM SETE PRAÇAS A PARTIR DE QUARTA (14) – Mareli Martins

Modelo de nova concessão pode favorecer concessionárias corruptas de pedágio que já atuam no Paraná – Mareli Martins

 

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *